Aula de Educação Física com toque de arte e cultura afro-brasileira
Por Hélio Euclides
Quando se pensa numa sala de aula vem à mente várias carteiras, uma atrás da outra. Já em uma aula de educação física, o pensamento é na realização de jogos como futebol, queimado e handebol. Mas muitos professores já estão optando por uma aula mais participativa e com diferencial. Um dessas aulas aconteceu na última terça-feira (14/03), na Escola Municipal Ginásio Olimpíadas Rio 2016, que fica na Nova Holanda. Os alunos assistiram a uma apresentação de jongo, uma dança dos ancestrais, de roda e de umbigada, que integra percussão de tambores e canto.
A apresentação foi uma ponte da Maré com a 10° Edição do Encontro Nacional de Cultura Popular no Vidigal, considerado o maior encontro de cultura afro realizado em favela, que reúne mestres de todos os lugares. O evento na escola contou com a parceria da Lona Cultural Municipal Herbert Vianna e com a participação de dez jongueiros. O idealizador da apresentação foi Lucas Henrique Ferreira, de 29 anos, professor de Educação Física da escola, especialista em Educação para as Relações Étnico-Raciais e mestrando em Educação.
A apresentação foi avaliada como muito positiva pelo professor, com a participação de mais de 100 alunos. Com isso, há possibilidade da volta dos jongueiros, para a realização de uma oficina com os estudantes. “No ano passado criamos um grupo de maculelê que se apresentou em vários lugares, como o Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A Luta pela Paz e a Redes da Maré nos ajudaram com o transporte”, diz.
Para Ferreira, trabalhar jongo dentro da disciplina de Educação Física proporciona a realização de uma atividade que envolve o corpo, mente, jogo, luta e exercício. “Quando se fala em luta, remete-se à cultura japonesa. Eu vivencio a luta indígena, as culturas brasileiras e africanas, dessa forma trago uma nova realidade aos alunos. O objetivo é potencializar o dia a dia deles com outras habilidades, pois futebol eles encontram a qualquer hora nas quadras e campos da favela”, comenta.
O educador escolhe trabalhar na sala de aula expressões afro-brasileiras, como a capoeira, o jongo, o samba de roda, o maculelê, o huka huka e o peikrãn, que é uma peteca indígena. “É uma luta esse trabalho de educação, já fui até chamado de macumbeiro da escola. O bom é que a escola que atuo é aberta e tenho apoio para articular”, conclui.
O site da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, da Fundação Oswaldo Cruz, mostra que atualmente, há leis que asseguram a obrigatoriedade do ensino da cultura e história afro-brasileiras, africanas e indígenas nas escolas. A lei 10.639 foi sancionada em 2003 e institui o ensino da cultura e história afro-brasileiras e africanas e a lei 11.645 complementa a lei 10.639 ao acrescentar o ensino da cultura e história indígenas.