Após receber ex-ministro Ernesto Araújo, CPI da Covid terá presença de Eduardo Pazuello, ex-chefe da Saúde, nesta quarta-feira

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Edu Carvalho, em 19/05/2021 às 7h

Ontem, terça-feira (18), o ex-chanceler Ernesto Araújo esteve presente no Senado para prestar esclarecimentos na CPI da Covid. O ex-ministro afirmou que o governo federal apostou na compra da cloroquina, remédio com ineficácia comprovada, para tratamento contra o coronavírus, a partir de um pedido do Ministério da Saúde. 

Numa sessão marcada pela tensão, Araújo também respondeu, negando, sobre uma possível demora para o Brasil entrar no consórcio internacional Covax Facility, conglomerado de países organizado pela Organização Mundial da Saúde para distribuição de vacinas. 

Um dos pontos altos foi quando disse não ter tido desavenças com o governo chinês. “Não entendo nenhuma declaração minha como anti-chinesa. Houve determinados momentos que o Itamaraty e eu nos queixamos de questões do embaixador da China em Brasília, mas nenhuma declaração que pode ser classificada como antichinesa. Não há nenhum impacto de algo que nunca existiu”, disse, sendo interrompido pelo presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), lembrando que, na ocasião, Ernesto deveria ser leal à verdade.

“O senhor deu várias declarações anti-China, se indispôs várias vezes com o embaixador chinês. Em um artigo o senhor chama de “comunavirus” e há pouco disse que não deu declarações. Posso ler seu artigo. O senhor faz uma declaração que a pandemia era para ressuscitar o comunismo. Na minha análise, o senhor está faltando com a verdade. Não faça isso”, afirmou.

O depoimento de Araújo é a ante-sala para o mais aguardado de toda a CPI: o de Eduardo Pazuello, que por mais tempo ficou à frente do Ministério da Saúde durante a pandemia – 10 meses. A presença de Pazuello, que era para ter acontecido na semana passada, envolve polêmica, pois está sob proteção de um habeas corpus feito pela Advocacia-Geral da União (AGU), que permite silêncio caso não queira responder as perguntas. A decisão do ministro da concessão foi do Ricardo Lewandowski. Cabe ressaltar que este é um direito constitucional. 
À Pazuello, está resguardado o direito de não sofrer constrangimento, tampouco ser preso. 

Na noite de ontem, o Jornal Nacional, da TV Globo, reproduziu uma matéria sobre indícios de fraudes em contratos do Ministério da Saúde no Rio. Sem licitação, militares escolheram empresas para reformar prédios antigos durante a gestão de Eduardo Pazuello e usaram a pandemia como justificativa para considerar as obras urgentes. A reportagem é de Arthur Guimarães, Marco Antônio Martins e Pedro Bassan. Este deve ser um dos temas abordados pelos parlamentares.

Na quinta (20), prestará depoimento a secretária de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde, Mayra Pinheiro.

Até o momento, a CPI da Covid já ouviu os ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, além do atual chefe da pasta, Marcelo Queiroga, o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, o ex-secretário especial de Comunicação da Presidência Fabio Wajngarten e o gerente-feral da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo.

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