Programação continua durante esta sexta-feira(12/08) e conta com debate com os pré-candidatos ao governo do Estado
Por Samara Oliveira e Daniele Figueiredo em 12 de agosto às 11h06
Na tarde desta quinta-feira (11/08), o encerramento do segundo dia do 1º Congresso Internacional Falando Sobre Segurança Pública na Maré contou com uma intervenção artística para o lançamento dos Dados do Boletim de Monitoramento e Enfrentamento às Violências na Maré. Os integrantes dos grupos Núcleo 2 da Escola Livre de Dança da Maré e do Projeto Nenhum a Menos compareceram aos palcos segurando cartazes com alguns dos dados levantados no boletim. “263 pessoas atendidas pela Redes da Maré sofreram 47 violências”, “MULHERES são as maiores vítimas de violência”, “Violência física: 186 casos”, “173 casos de violência psicológica”, foram alguns.
Em seguida, a atriz Mariana Motta, de 23 anos, dá o primeiro grito de basta: “Não vão mais nos calar!” e os outros atores seguiram repetindo os dados até o momento que Marina ressalta sobre a importância de denunciar a violência contra mulher através do 180 e outras violações dos direitos humanos no Disque 100.
Após a intervenção, Suelen Araújo (35), advogada do Eixo Direito à Segurança Pública e Acesso à Justiça, leu um dos relatos do boletim que evidenciam a desigualdade das leis quando se trata de corpos de mulheres da periferia. No relato, a advogada lê emocionada a história de uma mulher atendida pela Redes da Maré que foi até a delegacia prestar queixa após ter sofrido violência física e sexual. A vítima tinha se sentido acolhida e amparada pela lei até o momento que informou ser moradora da Maré e ouviu do agente “Lá onde você mora esse documento (medida protetiva) não vai ter muita serventia, porque a fiscalização não entra lá”.
Em entrevista para a equipe do Maré de Notícias, Suelen falou sobre a importância do boletim para as mulheres vítimas de violências, além das agressões físicas. “O lançamento do boletim é importante para dar visibilidade pro território, para um tipo de violência que é normalizado, né? As pessoas entendem como natural alguns tipos de violência, as mulheres não sabem por exemplo, que uma violência moral, um xingamento, quebrar alguma coisa, que isso é uma violência também. E eu acho que visibilizar aqui num território não é atravessado só por questões de segurança pública, só pela guerra às drogas é importante”, disse.
A atriz Marina Alves (24), que participou da intervenção, também trouxe suas perspectivas enfatizando o Centro de Artes da Maré (CAM) como um espaço importante para o debate. “É bom ter um local como o Centro de Artes da Maré para a gente conseguir comunicar essas coisas dentro da comunidade, para quem está estudando aqui, para quem está trabalhando ou para quem está vindo se informar e saber mais sobre territórios, né? Eu me senti com voz. Comunicamos fatos, dados verdadeiros e de certa forma conscientizando as pessoas que estavam presentes assistindo”, contou.
Marina Motta, complementou: “Como uma mulher preta que já passou por violência física e psicológica, eu acho que é essencial a gente levar essa mensagem para outras mulheres para que a gente possa dar força para se libertar, para denunciar e sobretudo para se curar e se ajudar”.
O Boletim de Monitoramento e Enfrentamento às Violências na Maré está disponível no site da Redes da Maré. O evento que estreou na última quarta-feira (10/08) segue com a programação nesta sexta-feira (12/08). Confira a programação aqui.