Dia da Mulher Negra: celebrando a força das mulheres negras da Maré

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Uma celebração à luta das mulheres que construíram os caminhos para as vitórias que vibramos hoje

Hoje, 25 de julho, comemora-se o Dia da Mulher Negra, Latina e Caribenha. Não há dúvidas de que avançamos e que nossas vitórias precisam ser comemoradas. Afinal, hoje quem escreve esse texto é uma mulher negra de favela. Só foi possível andar por essa estrada porque outras mulheres vieram antes de mim para construí-la. Batizado carinhosamente como Julho das Pretas, celebramos neste mês a trajetória de força, liderança e resiliência que nossas ancestrais, nossas avós, mães, amigas e vizinhas possuem, trajetórias que transformaram e ainda transformam o mundo. Mas os desafios enfrentados pelas mulheres ao redor do globo ainda são enormes e não vem de hoje.

Neste dia 25 de julho em 1992, realizou-se o 1° Encontro de Mulheres Negras Latino-americanas e Caribenhas em Santo Domingo, República Dominicana.  A concentração visava a união, empoderamento feminino, e claro, abordar as lutas e denúncias contra o racismo, machismo e demais violências sofridas pelas mulheres negras. 

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A partir desse encontro, a Organização das Nações Unidas (ONU) reconheceu este dia, ainda em 1992, como o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha. 

No Brasil, o dia 25 de julho ganha um reforço simbólico. Em 2014, foi decretado o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, que tem como princípio potencializar o papel da mulher negra na sociedade brasileira. Tereza foi a líder do Quilombo Quariterê, localizado na fronteira do Mato Grosso com a Bolívia, e, por 20 anos, liderou a resistência contra o governo escravista e coordenou as atividades econômicas e políticas do Quilombo. 

Na Maré, dos 140 mil habitantes, 61,2% são mulheres que se declaram pretas e pardas, de acordo com o Censo Populacional da Maré (2013). Ainda no documento, consta que 44,4% das mulheres são únicas responsáveis por seus domicílios.

“É importante que nós, mulheres negras da Maré, celebremos essa data porque ela nos lembra das nossas lutas, mas também das nossas conquistas enquanto mulheres e comunidade negra” afirma Pâmela Carvalho, coordenadora do eixo Arte, Cultura, Memórias e Identidades da Redes da Maré.

O que é ser mulher negra na Maré?

Como forma de homenagem, a equipe de reportagem do Maré de Notícias perguntou “O que é ser mulher mulher negra na Maré?” para as mulheres do território. Entre as diversas respostas, algumas palavras em comum foram mais ditas entre elas: Ancestralidade, resistência, luta e força.

Olhando para a trajetória de mobilização para garantia de direitos do Conjunto de Favelas da Maré conseguimos identificar essas características ao ver que quem lidera o Ministério da Igualdade Racial é Anielle Franco, cria da Maré e tendo ao lado no Ministério da Saúde, Nísia Trindade. Ao ver também que a deputada com maior número de votos nas últimas eleições foi Renata Souza, mulher preta nascida e criada na Maré. A força das mulheres negras, latino-americanas e caribenhas é ancestral, potente, resistente e que possamos neste dia 25 de julho comemorar as vitórias até aqui e erguer ainda mais forças para as lutas que virão. 

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