Michael Schumacher, de 29 anos, foi atingido quando saía de casa para trabalhar numa padaria no Flamengo, Zona Sul do Rio de Janeiro
“Acordei com o som de tiros na Vila do João”, comenta um morador assustado em rede social. Mais uma vez, moradores do Conjunto de Favelas da Maré despertam ao som de tiros e do Caveirão (veículo blindado) passando pelas ruas da Vila do João, Vila do Pinheiro, Salsa e Merengue e Conjunto Pinheiros. Iniciada na madrugada desta quarta-feira pela Polícia Militar, com equipes do Comando de Operações Especiais (COE) e do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) a operação fechou todas as 43 unidades de educação (municipais e estaduais) no Conjunto de Favelas da Maré, impactando 15.179 alunos.
Como a operação iniciou antes das 5 horas, alguns moradores ficaram impedidos de sair para trabalhar. “Quem mora aqui desse lado, por favor espere amanhecer”, alertou um morador preocupado.
Ainda de acordo com os relatos, uma pessoa foi morta durante a operação justamente ao sair para trabalhar. Trata-se do padeiro Michael Schumacher, de 29 anos, que saiu de casa por volta das 4h40 para ir para a padaria que fica localizada no Flamengo, Zona Sul do Rio de Janeiro, quando foi atingido.
Questionada, a assessoria da Polícia Militar afirmou, em nota, que não há registro desse óbito.
A Secretaria Municipal de Saúde também suspendeu o atendimento das Clínicas da Família Adib Jatene e Augusto Boal, e do Centro Municipal de Saúde Vila do João. Vale ressaltar que essa é a sétima operação do ano, onde 6 dos 20 dias do ano letivo foram interrompidos por operações policiais.
Mais violações de direitos
Uma pessoa foi ferida por disparo de arma de fogo, socorrida e levada ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha. Além disso, outras três pessoas relataram ter sofrido danos ao patrimônio durante a ação policial.
O impacto da violência policial na saúde mental
Uma pesquisa realizada pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec) revelou que em comunidades com recorrência de operações policiais, a chance de um morador desenvolver insônia prolongada é 73% maior. Além disso, essa população tem o dobro de chance de desenvolver ansiedade e depressão se comparados com os moradores de favelas que não sofrem com essa rotina de violência causada pela polícia.