Home Blog Page 533

Maré de Notícias #41

0

 

 

 

 

 

 

 

[toggles class=”yourcustomclass”]

[toggle title=”Com o pé na porta”]

Ações da polícia geram prejuízo aos moradores

Por:  Silvia Noronha

As incursões policiais, que ocorrem quase diariamente na Maré desde março, atingem sobretudo o direito de ir e vir dos moradores e trabalhadores locais. Uma das principais consequências recai sobre crianças e adolescentes, que vêm ficando sem aulas a cada operação. No dia 2 de maio, uma operação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Batalhão de Choque fez moradores reviverem o terror de ter suas casas invadidas pelos próprios policiais.

Em pelo menos quatro casas, os moradores tiveram prejuízos materiais, entre eles o fotógrafo Ubirajara Carvalho, o Bira, que é cadeirante e teve sua câmera fotográfica destruída, e o professor de geografia da Redes, Bruno Paixão. Os demais preferiram não se identificar; um deles sofreu agressões físicas. Os casos foram denunciados e, no dia seguinte, um perito e um delegado da 21ª DP estiveram na Maré para averiguar os fatos. A Corregedoria da Polícia Militar ficou de investigar os policiais denunciados e a Defensoria Pública deve entrar com ação contra o Governo do Estado.

Na casa de Bruno, quando ele disse aos policiais que a ação dentro de sua casa, sem mandado de busca e apreensão, era ilegal, o PM respondeu que isso era “discurso de direitos humanos”.

Esse tipo de atitude, ainda comum, foi uma das razões que levou ao desenvolvimento da campanha “Somos da Maré e Temos Direitos”, pela Redes da Maré, Observatório de Favelas e Anistia Internacional. A campanha continua nas ruas, com a distribuição de material informativo sobre os direitos dos moradores e como proceder em caso de violação.

As três instituições também decidiram acompanhar a fase Pré-UPP na Maré, por meio de registros do que vem ocorrendo. Leia essas matérias do site da Redes: www.redesdamare.org.br, na aba: Maré Pré-UPP.

[/toggle]
[toggle title=”Atividades no Centro social do Parque União”]

O Centro Social Tecno Boxe, que funciona no antigo escritório da Tecno Calha, fábrica de telhas, no Parque União, oferece a alunos dos 7 aos 18 anos aulas de jiu-jitsu, MMA, luta livre, capoeira, teatro, break dance e violão. Para a terceira idade, há dança de salão e ginástica. Há ainda uma academia de musculação para os jovens.

“Fui lutador amador; o esporte mudou a minha vida e pode mudar a de muitos. É por isso que desejo o projeto ainda maior, incentivando os jovens para um futuro através do esporte”, diz o presidente do centro, Francisco Braz, que reclama apenas da falta de patrocínio. A renda vem de um estacionamento no subsolo e de pequenos comerciantes que abraçaram a ideia. As aulas são gratuitas, menos a musculação (de R$ 35 a R$ 40). Fica na Av. Brigadeiro Trompowski, 200. De 2ª a 6ª feira, de 18h às 23h. Tel: 7833-7084 e 9610-4518.

[/toggle]
[toggle title=”Xô vans na zona sul”]

Passageiros ficam sem transporte alternativo

Por:  Hélio Euclides

Desde 15 de abril, a cidade do Rio de Janeiro ficou sem um meio de ligação direta entre as zonas norte e sul. A prefeitura proibiu a circulação de vans e kombis pelos bairros da zona sul, deixando muitos passageiros sem transporte direto, precisando pegar dois ônibus para chegar ao trabalho.

“Não temos condução; só há ônibus para a zona sul bem cedo e ficamos abandonados durante o restante do dia. Só nos resta a baldeação”, conta Michele Santana. Segundo o coordenador da linha 484 do Parque União, Amilton Gomes, a decisão afetou mais de 4.000 passageiros que circulavam nessas 21 vans.

O transporte alternativo era a única possibilidade de ligação do Parque União para Copacabana e bairros próximos. Moradores e trabalhadores de Rubens Vaz, Nova Holanda e Parque Maré também utilizavam as vans. De dentro da Vila do João também existia uma linha até Copacabana. Desde abril, os moradores precisam andar muito até a Avenida Brasil e lutar para conseguir um lugar no ônibus, que costuma passar lotado nos horários de rush.

[/toggle]
[/toggles]

 

Maré de Notícias #40

0

 

 

 

 

 

 

 

 

[toggles class=”yourcustomclass”]

[toggle title=”A segurança com a qual sonhamos”]

Atila Roque – Diretor Executivo, Anistia Internacional Brasil

O sistema de segurança e justiça no Brasil permanece profundamente marcado por uma noção de controle social voltada basicamente para a criminalização das populações pobres e negras, em particular dos jovens meninos e adolescentes residentes nas favelas e periferias de nossas cidades. Para esses jovens, o encontro com o agente de segurança quase sempre resulta em violência e, muitas vezes, em morte.

Os dados de homicídios provocados por policiais no Brasil se encontram entre os mais altos do mundo. A superação desse estado de coisas e a promoção de uma reforma profunda no sistema de segurança brasileiro permanece como uma das tarefas inacabadas da transição democrática.

O déficit de confiança existente entre as polícias e as populações das favelas corrói a legitimidade do Estado e precisa ser enfrentado em toda a sua complexidade, se quisermos dar um salto de qualidade no sentido da construção de uma política de segurança que seja expressão de um pacto efetivo para a realização de direitos e não instrumento de sua violação. Para isso é essencial a plena participação dos moradores e um diálogo amplo com o restante da cidade.

A ocorrência cada vez mais frequente de conflitos e mortes nas favelas ocupadas pela polícia tem deixado bem claro que a janela de oportunidade aberta com a experiência das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) começa a se fechar muito rapidamente. As práticas policiais nas favelas “pacificadas” não estão conseguindo superar um conceito original de “ocupação” profundamente marcado por uma concepção de cidade que não inclui a favela como parte de uma comunidade de direitos a ser compartilhada integralmente por todas as pessoas que nela residem, sem exceção.

O que temos visto é a persistência de uma narrativa de guerra que demarca os territórios de favelas como espaços a serem retomados de um exército inimigo (o tráfico), ocupados pela polícia e pacificados. As populações seriam, nessa versão, expectadores passivos desse esforço “liberador”, testemunhas “bestializadas” da história, como se disse uma vez do povo em relação a Proclamação da República.

A perspectiva de instalação, em breve, de uma UPP no conjunto de favelas da Maré deu origem à parceria inovadora entre a Redes da Maré, o Observatório de Favelas e a Anistia Internacional, com o objetivo principal de garantir o protagonismo dos cidadãos e cidadãs residentes neste território, na garantia de seu direito fundamental à segurança pública.

A campanha “Somos da Maré e Temos Direitos” é um resultado importante nessa colaboração e deu prosseguimento a um processo de reflexão que já vinha em curso sobre o papel da cidadania ativa, especialmente das populações de favelas, na construção de uma política de segurança consistente com os princípios fundamentais dos direitos humanos. É preciso aproveitar o momento atual para ampliar a conversação sobre a segurança pública com a qual sonhamos para o Brasil e para o Rio de Janeiro. As favelas não constituem territórios de “exceção” de direitos, conflagrados”, onde tudo é permitido em nome da “pacificação”.

As pessoas que aqui vivem exigem ser protagonistas plenos de um projeto de cidade que tenha a segurança pública como um direito fundamental de todas as pessoas, sem distinção do lugar onde residem. Um sistema de segurança pública que provoque orgulho nos profissionais que nele atuam e confiança nos cidadão e cidadãs que dele se beneficiam.

[/toggle]
[toggle title=”Prefeitura volta a dialogar com associações de moradores”]

Por Silvia Noronha

O vice-prefeito do Rio, Adilson Pires, assumiu o compromisso de retomar os encontros com os presidentes das associações de moradores, para dialogar e estabelecer prazos de execução das demandas locais. Em 25 de março, Adilson participou da reunião do coletivo A Maré que Queremos, na Nova Holanda. O projeto reúne os presidentes das 16 associações, em parceria com a Redes da Maré.

Em maio do ano passado, o prefeito Eduardo Paes já havia participado de uma reunião do grupo. Na ocasião, ele recebeu o documento elaborado pelo coletivo com propostas estruturantes para a melhoria da qualidade de vida nas favelas do bairro.

“Proponho retomar o documento para apresentar o prazo das ações e assumir um compromisso com data, com prazo para as coisas acontecerem aqui”, declarou o atual vice-prefeito. O coletivo ficou de atualizar as propostas para marcar uma nova reunião ainda neste mês de abril. “A prefeitura tem entendimento da importância da Maré no contexto da cidade”, frisou Adilson.

Mais garis nas ruas

Um dos problemas estruturais já discutidos na reunião foi a coleta de lixo. O diretor de Serviços da Comlurb, Luis Guilherme Gomes, adiantou que irá aumentar gradativamente o efetivo da companhia na Maré. Segundo ele, atualmente são 36 garis da Comburb e 72 comunitários, sendo 68 na ativa e quatro de licença.

De acordo com ele, o número ideal é um gari para cada mil habitantes. Na Maré, portanto, deveria haver um total de 130, se considerarmos o Censo do IBGE, que indicou a existência de 130 mil moradores. Entretanto, o Censo Maré, cujos dados estão sendo tabulados, deve revelar uma população local maior.

Luis Guilherme lembrou que a contratação de garis comunitários foi questionada pelo Ministério Público do Trabalho. Mesmo contrariada, a prefeitura deverá ser obrigada a substituí-los.

[/toggle]

[toggle title=”Plantando o futuro na escola”]

Crianças do Ciep da Vila do Pinheiro preparam horta e debatem sustentabilidade

Por Aramis Assis

Temas como água, lixo, saúde alimentar, agricultura urbana, energia e sustentabilidade são abordados com pais e alunos do Ciep Ministro Gustavo Capanema, na Vila do Pinheiro, primeira escola da Maré a receber a oficina de educação ambiental do Programa Criança Petrobras na Maré (PCP Maré).

Coordenada por Julia Rossi e Renato Paquet, a oficina foi inaugurada coletivamente, no final do ano, com a preparação de uma horta, instalada no espaço ao lado do refeitório da escola. O local está sendo utilizado como ambiente didático para os alunos explorarem a sensibilidade por meio do manejo da terra e do cheiro das plantas, além de estimular o debate sobre alimentação saudável.

Todos os envolvidos participam da manutenção da horta, cuja produção será utilizada nas refeições preparadas no Ciep. O material orgânico não aproveitado, como as cascas, será depositado em um minhocário para a produção de húmus.
Julia Rossi explica que “o trabalho busca a transformação social, pretendendo aguçar os sentidos dos alunos para transformações sustentáveis dentro dos seus espaços, como a casa e a escola”.

Outras ideias sustentáveis serão colocadas em prática. A proposta de construir um bosque na escola, por exemplo, reforça o desejo de Fernanda da Silva, de apenas 7 anos. “A escola tem pouca árvore, pouca sombra; tem que plantar mais árvores e flores”, defende.

O Ciep Gustavo Capanema já possui um histórico de trabalho com os temas ambientais. Há alguns anos a escola tem se mobilizado para conscientizar a comunidade acerca da questão do lixo, que era abundantemente depositado nos entornos da instituição. O movimento envolveu toda a comunidade, produziu bons resultados e desde então o tema foi integrado no programa da escola.

Assim, a entrada da oficina no Ciep está sendo muito bem recebida, como afirma Gisa Gonçalves, coordenadora pedagógica da escola: “A oficina vem como um grande apoio e um complemento ao nosso plano pedagógico”.

Educação ambiental nas escolas

Desde a Lei nº 6938, de 1981, diversas propostas tentam estabelecer a educação ambiental como disciplina a ser ministrada em todos os níveis de ensino. A lei, no entanto, nunca foi efetivada. Com a Rio + 20 – Conferência de Meio Ambiente, realizada no ano passado, no Rio –, a discussão sobre capacitação e percepção das crianças e jovens para as causas ambientais se tornou mais comum. É nesse contexto que a oficina quer atuar, por meio de metodologias que contribuam para futuros jovens e pais mais críticos e

atuantes em prol das causas ambientais.

[/toggle]
[toggle title=”Cultura e educação que atravessam a cidadania”]

De 13 de abril a 23 de junho acontece a segunda edição da exposição de arte contemporânea “Travessias”. O público, além de visitar a exposição, poderá participar de oficinas e encontros com personalidades de diversas áreas para discutir arte, cultura e vida contemporânea.

Por Rosilene Miliotti

O projeto “Travessias” tem o objetivo de incorporar a favela da Maré e seus moradores no mapa das artes visuais, evidenciando o papel do artista e da arte contemporânea em um processo de integração urbana e estética. “O Travessias é mais do que uma exposição de arte, é um projeto educacional. Cultura e educação são a base para a construção da cidadania”, explica Felipe Scovino, um dos curadores da exposição, crítico de arte e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Realizada pelo Observatório de Favelas e pela Automática, com patrocínio da Petrobras e da Secretaria Municipal de Cultura e parceria da Redes da Maré, a exposição tem como curadores Felipe Scovino e o artista plástico Raul Mourão, que reuniram dez artistas pela qualidade de suas obras e pelo poder de transformação: Arjan Martins, Cadu, Carlos Vergara, Ernesto Neto, Daniel Senise, Lucas Bambozzi, Luiza Baldan, Marcelo Silveira, Ratão Diniz e Vik Muniz.

“Participar dessa exposição enriquece tanto o público quanto os artistas. Todos estão muito felizes com o convite. Há uma expectativa do lado dos artistas sobre quem vai ver suas obras, se vão gostar ou não. Os trabalhos que serão expostos são inéditos ou significativos”, comemora Felipe.
O único artista da Maré é o fotógrafo Ratão Diniz, do Imagens do Povo. Felipe diz que ele é um ótimo artista. “Sempre desejei expor as produções fotográficas nas favelas que acompanho de perto, ainda mais aqui na Maré, minha casa. Essa é uma forma de eu dar o retorno aos fotografados. Nesse sentido, o Travessias caiu como uma luva”, comenta Ratão.

As fotos que estarão expostas são uma tentativa de traduzir um pouco do cotidiano da favela, representado através da cultura popular. “O que pretendo mostrar é a busca pela minha identidade, o reencontro de muitos momentos que fizeram parte da minha infância. Quero muito dialogar com o público, discutir assuntos que envolvem nosso cotidiano, mas cada um terá sua visão a partir da sua necessidade, seu posicionamento político, seu olhar; assim é a arte”, explica Ratão.

[/toggle]
[/toggles]

 

 

Maré de Notícias #39

0

 

 

 

 

 

 

 

[toggles class=”yourcustomclass”]

[toggle title=”Jorginho é bom”]

Músico da Maré faz sucesso por todo o Rio

Por Fabíola Loureiro

José Jorge Teixeira, de 57 anos, o Jorginho de Bonsucesso, é um sambista nato. Quando era pequeno, sua mãe cantava nos coretos das praças em Minas Gerais e Jorginho fazia paródias e poesias na escola, o que deixava sua antiga professora de Português admirada.

Aos 12 anos, Jorginho veio para o Rio de Janeiro, onde morou em um barraco na Rua Almirante Tamandaré, no Parque Maré, e atualmente vive na Vila do João. Seu primeiro CD foi com o Grupo Comunicasamba e contou com a participação do pandeirista Merildo Peçanha e outros bambas do samba, todos moradores da Maré. Além de cantor, Jorginho toca cavaquinho e há 30 anos é compositor da GRES Estação Primeira de Mangueira.

Durante a semana, o cantor trabalha como torneiro mecânico, mas nos fins de semana sempre faz shows. Costuma marcar presença nas rodas de samba dos grupos Já é e Lá Samba, na Maré, dando uma “canja”. Nas noites de quinta-feira canta no Sublime Relicário, que fica na Lapa; e às sextas, no restaurante Severina, em Laranjeiras.

“Meu estilo musical é o samba e minhas músicas falam do dia-a-dia da população. Tenho feito show todas as sextas no Severina e lá são vendidos os meus CDs. Sambista eu sou desde sempre, mas com 13 anos eu comecei a escrever letras de músicas e não parei mais. O meu terceiro CD está bem eclético, com sambas homenageando a Mangueira, músicas que falam do nosso cotidiano e uma até que fala sobre a Região dos Lagos. Também já está sendo vendido, mas estou vendo um local para fazer o lançamento oficial”, conta o sambista.

[/toggle]
[toggle title=”Da lata para o livro”]

Fotografia e literatura são os fios condutores do projeto Mão na Lata, que lança seu segundo livro. A obra reúne fotos e textos produzidos por 15 jovens da Maré

Por Rosilene Miliotti

Uma lata com um pequeno furo, fita isolante e histórias para ler e narrar. Fonte de inspiração, os contos de Machado de Assis serviram de base para compor o ensaio fotográfico e as narrativas próprias. O resultado é uma leitura particular do Rio de Janeiro de hoje e o Rio de Janeiro que um dia abrigou Machado e suas histórias no livro “Cada dia meu pensamento é diferente”.

Jonas Willami Ferreira, 15 anos, responsável pela frase-título do livro, diz que “cada dia não sou eu, sou eus. Cada dia eu me sinto único. Quando abro os olhos pela manhã, ouço o silêncio dos meus pensamentos”.

“Queríamos um título capaz de ressaltar a qualidade cambiante do pensamento reflexivo, conquistado pelos alunos, após um prolongado processo de  criação”, explica a fotógrafa e designer Tatiana Altberg, coordenadora do projeto Mão na Lata.

Além de registrar em fotos os locais citados na obra de Machado de Assis, o projeto une literatura, fotografia, geografia urbana, história, pesquisa e arte, dando ao leitor a oportunidade de viajar no tempo e no espaço e conhecer a dinâmica de uma cidade e de uma sociedade que se desenvolvem em ritmo acelerado.

“Os meninos vão aprendendo a pensar as histórias e a gostar de seus personagens, sem se dar conta disso. Construir imagens faz com que eles se envolvam de tal maneira que a resistência em relação à leitura é quebrada aos pouquinhos, e nesse lugar nasce o gosto pela criação, ao invés do medo da prova”, comemora Tatiana.

“Machado de Assis trabalha de um modo imperceptível, como uma formiguinha, não entrega tudo”, diz Juliana de Oliveira, 14 anos. Já Nicole Cristina da Silva, 12 anos, define sua experiência com a fotografia dizendo que “o bom da câmera é que a gente escolhe a nossa janela”.

[/toggle]
[toggle title=”Mães artesãs da Maré”]

Conversas, trocas, risos e artesanato unem mulheres que aproveitam material reciclado para produzir peças criativas

Por Fabíola Loureiro

Com o objetivo de trabalhar a auto-estima das mulheres da Maré e proporcionar geração de renda para as participantes, foi criado em julho de 2010 o projeto Mães da Maré, que desenvolve técnicas artesanais para produzir bijuterias indígenas, crochê e peças com aproveitamento de garrafas pet e tampinhas de plástico. Atualmente o projeto é formado por oito mulheres. Este ano, o grupo foi o responsável por confeccionar os ornamentos (colares e cocares) da comissão de frente da Mangueira para a Sapucaí.

A coordenadora do projeto, Twry Pataxó, explica que o grupo não é apenas uma sala de artesanato, mas também um local de conversas, terapia e troca de experiências. “Muitas mulheres chegam sem saber nada e no grupo aprendem um pouco de cada técnica. Contamos piadas, rimos, choramos. Nos encontros as mulheres despertam para o mundo, como foi o caso da Kelly, que era apenas dona de casa, mas sentiu necessidade de voltar a estudar e foi fazer o Curso Pré Vestibular na Redes”, afirma.

Maria Silvina de Oliveira, 58 anos, moradora do Parque Rubens Vaz, participa desde o início do projeto. Ela conta que na época estava desempregada, ficava em casa sem fazer nada e não achava trabalho por causa da idade. Não sabia fazer nada de artesanato, mas viu alguns trabalhos prontos e teve vontade de aprender.

“Estava quase entrando em depressão por causa dos problemas, mas ao vir para o grupo comecei a ficar animada, pois a convivência com as mulheres é muito boa, a gente brinca e se alguém pensa em desistir a gente ajuda a perseverar. O artesanato não dá muito lucro. A gente vai atrás de tecido, garrafa, tampa e tudo que pode ser reaproveitado. Tem que saber fazer direito, caprichado, pois artesanato é algo que dá trabalho de fazer”, disse Maria.

[/toggle]
[toggle title=”Sem saída”]

Roquete Pinto pede passagem em direção ao centro da cidade

Por Silvia Noronha

Roquete Pinto perdeu uma importante via de saída, que dava acesso rápido à Avenida Brasil em direção ao centro. É que a Rua Santo Adalardo, que contorna a comunidade, virou mão única, servindo somente a quem vem da Ilha do Governador em direção à zona norte. O contrário não é mais permitido desde outubro, quando a prefeitura revitalizou a via. Com o asfalto liso e o trânsito em mão única, os veículos passaram a trafegar pelo local em alta velocidade. Para piorar a situação, não há como chegar à Escola Municipal Tenente General Napion sem atravessar a rua, que não tem sinal ou quebra – molas em toda a sua extensão.

“Tem gente que se arrisca. Às vezes vem um caminhão atrás do outro, fico até 10 minutos esperando. Depende do dia. Os  carros correm muito”, conta o adolescente Rodrigo Jhallys, estudante da General Napion. Seu colega Vanderson Simão da Silva também não gosta de enfrentar o trânsito. “Mas não tem como escapar. Tenho que atravessar”, conta ele.

Altemir Cardoso, presidente da Associação de Moradores de Roquete Pinto, faz um apelo à prefeitura para que, ao menos, instale sinal de trânsito na via. Mas o que ele reivindica mesmo é uma via de acesso rápido à pista da Av. Brasil em direção ao centro. “Peço à prefeitura que analise a situação, pois atualmente damos uma volta enorme. Precisamos sair em direção à zona norte, pegar o elevado da Penha e a Av. Lobo Júnior para então acessar o outro lado da Av. Brasil. Não tem outro caminho. Além disso ficou impossível chegar rapidamente ao Hospital Federal de Bonsucesso”, preocupa-se ele.

No final do ano, os moradores tiveram que implorar aos policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) para passar por dentro do antigo 24° Batalhão de Infantaria Blindada (BIP). É que duas crianças haviam sido atropeladas dentro da comunidade e os moradores queriam chegar rápido ao hospital para socorrer as meninas.

Por falar em Bope, o batalhão deve migrar totalmente para Roquete Pinto no meio do ano. Com isso, moradores que estavam construindo casas de alvenaria coladas ao muro da unidade foram impedidos de continuar suas obras. São 32 casas ameaçadas de demolição. “Estamos lutando pela permanência de todas as casas”, defende Altemir.

[/toggle]
[/toggles]

 

Maré Notícias #38

0

 

 

 

 

 

 

 

 

[toggles class=”yourcustomclass”]
[toggle title=”Para os índios da Maré, tudo!”]

Grupo busca projetos para o fortalecimento da cultura e identidade dos índios que vivem na Maré

Por Silvia Noronha

O Grupo Raízes Históricas Indígenas deseja conhecer melhor os índios do Rio de Janeiro e decidiu começar o trabalho pela Maré. Fomos escolhidos porque nossas comunidades concentram o maior número de indígenas em situação urbana entre os bairros cariocas. São mais de 5.000, segundo o Censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O objetivo do mapeamento é obter informações que contribuam para o desenvolvimento de políticas públicas voltadas para os indígenas nas áreas de educação, saúde, meio ambiente e sustentabilidade e formação de liderança. O fortalecimento da identidade, auto-estima e da cultura indígena fazem parte do trabalho.

Na Maré, o grupo começou a coletar informações junto às equipes das Clínicas da Família e pretende descobrir outras organizações que tenham cadastro de indígenas locais. A ideia é promover eventos e ações que aproximem os índios para que eles participem dos projetos que serão criados. O primeiro deles já está garantido: a PUC-Rio vai patrocinar um curso pré-vestibular, a ser oferecido em parceria com a Redes da Maré. Quem passar no vestibular da PUC   erá bolsa de estudos integral. Como contrapartida, o aluno fará pesquisa de campo em aldeias indígenas, o que, além de permitir que ele pratique a cultura indígena, poderá abrir caminho para um futuro curso de mestrado.

“Desejamos incentivar a formação, por exemplo, de historiadores para que a história do país seja contada pelos povos originários desta terra, que são os indígenas; engenheiros que trabalhem a questão ambiental nas aldeias; médicos que entendam questões de saúde específicas, pois há doenças étnicas como a intolerância à lactose, que é característica dos indígenas”, cita Anápuáka Muniz, que é proveniente do povo Pataxó Hãhãhãe, do sul da Bahia, que, por sua vez, é da etnia Tupinambá.

Twry (moradora da Maré), Anápuáka, e Papión Karipuna (ou Cristiane), que estão à frente do mapeamento, dizem que os indígenas que moram nas cidades formam uma “aldeia urbana”. “Em geral, viemos para a cidade e perdemos nossa própria cultura. Quando nos unimos e nos encontramos, promovemos um resgate cultural”, explica Cristiane.

Os adereços indígenas que eles fazem questão de levar são uma estratégia de identificação. Os três sentem preconceito na rua, mas seguem firmes trabalhando a auto-estima e lutando contra as atitudes hostis e o preconceito. “Somos estrangeiros na nossa própria terra”, observa Anápuáka. É bom lembrar que os povos originários do Brasil são os indígenas e mesmo aqui, onde hoje estão as comunidades da Maré, era habitado por índios há 8 mil anos.

O Grupo Raízes Históricas Indígenas foi formado no ano passado, após a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente, a Rio + 20. Entre os participantes está Twry Pataxó (pronuncia-se “Turi”), que muitos já conhecem. Desde 2010, ela coordena o grupo Mães da Maré, que reúne mulheres das nossas comunidades que fazem artesanato com material reciclado e vendem para diversas lojas Brasil afora.

[/toggle]
[toggle title=”Ameaça ao ir e vir”]

Licitação da prefeitura prejudica usuários e motoristas de kombis

Por Hélio Euclides

A licitação do transporte alternativo do município virou polêmica. O ato promovido pelo prefeito Eduardo Paes não agradou aos motoristas de kombis, que se sentem prejudicados por não terem sido ouvidos. Com isso, inúmeras linhas atuais ficaram de fora da licitação aberta pela prefeitura. Se for mantido o processo licitatório, no segundo trimestre deste ano a Maré contará com uma única linha, cujo trajeto ainda não foi divulgado. Outras terão direito apenas de cruzar a Avenida Brasil fazendo a ligação Bonsucesso x Ilha do Governador. Todas funcionarão 24h por dia.

“Entregamos uma carta ao antigo secretário de Transportes, Alexandre Sansão, garantindo que passaríamos a ter kombis novas e que os motoristas fariam curso de direção. Contudo, não obtivemos resposta até hoje, e ainda levamos corrida da Polícia Militar e do Detro (Departamento de Transportes Rodoviários, do governo do estado)”, conta o coordenador dos Cabritinhos da Maré, Ademir Mattos.

O diretor do Sindicato dos Permissionários dos Serviços de Transporte de Passageiros e Comunitário do Município do Rio de Janeiro (Sindvans-Rio), Paulo Oliveira, acredita que o transporte alternativo é de suma importância para comunidades  que não têm condições de receber ônibus. “Esse processo das licitações é uma agressão à lei. Estamos organizando um mandado de segurança contra a barbaridade que o prefeito está realizando, tudo para nos prejudicar. Ele rasgou um acordo que tinha feito antes da eleição, e inventou essa licitação logo no recesso parlamentar. Tudo nos leva a crer que ele quer o extermínio da categoria”, critica Paulo.

Ademir, por sua vez, critica ainda as exigências da  licitação, pois o motorista não consegue concluir o processo de legalização. Entre as exigências, estão aquisição de vans (não haverá mais kombis) e motoristas com ensino médio completo. Não poderá mais haver cooperativas.

Moradores querem “cabritinhos”

Para ele, a solução seria a legalização dos cabritinhos, nome dado às kombis de transporte alternativo de pequenos trajetos, que circulam com uma faixa azul escura no seu entorno. “Estamos com 16 mil assinaturas de moradores de toda a Maré, reivindicando a regulamentação dos cabritinhos para Bonsucesso. Já tentamos falar com o prefeito duas vezes, e ele não nos atendeu. Os motoristas todos têm carteira ‘D’; só na linha do Pinheiro são 11 cabritinhos, ou seja, 11 famílias que precisam do sustento”, desabafa. Os cabritinhos começaram em 1967, no Morro dos Cabritos, em Copacabana, por isso o transporte recebeu esse nome.

A assessoria do prefeito Eduardo Paes informou que já realizou o processo de licitação das vans. O lote 3.2, que abrange a Leopoldina, reuniu 546 vagas e 26 linhas. A previsão é de que o resultado seja publicado no Diário Oficial do Município no mês de abril.

[/toggle]
[toggle title=”Navegue com segurança!”]

Conheça os riscos da internet e saiba como preveni-los, principalmente se você tiver crianças e adolescentes em casa

Por Mirella Domenich

A internet faz parte de nosso cotidiano, seja em casa, nas lan houses, no trabalho. Ao mesmo tempo em que ela traz diversas possibilidades de aprendizado e de interações, também pode nos expor a alguns perigos, como crimes de pornografia, incitação da violência e de preconceitos.

Dados divulgados pela ONG Safernet apontam que sete entre dez crianças entre 11 e 12 anos possuem perfil nas redes sociais e que 16% fizeram contatos com desconhecidos em jogos online. Ao mesmo tempo, metade dos pais e das mães não verificam as pessoas adicionadas no perfil da rede social dos seus filhos e 74% deles reconhecem que deveriam fazer mais em relação ao uso da Internet por seu filho.

Tanto o adulto quanto a criança precisam saber como se comportar na internet para tirar o melhor proveito dela. Pensando nisso, o Maré de Notícias selecionou algumas dicas para você navegar com segurança.

Se você é adulto e tem criança em casa…

• Navegue sozinho ou com seus filhos. Peça-lhes que ensinem o que sabem e navegue algumas vezes. Essa é uma boa forma de proteção, pois você não pode lutar contra o que não conhece!
• Estabeleça regras razoáveis de uso da internet, que possam ser cumpridas. Por exemplo: durante a semana, permita o uso da internet para tarefas escolares e estipule um tempo para isso, fixe horários nos fins de semana que possam ser alternados com atividades ao ar livre;
• Saiba onde seu filho navega e que sites ele frequenta;
• Instrua seu filho a não divulgar dados pessoais;
• Verifique se alguns sites ou redes sociais têm mecanismos de segurança e utilize-os. Algumas informações podem ser privadas ou públicas, e é importante ficar atento;
• Não use fotos em alta resolução na construção de perfis em redes sociais.
• É recomendado utilizar apelidos. “Não fale com estranhos”. Isso deve servir também para a comunicação virtual;
• Caso encontre algum material violento ou ofensivo, explique a seu filho o que pretende fazer sobre o fato.

Se você é criança ou adolescente…

• Peça sempre permissão para seus pais quando for entrar na internet;
• Não converse com estranhos, nem aceite nada deles na internet sem autorização de seus pais;
• Nunca use seu nome verdadeiro nos jogos, no chat, e-mail ou site de relacionamento;
• Não dê, nem mostre seu endereço, telefone, nome da escola ou dos parentes;
• Sempre que acontecer algo estranho, chame um adulto de confiança para denunciar.

Fonte: Safernet Brasil.

[/toggle]
[toggle title=”Novo Espaço Infantil na Maré”]

A prefeitura inaugurou, no dia 1º de fevereiro, mais um Espaço de Desenvolvimento Infantil (EDI) na Maré. O EDI Professora Solange Conceição Tricarico fica na Avenida Guilherme Maxwell, n° 107, onde ficava o antigo Sesi Maré, atrás da Escola Municipal Bahia. Esses espaços são destinados à educação na primeira infância, juntando creche e pré-escola. Atende crianças de seis meses a 5 anos e 11 meses de idade.

[/toggle]
[/toggles]

 

Clima de apreensão na maior favela do Rio

0
[vc_tta_tabs style=”modern” shape=”round” color=”white” spacing=”” active_section=”1″][vc_tta_section title=”Versão em português” tab_id=”1522935436901-43e0fa87-336f”]
Artigo de Eliana Sousa Silva, diretora da Redes, publicado dia 22 de fevereiro de 2013 no jornal O Globo , sobre a chegada da UPP na Maré.

A notícia da entrada da UPP na Maré, maior favela do Rio de Janeiro, chega precedida de forte especulação. Afinal, não se sabe quando e como será instalada. Diante disso, os moradores aguardam a confirmação da ação com expectativa e apreensão. Em geral, eles entendem que essa iniciativa representa a chegada, embora tardia, do direito à segurança pública. Sem duvida, a garantia desse direito é um passo importante para a legitimação da condição de cidadão dos moradores desses territórios.

Há muitos desafios a serem considerados na extensão da UPP, por ser uma ação no campo da segurança que intenciona, avalio, de maneira progressiva, tornar-se política pública. A complexidade em pauta que intriga e aviva governantes, estudiosos do tema, profissionais da área e todos que vivem nesse estado, precisa ser considerada com matizes que combinem bom senso e reconhecimento do que já se produziu até aqui. Diante disso, a população não pode ser apenas testemunha do que estar por vir e que chega carregada com ares de espetacularização.

No caso da Maré não se pode deixar de considerar o histórico de luta e conquistas de seus moradores que, desde a formação de cada uma das 16 favelas ali existentes, buscaram ampliar e efetivar direitos básicos. Em função disso, a região possui variados equipamentos públicos, incomuns na grande maioria das favelas cariocas. Mas isso não é suficiente. Ainda falta qualidade nos serviços prestados, assim como muitos outros direitos ainda são negados.

Chamo atenção, ainda, para a articulação das Associações de Moradores da Maré que de maneira singular protagonizaram no tempo todas as conquistas assinaladas e, mais recentemente, se fazem representar a partir do movimento “A Maré que Queremos”. Essa iniciativa que, desde fevereiro 2010, vem reunindo mensalmente as 16 instituições comunitárias e outras organizações formulou um documento com as demandas estruturais para a Maré e vem, de maneira paulatina, discutindo com os diferentes órgãos públicos como garantir qualidade e ampliação dos serviços e direitos básicos para a região.

Como se pode observar, há um longo e frutífero trabalho que já se conforma na Maré, mas, sem dúvida, um direito ainda a ser perseguido é o da segurança pública. E ai chegamos a um ponto que devemos assinalar, qual será a agenda da segurança pública para a Maré com a chegada da UPP?. Veremos acontecer iniciativas inerentes a esse campo, como identificação e enfretamento das violências relacionadas ao abuso de crianças e adolescentes, de mulheres, de mediação de conflitos, de acesso à justiça?. Os direitos dos moradores de ir e vir, de privacidade e de expressão serão preservados?

Como já noticiado, a Redes da Maré, a Anistia Internacional e o Observatório de Favelas iniciaram a campanha “Somos da Maré e Temos Direitos” no intuito de contribuir para a garantia desse conjunto de direitos e fortalecer as políticas públicas no campo da segurança, através do esclarecimento do morador sobre os
seus direitos e deveres no momento de uma abordagem policial: nada de dificultar a ação dos policiais, mas o Estado deve respeitar premissas básicas, tais como não entrar nas casas sem a permissão dos moradores.

Desse modo, não assistiremos de forma passiva à ação das forças de segurança. Elas devem representar a chegada efetiva de uma perspectiva de presença republicana do Estado e não funcionar como um “Exército de Ocupação”, considerando que está em um território de guerra e com seus moradores sendo considerada a “população civil do exército inimigo”.

Como cidadãos, o reconhecimento do direito à segurança pública dos moradores da Maré, dentre todos os outros, deve ser o ponto de partida. E essa é a nossa perspectiva diante da possibilidade de chegada da nova estratégia de segurança pública que vem sendo construída pelo governo estadual.

Eliana Sousa Silva
Diretora da Redes da Maré; diretora da Divisão de Integração Universidade Comunidade da UFRJ.

[/vc_tta_section][vc_tta_section i_type=”openiconic” i_icon_openiconic=”vc-oi vc-oi-exchange” add_icon=”true” title=”English version” tab_id=”1522935436930-38c52756-5582″]

O GLOBO

 

Apprehension atmosphere in the largest Rio favela

 

ELIANA SOUSA SILVA

News of UPP entry in Maré, Rio de Janeiro’s largest favela, comes preceded by great speculation. After all, no one knows when or how it will be implemented. Thus, residents await confirmation with anticipation and apprehension. They understand that this initiative represents the coming, though late, of the right to public security. In fact, the guarantee of this right is an important step to legitimize the citizen status of residents in these areas.

Many challenges must be considered in the expansion of the Pacifying Police Unit (UPP), for being an action in security intended to progressively become a public policy.  The complexity of this issue that intrigues and encourages the area leaders, researchers, professionals and all those who live in this state should be considered with nuances that combine common sense and recognition of what has already been done to date. With this in mind, people should not just watch what is about to come, something that comes with an air of spectacle.

In Maré one mustn’t fail to consider the history of struggle and achievements of its residents who, since the formation of each of its 16 existing favelas, have sought to extend and bring about basic rights. As a result, the region has various public facilities, uncommon in most Rio’s favelas. However, this is not enough. Quality of services rendered is still lacking, and many other rights are still denied.

An aspect that also deserves attention is the articulation among Maré Residents’ Associations which, in a unique way were able to secure many achievements and more recently have joined in the movement “A Maré que queremos” (The Maré We Want). This initiative has, since February 2010, brought together on a monthly basis the resident associations and other organizations of all 16 communities that constitute Maré. They have formulated a document with structural demands and together with the different public organs, have been gradually discussing how to guarantee the quality and extension of services and basic rights to the region.

So, there is a long and fruitful work already in place in Maré, but public security remains a right to be pursued. And then we come to a point worth highlighting: what will be the agenda for public safety in Maré with the arrival of the UPP? Will we see initiatives inherent to this field, such as identification and addressing of violence against children, adolescents and women, mediation of conflicts, access to justice? Will residents’ rights to come and go, to privacy and to freedom of expression be protected?

As has been reported, Redes da Maré (Maré Development Network community NGO), Amnesty International, and Observatório de Favelas (Public Interest Civil Society) launched the campaign ‘Somos Maré e Temos Direitos’ (We are from Maré and we have rights), intended to contribute to ensure this set of rights and strengthen public policies in security, by explaining to residents what their rights and duties are at the moment of a police approach: do nothing to render difficult police action, but the State must respect basic principles, like not entering houses without resident permission.

Hence, we won’t passively watch the security forces’ actions. They should represent the effective arrival of the presence of a republican state and not work as an “Army of occupation,” considering that they are in a war zone and looking upon its residents as the “civil population of the enemy army”.

As citizens, the recognition of the right to public security of Maré residents is, among all others, the starting point. And this is our point of view in face of the possible arrival of a new public security strategy being built by the state government.

Eliana Sousa Silva is Redes da Maré Director and Rio de Janeiro Federal University Community Integration Division Director

[/vc_tta_section][/vc_tta_tabs]

Maré de Notícias #37

0

 

 

 

 

 

 

 

[toggles class=”yourcustomclass”]

[toggle title=”Essa rua é toda minha…”]

Por Aramis Assis

Primeiras ruas começam a receber placas de identi?cação feitas em azulejo pintado à mão

Crianças e adolescentes participaram da confecção das primeiras placas de  azulejo com os nomes das ruas da Maré,  inicialmente da Nova Holanda, comunidade onde a experiência teve início. A ideia básica é o resgate das histórias das ruas pelos moradores como forma de se criar uma   identidade própria para cada uma delas. Essa ação complementa as intenções do Censo Maré, realizado pela Redes em parceria com o Observatório de Favelas.

A arte-educadora e azulejeira Márcia Queiroz conta que iniciou o trabalho com as crianças e adolescentes por meio do Guia de Ruas da Maré, lançado no ano passado pela Redes, trazendo o mapeamento das 16 favelas. O guia é fruto da primeira fase do Censo Maré, que mapeou todo o bairro. Foi quando ela percebeu que muitos não têm conhecimento da cidade em que vivem, nem mesmo da própria comunidade. “Apropriar-se e gostar do lugar onde se vive é fundamental, pois a partir da observação as crianças se tornam mais críticas, se sentem seguras para agir dentro do seu espaço”, explica.

A atividade é fruto do trabalho pedagógico realizado pelo Projeto Maré de Ruas e Histórias, iniciado no segundo semestre de 2012, por meio da oficina de Arte sobre Azulejos. A ação é uma iniciativa da Redes, por meio do Programa Criança Petrobras na Maré (PCP-Maré).

O comerciante Sebastião Felício dos Santos foi um dos entrevistados pelo projeto sobre a origem do nome da Rua 15 de Janeiro. Ele se orgulha de ter sido um dos antigos moradores que ajudaram a escolher o nome devido à data em que Tancredo Neves venceu a eleição das Diretas Já, em 1985. “Todos gostaram do nome que ajudei a escolher. Moro na Maré há 50 anos, conheci minha esposa e criei meus filhos aqui. Gosto muito daqui e não pretendo sair nunca”, conta.

A aluna da oficina Andressa Henrique é uma das crianças participantes do projeto. Em um dos encontros ela fez um desenho comparando as ruas da Maré com as da Paraíba, evidenciando que lá há mais praças e árvores. Ela diz que adora a Maré e queria que as ruas tivessem mais espaço para brincar com as amigas.

Pertencimento e apropriação do espaço

O projeto piloto prevê, inicialmente, a colocação de 32 placas na Rua Sargento Silva Nunes e transversais. As ruas que tiveram a origem do nome identificada pelos moradores trazem na placa o motivo da escolha. “A proposta, iniciada juntamente com Eliana Sousa Silva, umas das diretoras da  Redes, envolve a confecção das placas junto com os moradores, não só para organizar e ordenar o espaço urbano, mas para trabalhar uma ideia mais concreta sobre o lugar onde se vive”, afirma Laura Taves, arquiteta e coordenadora do projeto Formatura da turma do Maré de Sabores
em dezembro: formação em gastronomia, gênero e cidadania O projeto é pensado como uma ação efetiva que envolva diretamente os moradores. A partir dessa primeira ação na Nova Holanda, objetiva desenvolver diversas atividades que tornem possível a mobilização e envolvimento dos moradores na elaboração de um “Plano Territorial para a Maré”, adianta Eliana.

As ruas contam histórias e nomeá-las não significa apenas um ato de identificação, mas também de pertencimento e apropriação daquele espaço. Para se exercer o direito à cidade é primordial o reconhecimento do espaço em que se vive, para torná-lo visível. É essencial que os moradores sejam protagonistas nesse processo e o Maré de Ruas e Histórias alça voo nesse sentido, pretendendo alcançar o reconhecimento de toda a cidade.

[/toggle]
[toggle title=”Não à tuberculose”]

Por Fabíola Loureiro

Maré oferece tratamento gratuito e e?caz

O Centro Municipal de Saúde Samora Machel vem desenvolvendo palestras e oficinas voltadas para a promoção da saúde, com ênfase na tuberculose. Entre os objetivos estão detectar possíveis pacientes com a doença, divulgar a importância do tratamento – que é público, gratuito e eficaz – e diminuir o preconceito.

A agente comunitária de saúde, Márcia Cristina Pereira, diz que a tuberculose é uma doença altamente contagiosa, afetando principalmente os pulmões, mas também pode ocorrer em outros órgãos, como ossos e rins. Na região da Coordenadoria de Saúde da Área de Planejamento 3.1 (CAP 3.1), que envolve Ilha do Governador e Zona da Leopoldina, houve um total de 47 óbitos por tuberculose no primeiro semestre de 2012, sendo 10 na Maré. Com o Programa Saúde da Família, os casos podem ser descobertos e tratados a tempo.

“Há uma dificuldade em assumir a doença. Por isso, as unidades de saúde estão buscando os pacientes e possibilitando o tratamento. Quando chega um paciente, toda a família é investigada e é feito um histórico dos seus contatos: família, amigos, vizinhos”, explica.

O tratamento dura seis meses e não pode ser interrompido. Porém, depois de 15 dias, muitos pacientes sentem uma melhora e acabam abandonando o tratamento. Com isso, eles se tornam resistentes aos medicamentos e continuam contaminando amigos e familiares. Segundo Márcia, o paciente pode escolher se busca a medicação no posto ou se o agente comunitário leva em seu domicílio. Ela lembra ainda que as crianças também estão vulneráveis, mas que  os sintomas são diferentes dos adultos. Se a criança tiver contato com algum paciente, deve procurar a unidade para efetuar os exames.

Maria José Barreto, moradora do Parque Maré, conta que seu filho pegou tuberculose, fez todo o tratamento e agora está curado. “Quando ficamos sabendo, nós o apoiamos e eu sempre fiquei muito presente. No início tivemos um pouco de cuidado para não ter contaminação, mas depois de 25 dias de tratamento o médico disse que já poderia ter contato com a família, pois não tinha mais risco de contágio”, revela Maria José.

De olho nos sintomas:
-Tosse seca e contínua por mais de três semanas;
-Cansaço excessivo;
-Febre baixa, geralmente à tarde;
-Sudorese noturna;
-Falta de apetite;
-Palidez e fraqueza;
-Emagrecimento acentuado;
-Rouquidão e dificuldade na respiração.

[/toggle]
[toggle title=”Solidariedade para pacientes da Maré”]

A campanha Natal Sem Fome na Maré surgiu de uma reunião na Unidade de Saúde da Família Hélio Smidt. O propósito da ação foi de arrecadar alimentos para ajudar na ceia de pacientes. A coleta começou no local, depois a campanha se estendeu para o Facebook. No total foram conseguidas 113 cestas básicas, que além de alimentos tinham também materiais de limpeza e higiene. Todas foram distribuídas na manhã de 21 de dezembro.

[/toggle]
[toggle title=”Receita: Torta de limão”]

Enviada pelas alunas do Maré de Sabores

Massa:
– 250g de farinha de trigo
– 100g de manteiga
– Uma colher de sobremesa de açúcar
– 100 ml de água

Misture todos os ingredientes em uma bacia até a massa soltar das mãos e ficar macia. Forre uma forma de fundo falso, fure com um garfo e
ponha para assar em forno médio por 10 minutos ou até ficar dourada.

Recheio:
– Duas latas de leite condensado
– Duas latas de creme de leite sem soro
– Suco de seis limões

Bata tudo no liquidificador e coloque na forma junto com a massa assada.

Cobertura:
-Três claras
-Três colheres de açúcar

Bater na batedeira até virar suspiro. Colocar por cima do mousse de limão, fazendo uns biquinhos com o garfo. Jogue um pouco de raspa de limão
por cima e leve ao forno até dourar. Espere esfriar, leve à geladeira por 1 hora e desenforme.

[/toggle]
[/toggles]