Maré de Notícias #87 – abril de 2018
Com o trajeto de barco menos carros, menos poluição e mais acesso ao Fundão
Hélio Euclides
Nos dias de hoje, o simples ato de sair de casa já nos causa desânimo. Os congestionamentos são os principais responsáveis por fazer o carioca perder tempo. Buscando uma alternativa para o caos no trânsito, a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN) realizou um estudo que mostra as barcas como o meio de transporte ideal para desafogar as vias da Região Metropolitana. O estudo indica ainda que existe demanda suficiente e, portanto, viabilidade, para a criação de 14 novas linhas hidroviárias na Baía de Guanabara e nas lagoas da Barra da Tijuca.
A Maré seria beneficiada por uma linha ligando a Cidade Universitária à Praça XV. “No Fundão ainda vai ocorrer o estudo de viabilidade ambiental e econômica, para a escolha do lugar da estação. Há dois locais possíveis: o Parque Tecnológico e próximo ao BRT. No Parque Tecnológico, o custo seria maior, por causa da logística”, avalia o ambientalista Sergio Ricardo.
Na conclusão do estudo, o local indicado para a estação ficaria próximo ao terminal de pescadores. “Seria uma boa as barcas, algo mais viável para o município. O local ideal entendo ser aqui junto ao BRT e da futura rodoviária do Fundão. Só que não acredito no projeto, pois as empresas de ônibus não vão deixar ter novas linhas de barcas”, acredita o pescador profissional, Carlos Augusto.
Mesmo com o assoreamento da Baía, o ambientalista Sergio Ricardo avalia como positivo o projeto: “a FIRJAN consolidou novas linhas do sistema aquaviário, o que representaria 10 mil veículos a menos nas ruas. Sabemos que em alguns pontos será necessária a drenagem. O ideal será a utilização de embarcações menores, de 120 lugares”.
O primeiro plano hidroviário da Baía aconteceu em 1984, com três linhas saindo da Praça XV. Uma seguiria até São Gonçalo, outra até Magé e a única que saiu do papel foi a de Cocotá, na Ilha do Governador. Segundo Sergio Ricardo, “no momento só temos transporte pela Baía para a Ilha Grande, Cocotá, Paquetá e Niterói, é muito pouco”.
Projeto já está aprovado
A Assembleia Legislativa aprovou a lei de novas linhas de barcas, em maio do ano passado, e há promessa de uma licitação. A princípio, teria uma linha ligando o Armazém 18, no porto, a Duque de Caxias; isso pode favorecer tanto Magé, como o Fundão”, avalia Sergio. Essa nova linha deve ser licitada com outras duas: Praça XV- São Gonçalo e Praça XV-Galeão.
O analista de Estudos de Infraestrutura do Sistema FIRJAN, Isaque Ouverney, explica que a Instituição encomendou o estudo preocupada com a mobilidade urbana, que atinge a indústria e as pessoas envolvidas. No estudo, foi analisado o transporte de passageiros. O Plano mostra que todos os modais são complementares e que são necessários investimentos urbanos para esses corredores que vão transportar muitas pessoas. É importante o uso da Baía, para que o carioca busque comodidade e conforto”.
Na linha específica do Fundão, houve outro estudo em 2014. O resultado foi que 30% das viagens da Ilha do Fundão vão para o Centro ou a Zona Sul. Com esse trabalho, foi revelada a possibilidade do uso das barcas por meio da demanda de passageiros. Esse estudo também mostra que a linha específica Praça XV – Ilha do Fundão\Galeão equivale a 10.640 viagens/dia e 3.941 veículos fora de circulação/dia, ou seja, 3,3 km de vias desocupadas por dia, com potencial de redução dos congestionamentos em 18,7% nos horários de pico.
A moradora da Vila do Pinheiro e funcionária da UFRJ, Elza Carvalho, acredita que “esse meio de transporte contribui muito para a cidade. No geral, o trânsito é muito tenso e com as barcas agiliza a vida, proporciona um tempo maior para outras coisas que ficar no engarrafamento”.