‘Celebração da vida’ diz mãe de Marielle, sobre homenagem no aniversário da vereadora

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Evento no aniversário de Marielle Franco celebrou sua vida, seu legado e a luta por justiça

Nesta quinta-feira (27), dia em que seria o aniversário de 44 anos de Marielle Franco, aconteceu o lançamento de sua fotobiografia no Centro de Artes da Maré (CAM). No local também teve uma exposição com fotos da vida pessoal e política da vereadora e uma festa em comemoração do lançamento.

A família de Marielle Franco esteve no evento. Dona Marinete da Silva, mãe de Marielle, foi recebida pelas crianças que ficaram encantadas com sua presença. Ela visitou a exposição relembrando as histórias de algumas fotos. Os jornais comunitários Maré de Notícias e Voz das Comunidades tiveram acesso exclusivo à família após a coletiva de imprensa.

Dona Marinete comenta o carinho que a Maré tem por Marielle e a força da juventude mareense que se inspira em sua filha. “Essa semente nunca vai acabar, vive a cada dia. Esse clamor por justiça é fundamental nas favelas. É a continuidade desse legado em vocês jovens. Estamos vivendo a celebração da vida, dizendo que a Marielle vai tá viva sempre na Maré e em todos os territórios.”

Os pais de Marielle foram os primeiros a chegar para a exposição, devagar, viram as fotos fazendo comentários enquanto olhavam atentos. (Foto: Lucas Feitoza / Maré de Notícias)

O pai de Marielle, Seu Antônio da Silva Neto, emocionado, afirmou que “rever aquelas fotos me traz um acalento. Muitas daquelas fotos ali eu vivenciei na hora, tem foto ali do barraco do meu pai que ficava na Baixa do Sapateiro”.

Luta pelos direitos humanos

A vereadora do Rio de Janeiro, Mônica Benício, disse que “seguiremos lutando por memória, verdade e justiça […] Lutar pela memória de Marielle é lutar por todos os defensores dos Direitos Humanos por qual ela lutava e devotava a sua vida. Construir um mundo justo é também celebrar a sua vida”.

A presidente do Instituto Marielle Franco, Ligia Batista, enfatizou a importância de preservar a memória para a continuidade do ativismo de mulheres negras. “É uma oportunidade de deixar um legado permanente para pessoas que se veem como sementes de Marielle, através do ativismo e da luta organizada.”

A Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, chegou ao evento por volta de 20h30. Mais cedo, ela havia feito um texto nas redes sociais em homenagem ao aniversário de Marielle Franco, sua irmã. Em seu discurso no evento, destacou as memórias na casa da avó e desabafou que pensa “minha irmã podia estar viva. […] ver essas crianças brincando me lembra de quando íamos para casa da minha vó” e agradeceu ao público pelo carinho recebido. “Estar com vocês acalenta a gente de uma forma imensurável”.

O evento de lançamento da fotobiografia contou também com apresentações da MC Martina, Preta Queen B Ru e o cantor de rap MC Marechal.

De vez em quando um frase ecoava no evento “Marielle presente, hoje e sempre!” (Foto: Karina Donaria)

Novos desdobramentos no caso Marielle e Anderson

A Vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes foram assassinados em 14 de março de 2018. Esta semana, o ex-PM Élcio Queiroz confessou sua participação no crime, junto com o ex-PM Ronie Lessa e o ex-bombeiro Suel.

Élcio admitiu ter dirigido o carro no momento do assassinato. Essa informação foi divulgada após a prisão de Suel durante a operação Élpis conduzida pela Polícia Federal, que investiga o caso desde janeiro. O ministro da justiça, Flávio Dino, anunciou em uma coletiva de imprensa que Élcio fez essa confissão em uma delação premiada.

A delação premiada é um acordo que oferece benefícios ao acusado em troca da revelação de informações. Mesmo tendo confessado sua participação nos crimes, Élcio negociou cumprir 4 anos de prisão e, adicionalmente, mais 8 anos em regime fechado, totalizando 12 anos de detenção. Além disso, ele não deverá ser julgado pelo júri popular, ao contrário de Ronie Lessa.

No entanto, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) informou em um comunicado na última terça-feira (25) que o acordo de delação premiada de Élcio Queiroz está em sigilo e que é considerado ilegal que ele não seja julgado pelo Tribunal do Júri.

Lucas Feitoza
Lucas Feitoza
Jornalista

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