Premiados, Fúria e Encantado terão apresentação com entrada franca no Centro de Artes
Por Samara Oliveira
Depois de apresentações durante o tradicional Festival Outono de Paris, na França, e do Festival de Curitiba, no Paraná (com passagens pela Bienal de Fortaleza e uma temporada no SESC Pinheiros, em São Paulo), chegam à Maré os espetáculos Fúria e Encantado, da bailarina e coreógrafa Lia Rodrigues. O palco escolhido será o do Centro de Artes da Maré (CAM), com entrada franca.
Desde fins de 2021, quando os franceses se encantaram com o trabalho da coreógrafa, o retorno da filha pródiga era esperado: os dois balés nasceram no território.
“É sempre muito especial poder fazer finalmente a estreia e temporada das duas últimas criações da companhia: Fúria tornou-se real em 2017 e Encantado, em 2021. Entre os dois, aconteceu a terrível crise sanitária provocada pela covid-19. Como sempre, desde o início da minha parceria com a Redes da Maré, em 2004, fizemos todo o processo criativo, estreia e temporada no Centro de Artes da Maré”, conta Lia.
Encantado é uma apresentação com referências de culturas africanas e indígenas. A coreografia reúne 11 bailarinos, que utilizam 140 cobertores para formar imagens no palco. A produção surgiu no contexto da pandemia de covid-19 e nasceu do desejo de usar a magia como guia do processo criativo que acontece nesse momento dramático em que vivemos no Brasil.
Fúria, por sua vez, traz ao espectador um mundo povoado de imagens de dor, beleza, violência, opressão e liberdade, expondo a ideia da reinvenção de um corpo social a partir das suas energias primitivas. O espetáculo foi premiado pela Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA) em 2019.
Quanto mais arte, melhor
A Lona Cultural Herbert Vianna é o único equipamento público de cultura da Maré. Em contrapartida o CAM, assim como coletivos voltados para cultura no território, continua trabalhando para estimular eventos desse tipo na região. Sobre as ações para promover a arte na periferia, Lia ressalta a importância de incluir este tipo de evento na rotina da vida nas comunidades e dos investimentos necessários para tanto.
“Constato na nossa prática diária que ações com continuidade conseguem estabelecer e fortificar a existência desses espaços tão importantes para a cidade do Rio de Janeiro. E é claro que um projeto dessa natureza necessita de constante investimento. Para isso, as parcerias que a companhia e a Redes da Maré conseguem estabelecer com diversas instituições brasileiras e internacionais garantem a manutenção e também as melhorias que temos realizado nesses anos”, afirma a coreógrafa.
Entre os bailarinos da companhia está Ricardo Xavier, de 27 anos. Morador da Maré, ele fala sobre a emoção de se apresentar no próprio território pela primeira vez desde que integra a companhia.
“Ainda não tive a experiência de dançar no Centro de Artes da Maré, que é minha casa, onde eu vivo até hoje. Então sigo com muita ansiedade para mostrar pra Maré que eu estou aqui ainda, lutando, resistindo e dançando tanto por mim como também por todos nós. Eu só sou tudo isso porque a Maré me deu muitas coisas”, diz ele.
Confira a programação das apresentações.
Fúria
De 23 de setembro a 2 de outubro
Sextas e sábados às 20h
Domingos às 19h.
Encantado
De 7 a 16 de outubro
Sextas e sábados às 20h
Domingos às 19h
Entrada franca