Conheça coletivos que realizam campanhas de solidariedade por um Natal mais feliz nas favelas
Por Samara Oliveira
O Natal é uma festa que representa amor, solidariedade, perdão e harmonia, e isso se concretiza o ano inteiro pelas ações de gente como Rafael Lima, Jeferson Costa, Rosângela Mello, Silvia Regina e Alusca Cristina. Através de coletivos e projetos que se empenham em fazer a vida das pessoas do conjunto de favelas da Maré um pouco melhor.
Com ações durante todo o ano, as iniciativas ganham ainda mais força em dezembro, com ceias coletivas, apadrinhamentos e a chegada de novos engajados para somar esforços. Nesta edição, o Maré de Notícias apresenta alguns desses coletivos, projetos e voluntários que fazem a diferença.
Maré Solidária
Fundado em 2017 por Rafael Lima, de 34 anos, o projeto Maré Solidária tinha como público-alvo a população idosa da Maré. No entanto, enxergando também as demandas de outros públicos, ele expandiu suas ações para gente de todas as idades. Entre os serviços prestados pelo coletivo durante o ano estão assessoria jurídica, distribuição de quentinhas para população em situação de rua, serviços básicos de saúde com aferição de pressão e glicose, festa do Dia das Crianças, distribuição de fraldas geriátricas e empréstimos de muletas, cadeiras de rodas e de banho.
Para o fim de ano, o Natal Solidário arrecada e distribui brinquedos para crianças previamente mapeadas. “Às vezes as doações não conseguem chegar em alguns pontos porque a Maré é muito grande, aí vamos de carro até esses locais. Assim fazemos os brinquedos chegarem às mãos da molecada”, explica Rafael.
Mais informações, doações ou ajuda:
Instagram: @maresolidaria_sejaluz
Espaço Tijolinho
Jefferson Costa, de 28 anos, é mais conhecido como Shaolin nas aulas de jiu-jitsu que ministra no projeto no Tijolinho, na Nova Holanda. Ele olhou além dos tatames onde treinam os 200 alunos divididos entre as práticas de jiu-jitsu, caratê e luta livre. Há cerca de três anos, Jefferson e sua equipe decidiram que, em dezembro, seria servida uma ceia para todos os alunos. A ideia veio depois de um trabalho de acompanhamento individual de cada atleta realizado por uma voluntária, Viviane Melquiades.
“Ela faz o acompanhamento de todos os nossos alunos e alunas e se deparou com a insegurança alimentar de muitos atendidos. Daí veio a ideia de oferecermos uma ceia de Natal para fortalecer o vínculo do nosso grupo”, relembra o educador esportivo.
A Ceia Solidária é realizada no próprio prédio onde acontecem as aulas e conta com apoio de voluntários para custear a celebração de fim de ano. “Eu sou fruto do desenvolvimento pessoal através do esporte, cria do Tijolinho. Há sete anos criei o espaço para mudar a perspectiva dos favelados, elaborar novas referências no território e ressignificar ser ‘cria do Tijolinho’ — o que, para muitos, era uma vergonha. Hoje, eu vejo crianças e jovens falando com orgulho do lugar onde elas treinam”, diz Jefferson.
Mais informações, doações ou ajuda:
Instagram: @espacotijolinho
Telefone: (21) 97573-1481
Juntos e misturados
Tudo começou há cerca de dez anos, quando Rosângela Mello, hoje com 39 anos e técnica de enfermagem, precisou de uma cadeira de rodas para sua sobrinha com deficiência. A cadeira custava R$ 3 mil e Rosângela, trabalhando numa imobiliária na época, não tinha condições de comprar.
Através do dono da loja que trabalhava, ela conheceu uma pessoa chamada Everaldo Souza, conhecido como Rony, que, ao saber da história, ofereceu ajuda. Depois de conseguir a cadeira que precisava e reconhecendo a mesma necessidade de outras famílias na Maré que têm crianças com deficiência, Rosângela se uniu ao marido, a amigos e ao Rony para, todo fim de ano, arrecadar cestas básicas e material de higiene para famílias previamente cadastradas do Conjunto Esperança e das vilas do Pinheiro e do João.
“Eu só posso sentir gratidão. Um dia eu fui ajudada e hoje eu estou ajudando o Rony a ajudar. Estar nesse evento é uma coisa muito grandiosa, assim como é ver o sorriso das pessoas, que às vezes não tem o que comer, ao receberem uma cesta básica”, conta.
Rosângela e sua família também trabalham de forma voluntária no combate à fome durante o ano, distribuindo quentinhas todo mês para moradores da cena de uso de drogas na Rua Flávia Farnese, na Nova Holanda.
Mais informações, doações ou ajuda:
Telefone: (21) 97212-9231 (também chave PIX)
Projeto Bela Herança
“Esperança de que, através da educação e da dedicação a estas crianças, sejamos capazes de derrubar o muro erguido pela sociedade individualista e fria” — esse é o principal motivo que faz a professora Silvia Regina, de 51 anos, dar continuidade à iniciativa “Eu também faço parte desta família”, do projeto Bela Herança. Ela atua há três anos em Marcílio Dias (território mais conhecido como Kelson’s pelos moradores), e a ação de fim de ano é a de apadrinhamento das crianças.
“No primeiro ano atendemos 113 crianças; no seguinte esse número foi menor, mas este ano vamos ver o que Deus vai preparar para a gente. A ajuda que temos ainda é pequena, não temos apoio governamental ou empresarial; contamos muito e apenas com doações individuais”, conta Silvia.
Ela distribui para cada criança roupas, calçados, um kit de higiene e um brinquedo. Além do apadrinhamento no fim do ano, o Bela Herança abre as portas do seu espaço na Kelson’s para o Hotelzinho da Criança, que funciona como uma creche comunitária, oferecendo aulas de alfabetização, de reforço escolar e de balé.
Mais informações, doações ou ajuda:
Instagram: @projetobelaheranca
Telefone: (21) 98803-7072 (também chave PIX)
Especiais da Maré
Mãe de uma criança com deficiência, Aluska Cristina, de 33 anos, viveu até o ano passado no conjunto de favelas da Maré e, apesar de ter se mudado, mantém a Associação Especiais da Maré, que fundou há quatro anos. A organização funciona com doações de voluntários e atende 500 famílias cadastradas de diversas comunidades do território.
O projeto auxilia as famílias na busca por tratamento e também com doações de roupas, alimentos, fraldas, brinquedos e cadeiras de rodas. No fim do ano, realiza a campanha Natal Solidário, com o objetivo de distribuir cestas básicas para os moradores.
“Acolher essas famílias, oferecer informações, incentivar a troca de experiências e o amor são o que nos motivam a continuar com esse projeto. Também temos um sonho de abrir um centro de reabilitação aqui para Maré que possa dar assistência às pessoas com deficiência e suas famílias”, contou Antônia Maria Souza Pirangi, 42, integrante do projeto.
Mais informações, doações ou ajuda:
Instagram: @especiaisdamare.
Para ajudar com doações, basta doar qualquer valor para a chave Pix 11362434701, de Antônia Maria.