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Cidade de Deus é alvo de operações policiais consecutivas

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Desde o último dia 19, favela já foi palco de três operações policiais; moradores pedem paz

Por: Camille Ramos

Desde a última semana, moradores da Cidade de Deus enfrentam dias de muita violência. A operação do dia 19, realizada pelas equipes das delegacias de Combate às Drogas (Dcod) e de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC), atuaram no local com apoio da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e de helicópteros do Serviço Aeropolicial (Saer). O perfil “CDD Acontece” postou denúncias sobre o uso do helicóptero como plataforma de tiros.

Na última quinta-feira, 21, outra operação realizada pela PM deixou três feridos. A Estrada Miguel Salazar Mendes de Moraes chegou a ser interditada nos dois sentidos, após móveis e pedaços de madeira serem incendiados no local. A madrugada de sábado,23, também foi marcada por tiros e, segundo o jornal Extra, o dia amanheceu com pouco movimento nas ruas e os moradores permanecem assustados.

No Twitter, moradores fazem apelos de paz pela comunidade. “Fico apavorada! Pq q cismam de fazer operação justamente na hr q o povo está saindo pra trabalhar e ir pra escola cara? Q Deus proteja o povo da CDD”, compartilhou o perfil @meneseslayne.

Inscrições Prorrogadas: Alfabetização para Mulheres

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Você conhece alguma mulher que não teve oportunidade de aprendera ler e escrever? Chame-a para estudar conosco! As aulas são gratuitas!

Inscrições até 5 de abril, nos locais e horários:

– Associação de Moradores de Marcílio Dias;

– Associação de Moradores do Conjunto Esperança;

– Centro de Referência de Mulheres da Maré (Vila do João);

– Lona Cultural Municipal Herbert Vianna (Baixa do Sapateiro);

– Sede da Redes da Maré (Nova Holanda), 9h às 11h;

– Casa das Mulheres da Maré (Parque União), 13h às 11h;

Documentos necessários para inscrição: cópia da identidade, CPF e comprovante de residência.

Faixa etária: a partir de 18 anos.

Início das aulas: 25/03/2019

Para mais informações, ligue para 3105-5531

O curso é realizado em parceria com a UFRJ e a L’Oréal. 

Acusado de matar Marielle buscou dados de pesquisadores e ativistas de direitos humanos

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PM Ronnie Lessa está preso desde a semana passada. Inquérito cita pesquisas a pessoas como o deputado Marcelo Freixo e a socióloga Julita Lemgruber

Roberta Jansen, O Estado de S.Paulo – 20 de março de 2019 | 05h00

http://brasil.estadao.com.br/noticias/rio-de-janeiro,acusado-de-matar-marielle-buscou-dados-de-pesquisadores-e-ativistas-de-direitos-humanos,70002761628

RIO – Ativistas e pesquisadores da área de direitos humanos dedicados à segurança pública foram alvos prioritários de pesquisas online feitas pelo PM reformado Ronnie Lessa ao longo do ano que antecedeu os assassinatos a tiros de Marielle Franco (PSOL) e Anderson Gomes em 14 de março de 2018. Acusado de ter feito os disparos, Lessa foi preso na semana passada com o ex-PM Élcio Queiróz, apontado como motorista do automóvel usado no crime. A Justiça já acolheu denúncia do Ministério Público contra os acusados por homicídio triplamente qualificado. Ambos, por seus advogados, alegam que são inocentes.


O policial militar reformado Ronnie Lessa, de 48 anos (à esquerda), e o ex-policial militar Elcio Vieira de Queiroz, de 46 (à direita), presos acusados de matar a vereadora Marielle Franco (PSOL) e o motorista Anderson Gomes Foto: Polícia Civil/AFP

Na lista de objetos da pesquisa digital feita por Lessa, ao lado do deputado federal Marcelo Freixo e do deputado estadual Flávio Serafini (ambos do PSOL), aparecem os nomes de duas pesquisadoras da ONG Redes da Maré, uma especialista da Anistia Internacional e uma ativista da ONU Mulheres. Muito conhecidas por sua atuação na área de segurança, a socióloga Julita Lemgruber e a antropóloga Alba Zaluar também foram listadas, segundo o relatório final do inquérito da primeira fase do crime, assinado pelo delegado Giniton Lages, da Divisão de Homicídios.

“Este é um crime grave, e as investigações têm mostrado que se trata de um crime político, voltado para atingir um campo ideológico”, disse Serafini. “Pedimos esclarecimentos ao MP sobre o risco corrido por todas essas pessoas envolvidas, reforçando a necessidade de se encontrar o mandante do crime. A impressão que se tem não é de que se trata de um louco investigando a esquerda, mas sim um estudo sobre um determinado campo político que seria alvo de um atentado.”

Policiais responsáveis pela investigação do crime analisaram as buscas feitas por Lessa a partir de primeiro de janeiro de 2017 até o dia do assassinato. Em abril de 2017, Lessa começou a fazer levantamentos sobre o Freixo e alguns dos seus familiares. Em email mandado para si mesmo, ele debochou da defesa dos direitos humanos: “Adotem um bandido, viva o PSOL”, escreveu.

Curiosamente, Lessa também fez buscas sobre o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra (1932-2015), chefe do DOI-CODI de São Paulo durante a ditadura (1964-1985). Ele foi o primeiro militar a ser reconhecido pela Justiça como torturador.

“A análise incidente sobre o perfil das pesquisas indica singular obsessão pelo parlamentar Marcelo Freixo”, aponta o relatório, lembrando que foram mais de 30 pesquisas sobre o deputado. Em abril/17, no entanto, Lessa pesquisou também informações sobre deputado estadual Flávio Serafini. Em julho de 2017, o PM reformado ampliou suas pesquisas e buscou dados sobre pesquisadoras da ONG Redes da Maré e da Anistia Internacional.

“A gente acabou sabendo dessa questão em função da prisão dele na semana passada e por intermédio da imprensa”, afirmou a ativista Eliana Sousa Silva, diretora da Redes da Maré. “A minha questão é: desde quando a polícia e o MP sabem disso e por que só deixaram para divulgar depois da prisão?”

No mesmo mês, Lessa realizou pesquisas sobre Pedro Mara, diretor do Ciep 210, de Belford Roxo, na Baixada Fluminense. O professor se envolveu em uma polêmica com o então deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL), que pediu seu afastamento da escola por ter uma folha de maconha tatuada no antebraço. Ao saber que seu nome aparecia nas buscas de Lessa, Mara anunciou pretender deixar o País.

No início de março de 2018, o PM reformado faz pesquisas sobre a Alba Zaluar e Julita Lemgruber. Ele também faz buscas sobre uma escritora e ativista da ONU Mulheres.

“A revelação de que os suspeitos de matar Marielle e Anderson estavam investigando nomes de pessoas que se dedicam à questão da garantia de direitos é muito grave e torna ainda mais urgente que a Polícia chegue aos mandantes dessas mortes”, afirmou Julita Lemgruber. Alba também considerou o fato grave. “Isso é muito ruim, uma interferência no processo democrático”, disse ela.

As pesquisas sobre Marielle Franco começaram apenas no fim de fevereiro do ano passado, quando Lessa buscou informações sobre políticos do Rio que foram contrários à intervenção federal na segurança do Estado. Como vereadora, Marielle tinha sido indicada relatora da comissão criada para acompanhar a ação militar.

Lessa buscou  informações nas redes sociais de Marielle e, no início de março, começou fazer monitoramento mais específico dos deslocamentos da vereadora e de suas rotinas.

“Enquanto não tivermos a informação sobre quem mandou matar Marielle e sobre os motivos, viveremos essa situação dramática”, avaliou o ouvidor da Defensoria Pública, Pedro Strozenberg. “Porque o drama de quando não temos informação e esclarecimento é que todas as pessoas passam a ser alvos em potencial.”

Procurada ao longo do dia, a defesa de Ronnie Lessa não se manifestou.

Esquenta: o aquecimento para o Festival Mulheres do Mundo 2020

Primeiro evento da série acontece na Maré e celebra também o Mês Internacional das Mulheres

No próximo dia 29, sexta-feira, será realizado na Casa das Mulheres da Maré, o Esquenta WOW, evento no qual as mulheres celebram conquistas, dançam, conversam e trocam afeto. O evento, que acontecerá de 9h às 22h, é um aquecimento para o Festival Mulheres do Mundo, que ocorrerá em 2020, e conta com a mesma dinâmica do WOW, com mesas de diálogo, arte e cultura, empreendedorismo e ativismo.

O primeiro Esquenta é parte da celebração do Mês Internacional da Mulher e visa engajar mais mulheres para que a festa seja composta e protagonizada por figuras femininas diversas. Pensado para todas as mulheres, o evento entende a preocupação das mães e, por isso, conta com espaço infantil. Crianças são bem-vindas! 

Confira a programação:

Oficinas

9h – 10h

Aulão de Yoga na Maré

10h – 12h e 14h – 18h 

Salão Casa das Mulheres

10h30 – 12h30

Ateliê de criação [resignificando roupas e memórias] parceria Fábula + Projeto FIO

Sala 2 | Idade mínima: 8 – 12 anos | Lotação máxima: 10 crianças

Espaço Infantil

14h – 16h30 (recreação na área externa)

Idade mínima: 6 anos | Lotação máxima: 30 crianças

Sala Cineminha

17h – 19h (filmes e animações)

Idade mínima: 6 anos | Lotação máxima: 30 crianças

Diálogos 

17h – 19h

Território de partilha

Mulheres em Lugar de Poder

Taísa Machado (Afrofunk),

Jurema Werneck (Anistia Internacional)

Beatriz Azeredo (Globo)

Renata Souza (deputada Estadual/RJ)

Mediação: Andreza Jorge

14h – 16h

Roda de Conversa 

Cuidado e autocuidado: construção de redes de cuidado entre mulheres.

Céu Cavalcanti (psicóloga, integrante da Associação Elas Existem)

Maria Guaneci Ávila (promotora legal popular pela Themis)

Renata Jardim (Advogada, coordenadora-executiva da Themis)

Mediação: Maria Luiza Rovaris

Arte e cultura 

9h – 21h

Exposição Fotográfica

19h

Performance/Teatro/Dança

Padedê – Denize Stutz

19h30 – 22h

Roda de Samba Moça Prosa

Feira Delas 

10h – 20h

Feira com total de 10 barracas

Maré de Sabores

Comida Angolana da Lica

Tapioca da Dani

Ateliê da Rafa

Yoga na Maré

Saiba tudo seguindo o Festival Mulheres do Mundo WOW  no Facebook, Twitter e Instagram.

CAM sedia evento em homenagem à Marielle Franco

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Presença dos pais da vereadora e de parlamentares que representam o legado de Marielle marcaram o evento

Por: Eliane Salles

O Centro de Artes da Maré (CAM) foi palco, nesta quinta-feira, 14, do evento “Vida, Ancestralidade e Continuação, Carolina, Abdias e Marielle” – uma homenagem à vereadora Marielle Franco, brutalmente assassinada há exatamente um ano, e a dois ícones do movimento negro no Brasil: o parlamentar, intelectual e ativista, Abdias Nascimento, e a escritora Carolina Maria de Jesus, ambos nascidos em 14 de março. A realização foi do Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (Ipeafro) em parceira com a Redes da Maré.

O evento foi marcado por momentos de muita emoção, entre eles, a entrega do Prêmio Ipeafro Sankofa à família de Marielle. “Hoje é histórico. Depois de um ano de resistência, de luta, de perguntas sem respostas, estar aqui hoje junto com pessoas que lembram o nome da minha filha, Marielle renasce”, disse Marinete da Silva, mãe de Marielle.

Lançamento de livro, exposição e tributo

Sarau com participação de convidados internacionais e dos coletivos “Crias da Maré” e “Griôs da Maré”; lançamento da nova edição do livro O Quilombismo, de Abdias Nascimento; e abertura da exposição “Abdias Nascimento, a Arte de um Guerreiro” foram algumas das atividades que aconteceram das 14h às 22h. Outro momento marcante foi o tributo às parlamentares negras que representam a continuidade do trabalho desenvolvido por Marielle Franco: a deputada federal Talíria Petrone e as deputadas estaduais Renata Souza, Dani Monteiro e Mônica Francisco.

O evento contou com o apoio do Itaú Cultural e teve ainda como parceiros a ONG Criola, a Editora Perspectiva, a Casa com a Música, o movimento 21 Dias de Ativismo Contra o Racismo e o Fórum Permanente de Igualdade Racial (Fopir). Dezenas de pessoas da Maré e de outros bairros participaram do evento.

Depoimentos:

“Hoje é um dia muito difícil, mas que dia na vida de uma mulher negra não é difícil? … O importante não é aonde a gente chega, mas o que isso muda no lugar de onde a gente veio”, Dani Monteiro, deputada estadual.

“Aviso àqueles que querem matar os corpos negros: Marielle, Abdias e Carolina abriram janelas e essas janelas não fecham mais”, Talíria Petrone, deputada federal.

“Marielle não foi semente, nós não somos sementes. Marielle foi fruto, fruto dessa ancestralidade. Estamos aqui para reverenciar a ancestralidade de quem tombou na Maré, no Borel, no [morro de] São Carlos. Mas também para reverenciar os que seguem vivos”, Mônica Francisco, deputada estadual.

“Enquanto ‘crias’ da Marielle, vamos continuar amanhã e sempre exigindo que o estado diga quem matou Marielle e qual foi a motivação deste feminicídio político”, Renata Souza, deputada estadual.

Confira algumas fotos do evento:

Fotos © DouglasLopes

Um ano com Marielle

Por: Eliana Sousa Silva – Diretora da Redes da Maré

“Eles combinaram de nos matar
Nós combinamos de não morrer”
(Conceição Evaristo)

Faz um ano que tudo aconteceu e, além da tristeza, um paradoxo se faz presente: Marielle nunca esteve tão presente em nossa vida social. Nas paredes, nos eventos, até mesmo no carnaval. Os assassinos pensaram que a matando fisicamente atingiriam algum objetivo. Ao contrário, apenas fortaleceram a nossa indignação e sede de justiça, dentre tantos sentimentos que nos mobilizam. Ela virou um esteio para a luta, e não só das mulheres negras das periferias. Um autêntico símbolo que alimenta a nossa história. E, por isso, não podemos deixar de buscar a verdade: quem a matou? Por que? Onde podem chegar? Não descansaremos enquanto as respostas não virem à luz. O crime revelou também uma verdade incômoda sobre nossa sociedade: a permanência do ódio escravocrata e o interesse na continuidade de um sistema social, político, econômico e cultural desigual, misógino e racista, estruturante da vida no país desde a sua gênese.

O homicídio  de Marielle coloca luz sobre o alarmante problema que são os assassinatos de ativistas sociais, outra violência que marca a luta por direitos no Brasil. Segundo a Comissão Interamericana dos Estados Americanos, três em cada quatro assassinatos de ativistas no mundo ocorrem na América Latina – sendo o Brasil o primeiro onde mais se mata. Em  2016, foram 56 homicídios de ativistas, aumentando para 66 em 2017,  de acordo com dados da Anistia Internacional. Em 2018, segundo a Global Witness, registraram-se 57 mortes somente até o mês de agosto.

 O que esses números revelam sobre a devida proteção necessária por parte do Estado com as pessoas que se expressam, questionam e atuam na mudança do sistema no qual vivemos?  O que ocorre é que essas mortes estiveram invisibilizadas, pois concentradas, na sua maioria, em áreas distantes da realidade urbana. Tristes mortes de pessoas dignas e generosas, que lutam pelo acesso a terras, preservação da natureza e/ou pelo reconhecimento e proteção dos espaços quilombolas e comunidades indígenas

O assassinato de Marielle é a expressão mais visível dessa violência brutal, que atinge a área urbana no processo de fortalecimento de uma agenda conservadora e autoritária no país, o que contribui para o sentimento de impunidade de grupos criminosos como as milícias – que atuam a partir da omissão/conivência dos governantes e colocam em xeque o sentido e a eficácia da atuação dos órgãos estatais que atuam na segurança pública e no aparato de justiça.

 O mais trágico é o fato do alarmante número de assassinatos de ativistas de direitos humanos no Brasil não impactar o conjunto da sociedade brasileira, gerando uma cobrança pelo fim da impunidade: os números brutais não fazem com que o percentual de crimes esclarecidos aumente. A falta de resultados no caso da morte de Marielle é o comum, não a exceção. O que pensar  sobre um crime político que acontece no centro de uma metrópole, exatamente ao lado da Prefeitura do Rio de Janeiro, e a falta de respostas acerca da responsabilização dos culpados, após um  ano? O que pensar dos assassinatos que nem chegam ao status de serem investigados?  Quais são as garantias de segurança neste pretenso país democrático, no qual se naturaliza uma profusão de violências que recai sobre os seres que mais se dedicam ao bem comum?

 Os dados destacados falam muito das perspectivas sombrias que temos no Brasil de hoje. Se, com toda a repercussão e pressão – nacional e internacional – não se prender os assassinos de Marielle, onde eles e seus aliados podem chegar, quais sentimentos irão dominá-los e aos que defendem sua agenda para o nosso país? Nessa perspectiva, não vamos descansar enquanto não conseguirmos justiça. Que Marielle permaneça presente, alimentando cada um/uma de nós, que acreditamos ser a vida possível de um jeito muito diferente do que os que abreviaram sua existência física.