Artigo: cidade integrada repete fórmula fracassada das UPPs

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Por Rede de Observatórios da Segurança, em 23/01/2022 às 7h.

A ocupação iniciada no último dia 19 na favela do Jacarezinho, que há oito meses serviu de cenário para um banho de sangue promovido pelo estado, repete fórmula fracassada de ocupação militar e não tem um programa social desenhado. Não há articulação setorial e muito menos diálogos com os moradores.

Cláudio Castro tenta usar a memória dos tempos dourados das UPPs, que na época garantiu a reeleição de Sérgio Cabral, para gerar capital político em ano de eleição. O uso da segurança pública para fins eleitorais é uma receita conhecida para o fracasso e para a violação de direitos da população de favelas. O governador quer ainda instalar câmeras de reconhecimento facial nas comunidades que comprovadamente não impactam nos índices de esclarecimentos de crimes, causam equívocos, aumentam o racismo policial e ainda promovem gastos altíssimos de recursos públicos. Os gastos em prevenção da violência tem que ser feitos em programas de alta qualidade de educação, assistência social, cultura, meio ambiente, urbanismo e saúde, sempre em diálogo com as prioridades dos moradores.

Enquanto o governador Cláudio Castro promete uma grande transformação nas favelas cariocas com o lançamento do projeto carro chefe da sua campanha de reeleição, moradores do Jacarezinho denunciam a invasão de casas por parte de agentes de segurança. Há ainda a paralisação dos postos de vacinação e testagem da covid no meio da nova onda da doença com a variante omicron.

O Rio de Janeiro é um lugar que tem um acervo de erros muito grande em segurança pública e nós precisamos reconhece-los e não repeti-los. A Rede de Observatórios da Segurança exige saber do governo do Estado do Rio de Janeiro quais são as diferenças do programa Cidade Integrada em relação às UPPs. No Rio, quando se trata de favelas e polícia parece que a história apenas se repete. Pelas notícias preocupantes divulgadas no dia de hoje, o projeto Cidade Integrada mais se parece com uma jogada eleitoral do que com um programa responsável de segurança.

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