Ato na Maré reúne moradores e organizações locais pelo Fim da Violência na Maré

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Dois anos da Marcha Basta de Violência! Outra Maré é Possível e suspensão da Ação Civil Pública também foram motivaram a manifestação

Jéssica Pires

 Um ato realizado hoje, 10, das 14h às 18h, na Maré, marcou os dois anos da Marcha Basta de Violência! Outra Maré é Possível, manifestação promovida pelo Fórum Basta de Violência! Outra Maré é Possível, em 2017, em resposta ao cenário de muitas mortes e operações truculentas que aconteceram no período.  O ato, realizado em uma região simbólica na Maré, a “Divisa”, um território marcado por confrontos armados frequentes, também teve como objetivo protestar contra a suspensão da Ação Civil Pública da Maré (ACP).

 O ato foi marcado por diversas atividades e falas, entre elas: mutirão de revitalização, cineclube, capoeira, a presença da Roda Cultural do Parque União e da Orquestra Maré do Amanhã. Depoimentos de moradores e integrantes de organizações locais sobre o contexto de segurança pública da Maré merecem destaque. Entre as fala, está a de Pedro Strozenberg, ouvidor-geral da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro.

Fórum e ACP

O Fórum Basta de Violência! Outra Maré é Possível vem reunindo moradores, lideranças comunitárias, organizações governamentais e não governamentais da Maré no debate permanente sobre a política de segurança pública e sua atuação nas 16 favelas da Maré e refletindo sobre estratégias que preservem vidas e garantam direitos.

A suspensão da Ação Civil Pública da Maré (ACP),  no último dia 19, pela juíza Regina Lucia Chuquer de Almeida Costa Castro, da 6ª Vara de Fazenda Pública da Capital, e que determinava as regulamentações em operações policiais na Maré, também foi lembrado no ato. A suspensão da ACP se constitui, segundo moradores, organizações e especialistas no assunto, em um grande retrocesso na luta pela preservação da vida e da segurança dos moradores da Maré. 

O pacote “anticrime” do atual ministro da Justiça e Segurança Pública do país, Sergio Moro, também foi debatido durante o ato. “Apesar do pacote ser chamado ‘anticrime’, seu conteúdo aponta em direção contrária à segurança e proteção dos moradores, pois retira o direito de reivindicar por segurança, algo  que é uma coisa que nós, que estamos nesse território trabalhando pelo direito a ter segurança pública, é rompido. Então nós estamos aqui pra dizer que as suspensões de direitos é criminosa”, comentou Aline Maia, do Observatório de Favelas. “Esse é um tipo de evento que diz qual é o tipo de ação que queremos do Estado, com cultura, arte”, acrescenta Aline.

As mobilizações do Fórum Basta de Violência! Outra Maré é Possível seguem. Reuniões mensais abertas são realizadas na Escola Municipal Bahia, na Maré, nas segundas segundas-feiras do mês. É possível acompanhar as atividades também pelas redes sociais do Fórum, no Facebook e Instagram.

Fotos: Douglas Lopes
Fotos: Kamila Camillo

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