Associações de moradores promovem reordenamento das ruas na Maré

Data:

Ações pela mobilidade acontecem no Parque Maré, Nova Holanda e Rubens Vaz e Parque União

Por Hélio Euclides, em 25/10/2022 às 7h30. Editado por Jéssica Pires

Outubro surgiu com uma novidade na Maré, a remoção de obstáculos das ruas. O que parecia impossível, a retirada de carros abandonados, vasos de plantas, barracas, cavaletes e cones aconteceu na Rua Principal, da Nova Holanda. As associações de moradores do Parque Maré, Nova Holanda e Rubens Vaz se uniram para a realização da ação, com apoio da Prefeitura do Rio. Na quinta-feira (20/10), foi a vez das ruas do Parque União receberem esse ordenamento realizado pela associação de moradores e órgãos municipais.

Em 2009, o príncipe Charles visitou a Maré, mas um dia antes ocorreu uma maquiagem com retiradas de obstáculos e limpeza das ruas. Foi algo passageiro, na semana seguinte tudo estava igual. Carros abandonados e lixo espalhados. Dessa vez, as associações garantem que vai ser diferente, será algo permanente. “É uma melhoria para todo mundo. Só dois comerciantes que não gostaram, o restante adorou a ação. As três associações se uniram para esse trabalho, pois juntos somos mais fortes”, Vilmar Gomes, conhecido como Magá, presidente da Associação de Moradores do Rubens Vaz. 

O ato, que poderia parecer hostil, teve antes um diálogo com moradores. Denise Pereira, moradora da Nova Holanda, aprovou o resultado final. “Ficou melhor depois que tiraram os carros, pois as ruas ficaram mais espaçosas. Não precisamos mais disputar espaço com carros e motos, além de acabar com o engarrafamento na favela”, afirma. 

Na quinta-feira (20/10), moradores do Parque União acordaram com uma grande movimentação pelas ruas. Um grande mutirão para a limpeza das ruas de todos os tipos de obstáculos que porventura atrapalhasse a circulação. Roberto Estácio, presidente da Associação de Moradores do Parque União, conta que tudo começou com a ideia de uma organização nos carros da favela. “O Parque União cresceu muito e na mesma proporção os veículos. Demos início a um diálogo com moradores e órgãos públicos, entre eles a Subprefeitura da Zona Norte, que autorizou o estacionamento embaixo do viaduto do BRT para organizar os carros”, comenta.

Ordenamento de ruas aconteceu no Parque União no último dia 20 | Foto: Caetano Silva
Antes do início das intervenções, aviso sobre o ordenamento das ruas foi espalhado pelas comunidades | Foto: Hélio Euclides

O gestor acredita que a maioria dos moradores apoiaram a ideia. “Hoje temos uma equipe de dez garis comunitários que vão ajudar na limpeza. Mas queremos uma conscientização de todos para que fiscalizem a organização das ruas. O mesmo passageiro que suja o trem, não joga papel no chão do metrô. Queremos que ocorra no Parque União uma conscientização semelhante a do metrô”, conclui. Silvania da Costa, moradora do Parque União, aprovou a mudança. “Bom acabar com o tumulto. Com a limpeza das ruas, há o respeito da circulação de carros e pedestres”, diz.

A associação garante que tudo foi feito de uma forma organizada e respeitosa até chegar ao Dia D, quando ocorreu a retirada de carros abandonados e vasos de plantas de várias ruas. Estácio acredita que ações como essa ajudam a recuperar a credibilidade da instituição. “É um trabalho sem amadorismo. Hoje o morador vê o impacto visual na comunidade, com a diminuição do lixo e de vetores”, conta. 

Nesta segunda o reordenamento aconteceram nas ruas Massaranduba e João Araújo, no Rubens Vaz, e nas Bitencourt Sampaio e Sargento Silva Nunes, na Nova Holanda. A comunicação aconteceu por meio de um carro de som – a gravação pedia que moradores retirassem carros, motos, barracas, vasos de plantas e cavaletes das ruas. É possível ver cartas timbradas das associações com aviso de retirada em vidros de carros estacionados. “Na rua João Araújo tem um morador que tomou a calçada e a rua com vasos de plantas, é necessário mudar essa situação. Todo dia é estresse com caminhão do lixo, com moradores que estacionam mal, com carros dos dois lados da rua”, finaliza Magá.

Compartilhar notícia:

Inscreva-se

Mais notícias
Related

Por um Natal solidário na Maré

Instituições realizam as tradicionais campanhas de Natal. Uma das mais conhecidas no território é a da Associação Especiais da Maré, organização que atende 500 famílias cadastradas, contendo pessoas com deficiência (PcD)

A comunicação comunitária como ferramenta de desenvolvimento e mobilização

Das impressões de mimeógrafo aos grupos de WhatsApp a comunicação comunitária funciona como um importante registro das memórias coletivas das favelas

Baía de Guanabara sobrevive pela defesa de ativistas e ambientalistas

Quarenta anos após sua fundação, o Movimento Baía Viva ainda luta contra a privatização da água, na promoção da educação ambiental, no apoio às populações tradicionais, como pescadores e quilombolas.

Idosos procuram se exercitar em busca de saúde e qualidade de vida

A cidade do Rio de Janeiro tem à disposição alguns projetos com intuito de promover exercícios, como o Vida Ativa, Rio Em Forma, Esporte ao Ar Livre, Academia da Terceira Idade (ATI) e Programa Academia Carioca