O curta que mostra a memória e shows da população LGBTQIA+ na Maré das décadas de 1980 e 1990 foi exibido na Virginia Tech, universidade dos Estados Unidos.
Por Andrezza Paulo
O filme Noite das Estrelas foi apresentado pelo diretor Paulo Victor Lino na última sexta-feira (17) na Virginia Tech, nos Estados Unidos. O projeto do Entidade Maré tem como principal inspiração a memória e história cultural LGBTQIA+ na Maré contada através dos shows realizados nas décadas de 1980 e 1990 no território, um deles intitulado como “Noites das Estrelas”, que deu nome ao curta.
Paulo Victor, fala da importância desse resgate histórico e cultural: “É um movimento cultural LGBTQIA+ que movimentou a Maré durante duas décadas e que não está registrado nas produções do território. Sentimos esse incômodo e tínhamos a urgência em tornar a memória pública, dentro do que sabemos fazer: arte”, contou.
Desde sua estreia em 2021 no Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul, o projeto se expandiu e ganhou novos horizontes: em 2022 foi apresentado na Alemanha pelo também diretor Wallace Lino e agora, 2023, nos Estados Unidos. “Escrevemos e elaboramos o projeto em formato de filme e a expansão desse trabalho é sobre as manifestações não contadas e todas as histórias dessas LGBTs negras da Maré que agora são reverenciadas”, disse o diretor.
A exibição do filme fez parte da Conferência de Gêneros, Corpos e Tecnologia da Virginia Tech, em Virginia, Estados Unidos, na mesa que discute as relações queer negras. Paulo Victor enfatiza a relevância da investigação das relações LGBTQIA+, especialmente as negras e faveladas: “Investiguem cada vez mais porque existe um epistemicídio muito grande nesse Brasil que exclui histórias de LGBTs, de negros, de mulheres. A gente vai colocando cada vez mais as nossas histórias como as narrativas que também constroem esse país.”
Novos planos
O Noite das Estrelas, com apoio da Prefeitura do Rio de Janeiro através do Edital FOCA, vai ocupar o território da Maré com linguagens artísticas sobre a história dos shows das décadas de 80 e 90. Além da exibição do filme, o projeto ganhará um espetáculo e outras manifestações culturais que resgatam a cultura, a memória e a história LGBTQIA+ na favela.