Eleições 2024: democracia e participação cidadã na Maré

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Apesar de voto não obrigatório, número de eleitores jovens e pessoas idosas têm crescido

“Pirililili!” De onde vem esse aviso sonoro que ouvimos a cada dois anos? Quem falou que é de urna eletrônica acertou. Esse som não é apenas a conclusão de uma digitação, é a efetivação de um ato democrático para a escolha de pessoas que vão assumir cargos durante quatro anos, sendo nesse período representantes municipais. Mas nem todos são obrigados a escutarem o tal aviso sonoro, em alguns casos o voto é facultativo. Cidadãos com idade superior a 70 anos e entre 16 e 18 anos não são obrigados a votar, mas podem exercer o seu direito fundamental de cidadão. 

Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no Brasil há mais de 1,8 milhão de eleitores na faixa etária entre 16 e 18 anos de idade, um aumento de 78% em comparação com a última eleição. Vitor Mihessen, coordenador geral da Casa Fluminense comemora esse aumento. “Somos defensores do desejo da retirada o quanto antes do título para ter o direito de votar e no futuro ser votado. Nos pré-vestibulares estamos incentivando esses jovens, mostrando que é um poder de transformação pessoal e nos territórios. Eu tirei o título aos 16 anos, incentivado pela minha tia e pais, naquele momento eu queria produzir transformações”, conta.

Já as pessoas idosas acima de 70 anos somam mais de 15 milhões de eleitores, número que também aumentou em quase 3 milhões. “Da galera mais experiente é possível continuar acreditando que é possível produzir transformações com o seu voto. Buscamos a motivação de todas as idades nesses exercícios, desde os mais novos aos mais velhos. Nós votamos e elegemos representantes, mas podemos fazer transformações como nas agendas locais, podemos ser até candidatos”, destaca. 

Pesquise sobre candidaturas

A Casa Fluminense lançou a nova versão da Agenda Rio 2030, de propostas de políticas públicas para a Região Metropolitana do Rio de Janeiro. “A gente busca falar de democracia de forma mais aproximada do dia a dia e propositiva. São materiais didáticos e acessíveis para a população participar das tomadas de decisão sobre suas vidas para além do dia de ir para as urnas escolher seus representantes. Com esses instrumentos em mãos, esperamos estimular o gosto pela incidência política, para além das formas partidárias de exercitar a participação social”, comenta Vitor. 

Nessa eleição, a instituição dividiu os trabalhos em três frentes: conjunto de dados sobre os municípios Metropolitanos, para a população verificar a qualidade de vida de cada cidade antes do voto; entrevistas com candidatos ao executivo que apresentaram planos de governo alinhados com a Agenda Rio; rodas de conversas a partir das Agendas Locais 2030, para a construção de cadernos de propostas feitas por moradores de vários territórios da metrópole. 

O direito ao voto na Maré

Andando pelas ruas da Maré, não é difícil encontrar jovens com idade de 16 e 17 anos. Mas quando o assunto é voto nessa faixa etária, o ditado popular como achar agulha no palheiro se encaixa. Thiago Fernandes, diretor adjunto da Escola Estadual Professor João Borges de Moraes, na Nova Holanda, tem duas versões para o fato. “Vejo alguns jovens que por não serem obrigados, preferem se ausentar do voto. É de suma importância que a escola inicie o trabalho de conscientização cidadã. Mas também percebo uma situação grave, que é no território o grande número de jovens com falta de documentação para conseguir possuir o título de eleitor”, diz. 

Apesar de muitas dúvidas, alguns jovens se sentem orgulhosos com o passo inicial na eleição. “Eu vou votar pela primeira vez, pois quero fazer a diferença. Até agora só escolhi o candidato da comunidade para vereador”, comenta Carlos Eduardo, de 16 anos, morador da Nova Holanda. Outros já calejados de votarem, ainda sentem o gosto do aviso sonoro de confirmação pela urna eletrônica. “Sempre votei, mas minha filha diz que não preciso ir às urnas. Não paro, pois sei da importância e de que é algo sério. Esse ano mudou onde voto, mas não tem problema, vou com meus vizinhos”, expõe Ivanilde Maria, de 73 anos, moradora da Nova Holanda.

“O voto facultativo de jovens e dos idosos pode fazer a diferença num pleito municipal. Ao comparecer às urnas, essas parcelas do eleitorado assumem responsabilidade sobre a política e os assuntos de sua cidade, escolhendo aqueles que atendam às suas pautas. A participação ativa de diferentes segmentos do eleitorado expressa com mais legitimidade os anseios da população como um todo”, menciona em exclusividade ao Maré de Notícias, Eline Iris, diretora-geral do TRE-RJ.

Vamos votar

Para obter o título de eleitor é necessário um documento oficial de identidade com foto (frente e verso), Comprovante de residência recente (no caso de transferência, prazo mínimo de três meses de residência no novo endereço), Comprovante de quitação do serviço militar, para o alistamento, sendo o requerente do sexo masculino (para homens com 19 anos). 

Cuidado com a desinformação

No mês de setembro circulou nas redes sociais um suposto aviso do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) afirmando que “aposentados que forem às urnas: o voto servirá de prova de vida junto ao INSS”. No entanto, o site oficial do Tribunal Regional Eleitoral (TRE/RJ) informa que a ferramenta que permitirá esse cruzamento de dados eleitorais ainda está em desenvolvimento.

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