A celebração do feminino

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Festival  Mulheres do Mundo, WOW,  chega ao Brasil pela primeira vez em novembro 2018

Apesar da luta incessante pela igualdade de gêneros, ainda hoje há quem acredite que as mulheres são seres inferiores aos homens e que a sua única função social se resume ao cuidado da casa e dos filhos. No mundo,  18% das pessoas acreditam nisso, e 4 em cada 10 mulheres creem que não temos os mesmos direitos reservados ao gênero masculino. Os dados, assustadores, são de uma pesquisa feita de 2017 pela Ipsos Global Divisor.

Mas temos muito a comemorar. Nos dois últimos séculos, foram inúmeros avanços: o direito ao voto, ao uso da pílula anticoncepcional; a maior inserção no mercado de trabalho; o crescimento da escolaridade; a promulgação da Lei Maria da Penha; a garantia de direitos constitucionais; o Programa Nacional de Direitos Humanos; o Pacto Nacional pelo Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres; a Lei do Feminicídio; enfim, a desconstrução do papel até então convencionado para as mulheres na sociedade.

No entanto, a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres ainda está longe do ideal. Para entender as diferenças no mercado de trabalho, por exemplo, a PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, de 2007 – diz que a equiparação de salários só deve acontecer daqui a 87 anos, para a execução das mesmas funções. E sem falar nos afazeres domésticos e maternais, que fazem que as mulheres tenham dupla jornada – em média mais que o dobro em relação aos homens.

Quando vamos para o quesito violência, porém, a história é mais séria ainda. Segundo o Mapa da Violência de 2015, entre 1980 e 2013, mais de 106 mil mulheres morreram apenas por serem mulheres. Só entre 2003 e 2013, esse tipo de crime, chamado de feminicídio aumentou em 54%. E na maior parte das vezes, quem mata é o parceiro, ex-parceiro, o seja, o assassino é familiar a vítima.

Como se sabe, um ponto fundamental para o desenvolvimento humano e social das nações é a igualdade de gêneros. Nesse sentido, o Pacto Global das Nações Unidas (UNGC) e a ONU Mulheres têm como premissa fundamental o direito das mulheres e meninas a uma vida livre de discriminação, violência e pobreza.

Debater sobre o papel das mulheres na sociedade, celebrar suas conquistas, abrir espaço de escuta e de acolhimento é um dos objetivos do Festival Mulheres do Mundo (WOW). A primeira edição deste Festival foi em 2010, em Londres, no marco do centenário do Dia Internacional da Mulher. O evento já passou por mais de 30 países e, neste ano de 2018, terá lugar em mais 53, inclusive no Brasil, pela primeira vez.

Idealizado por Jude Kelly – importante referência feminina no mundo das artes e presidente de um dos maiores centros culturais da Europa, o  Southbank Centre(*), em Londres –, o festival visa a promover diálogos entre meninas e mulheres sobre seus potenciais e os desafios contemporâneos e será realizado pela Redes de Desenvolvimento da Maré, em parceria com o British Council,  em novembro, na Praça Mauá, no Rio de Janeiro, tendo como espaços de referência o MAR (Museu de Arte do Rio), Museu do Amanhã e a Praça Mauá.

Dois principais objetivos do Festival Mulheres do Mundo são: 

  1. celebrar as conquistas de mulheres e meninas para que expressem suas vozes no sentido de compartilhar seus sonhos, medos e lutas, por meio de várias formas de expressões artísticas e culturais, de  diálogos em diferentes formatos (debate público, rodas de conversas, troca de experiências, mentoria) numa perspectiva de visibilizar  múltiplas identidades femininas; e
  2.  fornecer um espaço seguro e aberto para a expressão criativa, em que o protagonismo feminino  seja reconhecido e celebrado,  gerando a construção de solidariedade e incentivo a mudanças de atitudes.

Serão três dias de debates, palestras, encontros, conversas, acolhimentos, apresentações culturais e artísticas nas mais diversas linguagens, além de uma feira de inovações criativas no campo da gastronomia, da tecnologia, dos ativismos, do meio ambiente, da moda,  da beleza e  da saúde. A estimativa é promover mais de 123 conversas com mais de 393 convidadas internacionais e nacionais.

(*) : Southbank Centre é um complexo de locais artísticos em Londres, Inglaterra. São três locais: o Royal Festival Hall, incluindo a Saison Poetry Library, o Queen Elizabeth Hall e o Purcell Room, juntamente com a Hayward Gallery, é o maior centro de artes da Europa. Atrai anualmente mais de seis milhões de visitantes.

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