Home Blog Page 533

Com 44 escolas, Maré ganha uma Subgerência Municipal de Educação

0

Hélio Euclides

A professora Fátima das Graças Lima Barros é coordenadora da 4ª Coordenadoria Regional de Educação e tem a incumbência de organizar uma Subgerência na Maré.  Tivemos uma conversa com ela.

Como surgiu a ideia de uma Subgerência na Maré?

No início do ano houve um grande conflito no limite ou divisa, como falam. Um diretor pediu socorro pelo WhatsApp. Eu era conselheira da Rede de Educação, e tínhamos uma reunião depois do carnaval, na Maré. Então com apoio da 30ª Região Administrativa (RA), enviamos fotos do que se passava, e o Secretário de Educação, Cesar Benjamin, antecipou a reunião. Nela foi formado um Grupo de Trabalho que reúne cinco diretores que pensaram ações, como a criação de uma Subgerência da CRE.

  1. Quem assumirá a Subgerência?

A diretora da Escola Escritor Lêdo Ivo, Marisa Matos, vai assumir. Ela conhece bem a Maré e vai acrescentar muito. Essa Subgerência vai possibilitar ações mais rápidas e um olhar mais próximo da Secretaria. Em agosto pretendemos inaugurar esse trabalho no prédio da Região Administrativa.

  1. Como a escola pensa segurança?

Um Decreto da antiga Secretária, Cláudia Costin, deu autonomia para o diretor suspender ou não as aulas. Hoje, os diretores entram num consenso, com o uso do WhatsApp. Depois a escola se programa como vai suprir a questão pedagógica; cada uma faz do seu jeito, há democracia. Um exemplo: a Escola Olimpíadas Rio 2016 fez uma plataforma digital, pensando em uma aluna com problemas de saúde. Depois se avançou para recuperar dias perdidos. A Secretaria está com parcerias para, no futuro, essa conectividade chegar a toda a Maré, na qual o aluno vai interagir por meio do celular. Uma pró-atividade que começou na Maré.

 

  1. O que farão contra o vandalismo?

Algumas escolas são arrombadas e se gasta muito com cadeados novos. O importante é mostrar ao morador que a escola é dele e todos precisam cuidar. Na quadra dos CIEPs Elis Regina e Samora Machel estamos em contato com a Região Administrativa, para se criar um novo local de lazer para a Maré. O objetivo é expor que é preciso ter regras para que todos possam usufruir de espaços públicos, com cuidado para não estragar nada.

  1. Existe algum projeto para a Praia de Ramos e Marcílio Dias?

Ainda existe um deficit, mas não é só construir, existe a responsabilidade com a estrutura. Na Praia de Ramos o que falta é a Educação Infantil para crianças com até dois anos de idade. Já na Kelson’s só tem a Escola Primária Cantor e Compositor Gonzaguinha, e o planejamento deverá ser maior. Boa parte das crianças e adolescentes precisa andar quatro quilômetros para estudar do outro lado da Avenida Brasil. A Kelson’s precisa entrar no mapa da Maré.

  1. Ainda há falta de professores na Maré?

Hoje, praticamente, não há carência. O concurso e a dupla regência supriram a falta que existia. O Secretário vai se reunir com o Prefeito para o retorno da dupla regência, o que depende de orçamento. Hoje (14/07), são seis vagas de professores, mas em meia hora esse número pode mudar. Ocorrem, diariamente, as licenças temporárias, especialmente após confrontos, quando profissionais ficam abalados e doentes. A mídia atrapalha, pois faz propaganda negativa da Maré, o que afasta o recém-contratado. Quando passa no concurso, o professor não deseja ir para a Maré, mas quem vai não deseja sair.

  1. No passado foi divulgada a migração como solução para falta de professores. Hoje não é mais utilizada essa opção?

A migração de professores que trabalham 16 e 22 horas para 40 horas foi suspensa, por motivo de orçamento. Mas estamos solucionando de outras formas.

  1. Qual a avaliação do turno único?

É a melhor coisa que pode acontecer. O aluno permanece sete horas na escola, onde aprende e o profissional ensina, ambos de uma forma calma. O professor tem mais tempo para planejar. Criança precisa estar na escola, com estrutura para ela aprender valores. Nessas horas, o aluno tem atividades como Educação Física, Artes, Língua Estrangeira e Educação Musical. Além do ensino curricular e atividades, a carga horária prevê alimentação. Em algumas escolas há o Programa Mais Educação, quando além das sete horas, é acrescida uma carga horária de uma ou três horas de jornada escolar.

Viver sem temer

Juíza determina que viaturas deverão ter câmeras e GPS na Maré

João Ker

Em 27 de junho, a Juíza Ana Cecília Argueso Gomes de Almeida, da 6ª Vara da Fazenda Pública do Estado do Rio, acatou uma Ação Civil Pública que tem o potencial de mudar a realidade de quem mora na Maré. Ela tomou uma decisão que é um marco histórico no País: no prazo máximo de seis meses, o Estado deve criar um plano efetivo para reduzir o número de vítimas durante as operações policiais na região. Por meio de um sistema de monitoramento com câmeras, GPS e áudio em todas as viaturas da PM, além da presença obrigatória de ambulâncias durante o cumprimento de todas as operações policiais na Maré (que deverão ser cumpridas durante o dia, salvo em situações de flagrante, delito ou desastre). A decisão abre um precedente inédito na relação entre a comunidade e o poder público, com o potencial de garantir um futuro melhor para os mais de 140 mil habitantes que ali moram e também para outras comunidades que podem lutar pelo mesmo direito.

 

Histórico da inédita conquista

A história dessa conquista dos moradores das 16 favelas da Maré começou ainda em junho de 2016. Quase um ano atrás, a comunidade passava pelo terror de mais uma operação policial às pressas e de maneira inconsequente: estudantes se espalhavam pelo chão de escolas, moradores estavam impedidos de circular pelas ruas e até os trabalhadores que precisavam voltar para casa se viram presos na região em mais um dos vários fogos cruzados entre policiais do BOPE e grupos civis armados. A situação precária se alongava pela madrugada e já havia feito vítimas fatais, até que presidentes das Associações de Moradores, representantes de ONGs, como a Redes da Maré e a Luta Pela Paz foram ao Plantão Judiciário solicitar a suspensão desse tipo de atuação policial.  Isso resultou em uma liminar que proibiu buscas domiciliares noturnas.  Dessa liminar, uma ação civil pública foi instaurada com o apoio do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos da Defensoria Pública. “Havia uma agente comunitária baleada, outro homem morto por bala perdida e os moradores não sabiam a quem recorrer. Nós então nos unimos e fomos ao plantão judiciário pedir a suspensão do cumprimento dessa ordem em período noturno”, explica Daniel Lozoya Constant Lopes, um dos defensores públicos à frente da Ação Civil. Em 18 de outubro, porém, esses agentes comunitários voltaram a se reunir para apresentar uma proposta mais concreta e que não tivesse apenas efeitos imediatos, mas garantisse os direitos dos moradores da periferia em longo prazo. E então começaram a surgir os esboços para aquela que se tornaria a Ação Civil aprovada neste ano. “Junto com a Defensoria Pública, tentamos responsabilizar o Estado por essas ações da PM. Dessa forma, colocamos a responsabilidade nas costas de quem permite que esses crimes aconteçam. Pensamos no que poderia ser feito para reduzir danos. Ambulâncias e câmeras são objetivas, mas questões de planejamento podem e devem ser realizadas. Como fazer uma operação militar no meio da tarde, com 12 mil crianças em colégios da Maré?”, questiona Lidiane Malanquini (29), coordenadora do Eixo de Segurança Pública da Redes da Maré.

Um fator primordial para entender qual a forma melhor de ajudar a população da Maré foi focar não no policial que infringe a lei durante as intervenções policiais, mas, sim, no Estado que permite e não pune tal infração. “A gente exige mais fiscalização e mais prestação de contas. Pedimos até que tivesse um superior hierárquico para fiscalizar essas ações em tempo real”, comenta Daniel. Entretanto, ele reconhece que o trabalho para garantir que essas mudanças sejam efetuadas ainda é longo. “Agora, temos de cobrar das autoridades superiores, de quem está lá na alta cadeira hierárquica. Os policiais também têm responsabilidade, mas temos de pressionar seus superiores”. “É de fato inovador que tenha saído uma decisão como essa, uma ferramenta de luta para influenciar as políticas públicas. É uma decisão judicial, então você tem de cumprir”, argumenta Lola Werneck (30), coordenadora da Liderança Juvenil na Luta Pela Paz.

 

O poder da denúncia

É impossível negar que os moradores precisaram de uma dose extra de coragem para se posicionarem contra o sistema e fincarem o pé no chão naquilo que diz respeito ao direito básico de uma vida digna e segura. Aí, mais uma vez, veio o papel das ONGs. “São poucos os que chegam a denunciar, porque muitos deles têm medo de serem perseguidos. De tudo o que acontece, 10% das pessoas chegam a falar com a Redes e, desses, só uns 2% denunciam de verdade”, comenta o Sr. Vilmar Gomes (53), Presidente da Associação de Moradores de Rubens Vaz. Morador da Maré desde quando tinha oito anos de idade, há 25 ele atua como um dos principais líderes comunitários na região. Parte fundamental do grupo responsável pela pressão popular sobre a Ação Civil, ele conta que desde quando chegou à Maré, a Polícia abusa do poder e faz vítimas durante suas operações. Um quadro que, ele observa, tem piorado nos últimos anos. “Vir para reprimir o tráfico é uma coisa. Agora, o que eles estão fazendo é covardia com os moradores e até roubando. Sem falar nas balas perdidas, todas às vezes! A cada dia que passa, as operações estão mais violentas”, reclama.

Vilmar, mais conhecido como Magá, conta que a sua própria casa já foi invadida em uma ocasião e os policiais, ao não encontrarem nada de incriminador, saíram dali levando todo o estoque de produtos de beleza que a sua esposa revendia, mais R$200 que estavam guardados na gaveta da cômoda. Apesar de reconhecer o rosto dos oficiais, ele diz que não prestou queixas naquela época por saber da impunidade com que o caso seria tratado. Hoje, entretanto, ele diz que agiria diferente. “Depois dessa parceria com a Redes, nós estamos orientando e conversando com os moradores para que eles não fiquem calados. Tem de fazer a ocorrência, porque quanto mais fizer, mais eles vão ficar sabendo”, diz, referindo-se aos órgãos públicos.

As denúncias oficiais também contribuíram no embasamento legal necessário para a Ação Civil Pública. Mas, antes que elas fossem protocoladas, foi necessário esclarecer que, mesmo com o resultado não vindo de imediato, ela era imprescindível em longo prazo. “Nosso trabalho é muito de fomentar o ato da denúncia. Porque se não tem registro, é como se não tivesse acontecido, e daí não podemos fazer nada para mudar essa realidade”, aponta Lidiane. Ela frisa a importância do Maré de Direitos no atendimento e acompanhamento jurídico desses casos, prestando de forma gratuita todo o auxílio necessário para que os moradores possam expor os problemas enfrentados sem sofrerem retaliações. “Quando você formaliza, existe automaticamente o registro de ocorrência, que também passa pela Defensoria e pelo Ministério Público. Ou seja, no mínimo três órgãos do sistema judiciário ficam cientes do caso”, esclarece.

Entre os jovens que atuam na Luta Pela Paz, a realidade é similar e o encorajamento por parte dos voluntários é incansável. “A maioria deles tem medo de fazer essa denúncia porque muitas delas não vão adiante. Então, há uma descrença generalizada em relação aos direitos que a população tem frente à polícia. Eles pensam: ‘Vou denunciar, vão invadir de novo e eu vou estar sozinha’. Por isso que trabalhamos muito com a resiliência do que é possível fazer e do que está sob a nossa responsabilidade”, conta Lola.

A Ação Civil Pública começa a vigorar em seis meses, provavelmente apenas no início do próximo ano, levando em conta que o Estado ainda deve recorrer contra a ordem. Ainda assim, ninguém pretende ficar parado e de braços cruzados até lá. “Nós nos encontramos com o Ministério Público e, mês que vem, temos uma reunião com a Defensoria. No mês seguinte, será com a Secretaria de Segurança. A ideia é fazer uma grande audiência, reunindo todo mundo e permitindo que os moradores da Maré façam propostas objetivas”, explica Lidiane.  E, como diz o próprio Sr. Valmir: “a gente está nessa luta e não pode parar”.

[vc_text_separator title=”Depoimentos de moradores sobre a Ação Civil:” title_align=”separator_align_left”]
[blockquote author=”JEFFERSON FERREIRA, 33 anos, gerente de supermercado”]“Concordo com a Ação Civil, porque tem muita covardia durante as invasões da polícia. Eles entram nas casas das pessoas, reviram tudo e batem nos moradores. Acho que, para entrar na casa de alguém, eles devem ter algum tipo de alvará ou autorização. E, também, quando for procurar alguém tem de ir com um destino certo, não sair dando tiro para tudo quanto é lado, como eles fazem.”[/blockquote]
[blockquote author=”JANETE, 48 anos, professora e comerciante”]“Eu não concordo com a Ação. Sabe por quê? Porque exigir que tenha ambulância é já pressupor que vão ter feridos, e eu não acho isso certo. O problema
todo é político. Enquanto não mudar a base, isso vai continuar estourando para cima da gente, porque a questão é bem maior. Hoje, vivemos um colapso político e social – estamos completamente à deriva. E isso não é um fato isolado, é resultado de uma má gestão que começa lá em Brasília.”[/blockquote]
[blockquote author=”PAULO CÉSAR, 45 anos, farmacêutico”]“O problema é a corrupção dentro da polícia. Quando acabar com isso, melhora. Eles querem pegar bandido, mas só porque ganham dinheiro assim. O trabalhador que não tem como pagar nada acaba tomando bala. Na Zona Sul eles não fazem isso. Por quê? Porque lá tem filho de promotor, de juiz… O governo precisa mandar alguém pra reunir todo mundo, ouvir o que a gente tem para falar e acreditar nisso.”[/blockquote]
[blockquote author=”MARLENE LIMA, 51 anos, comerciante”]“Acho que com as câmeras e o GPS a situação vai melhorar, porque pelo menos vão saber por onde [os policiais] andam. Mas não acho que a violência vá diminuir só no dia que a imprensa filmar tudo o que eles fazem. A bala do policial não tem destino, pode atingir qualquer um. Toda vez que eles invadem a favela, eu preciso fechar as portas da minha loja. A gente [os vendedores] abre depois, porque é nosso compromisso, mas não fica ninguém na rua. Não tem clima. A Maré não é um lugar ruim, só está abandonada.”[/blockquote]

Clique aqui para ler o documento com a decisão da justiça.

Um mosquito incomoda muita gente, vários incomodam muito mais

0

O pequeno e perigoso mosquito ocupa Praia de Ramos e Roquete Pinto, transmitindo dengue, zika e chikungunya

Hélio Euclides

É impressionante o número de mosquitos que voam nas comunidades da Praia de Ramos e Roquete Pinto. Nem a equipe do Maré de Notícias escapou de suas picadas. “Acho que o grande número de mosquitos é motivado pela sujeira nas ruas. Deveria ter mais limpeza e a volta do fumacê”, sugere Lúcia Lima, moradora da Roquete Pinto.

Os mosquitos até parecem que desejam estudar, invadiram as escolas. “Para escapar dos mosquitos trabalhamos de calça comprida, meias e fazemos uso de repelentes”, explana Anna Maria Antunes Braga, diretora do Espaço de Desenvolvimento Infantil Armando de Salles Oliveira, na Praia de Ramos. Ela acredita que o lixo pode ser o foco. “Encostados ao muro da escola tem quatro latões conhecidos por “laranjões”. Teoricamente, os recipientes teriam o lixo retirado e lavado diariamente, só que isso não acontece. Não recebendo o tratamento de limpeza que deveria, surge o mau cheiro, ambiente desagradável e insalubre. Por outro lado, a Comlurb passa diariamente, mas os moradores jogam o lixo fora do horário, após a coleta”, reclama.

Para Anna, pode existir outro motivo para a proliferação: “o arco abandonado da antiga lona cultural também pode ser o motivo do acúmulo de mosquitos”, conta. A sua colega de profissão, Kátia Henriques, diretora do CIEP Leonel Brizola, na Praia de Ramos, pensa parecido: “a escola fica do lado da sede da Comlurb na comunidade, e isso já é um motivo para o grande número de mosquitos. A maioria dos professores vem trabalhar de calça para não ser picado. Mas não é só nos espaços públicos, há reclamações de muitos mosquitos em casas”, revela.

Cristiano Reis, Presidente da Associação de Moradores da Praia de Ramos e Roquete Pinto, está receoso com a proximidade do verão. “Com esse grande número de mosquitos, o maior medo é o acúmulo de água da chuva nas lajes. Aqui tiveram alguns casos de dengue no início do ano, pela falta de conscientização de todos. Não podemos esperar o circo pegar fogo, temos de evitar a doença. Até uma tampinha de garrafa é criadouro do mosquito Aedes Aegypti”, informa. Ele concorda com a diretora sobre o abandono da lona cultural. “Acredito que a antiga lona acumule mosquitos, pela concentração de objetos espalhados”, desabafa.  Segundo Cristiano, a responsabilidade pela antiga lona é da Subsecretaria de Esportes e Lazer.

Sobre os “laranjões” próximos ao muro da escola, Cristiano afirma que a Associação providenciou o afastamento. A Comlurb informou que os contêineres metálicos (laranjões) são esvaziados diariamente, possuem tampas e há limpeza no entorno, não favorecendo a proliferação de mosquitos. A Secretaria Municipal de Saúde, responsável pelo combate aos mosquitos, comunicou que irá verificar a área.

Dia do Rock na Maré

0

Roberto de Oliveira

O Dia  do Rock é uma data criada e comemorada apenas no Brasil. É uma homenagem a um show realizado ao mesmo tempo na Inglaterra e nos Estados Unidos, o Live Aid, que aconteceu em 1985, com a finalidade de arrecadar dinheiro para combater a fome na Etiópia, um dos países da África. Comemorado todo 13 de julho, a data não passou em branco na Maré. Muito pelo contrário, o preto foi a cor predominante entre os fãs que foram assistir, de graça, os shows das cinco bandas de rock e de heavy metal locais, no festival Favela Rock.  “Um dia pra pensar em tudo que o rock’n’roll nos trouxe e acrescentou na moda, na sociedade, em tudo, e um dia pra pensar na liberdade que o rock nos dá”, fala Marcos Gayoso, artista de rua e guitarrista da Banda Genômades.

A edição especial levou mais de 500 pessoas pra Lona da Maré, entre elas, Alana Fernandes, de 16 anos. Roqueira, filha de guitarrista e vestida de preto, a adolescente conta que, por influência da família, ouve rock desde que nasceu e que ser roqueira é um estilo de vida. “Quando eu não tinha roupas pretas, usava as do meu pai. Hoje, até para o meu trabalho eu vou de preto”, conta Ananda, que também toca contrabaixo.  O pai, Nando, de 47 anos, é fundador da Brutal Terror, uma das mais antigas bandas de metal da Maré. “A gente estava parado há quase 15 anos, mas nos reunimos especialmente pra tocar no Favela Rock”, disse o guitarrista, morador da Baixa do Sapateiro. “Como músico, o rock faz parte da minha vida e quando estou tocando posso sentir uma grande energia saindo de mim”, diz Jobson Oliveira, guitarrista e engenheiro de áudio.

Oficialmente, o rock nasceu da fusão de ritmos negros (blues, jazz e gospel) e brancos (country) nos Estados Unidos, na década de 1950. Associado à irreverência, à juventude e às questões sociais, tem como referências Jimmy Hendrix, Elvis Presley, Beatles, Pink Floyd, Led Zeppelin, entre outros. No Brasil, a primeira geração a fazer rock foi a turma do Iê Iê Iê, com Roberto Carlos e a Jovem Guarda.

O vício do celular

0

Os Smartphones são o principal meio de acesso à Internet e prendem a atenção dos brasileiros

No século XXI, o melhor amigo do homem não late e nem abana o rabo para o dono. Ele nem sequer tem vida própria, mas influencia, e muito, a vida dos seres humanos. O mais novo amigo do homem se chama Smartphone e conecta as pessoas ao redor do mundo com um simples clique ou o deslizar de dedos. O primeiro aparelho inventado, em 1994, não tinha ainda esse nome, mas era um celular que tinha calendário e podia ser usado para tomar notas, enviar e-mails e mensagens. Os de hoje fazem tudo isso e muito mais.

A praticidade dos Smartphones, com programas chamados “aplicativos”, deixou para trás as linhas de telefone fixo. Com eles pagamos contas, enviamos nossa localização, nos desviamos dos engarrafamentos, compramos mantimentos e também nos divertimos enquanto esperamos na fila.  Enfim, não podemos mais abrir mão do aparelho. Aqui no Brasil, o uso é diário e constante. Por meio de uma pesquisa realizada com 52 milhões de usuários de Smartphones de nove países, o Android (sistema operacional desenvolvido pela empresa de tecnologia Google) mostrou que, nós, brasileiros, usamos em média 29 aplicativos diferentes por mês em nossos telefones inteligentes (tradução de Smartphone), enquanto a média mundial é de 27. O MessengerWhatsApp são os mais utilizados, e gastamos cerca de 3 horas e meia do nosso dia olhando para a tela do celular. A previsão é de que até o fim deste ano haverá, no Brasil, um aparelho por habitante (em outubro serão 208 milhões de Smartphones em funcionamento).

 

A síndrome do Pescoço Tecnológico

É uma relação tão frequente que a Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que estamos virando a Geração Cabeça-Baixa e chama a atenção para a postura corporal, pois ao curvarmos a cabeça tantas vezes para usar o aparelho, podemos desenvolver dores nas costas, problemas na coluna cervical e outros malefícios para o corpo. O problema é tratado pela OMS como epidemia, e chama a síndrome de Pescoço Tecnológico. Um estudo realizado em 2014, no Centro Médico de Cirurgia Espinhal e Reabilitação de Nova Iorque, mostrou que, ao usar o celular com a cabeça baixa, a maioria das pessoas projeta os ombros para frente. Levando em conta que a cabeça de um adulto pesa entre 5 kg e 8 kg, à medida que a cabeça dobra para frente e para baixo, a pressão sobre a coluna cervical aumenta. A tensão provocada pode causar lesão de algum nervo, hérnias de disco e dores nas costas e no pescoço. Em crianças e jovens, a postura errada pode comprometer o crescimento.

No dia a dia é melhor deixar o aparelho na altura dos olhos, apoiar o braço em uma superfície estável e fazer exercícios de alongamento para aliviar a tensão no pescoço, como o movimento de “sim” e “não” com a cabeça.

O perigo de usar os Smartphones ao volante

Como o aparelho está sempre por perto e ao alcance das mãos, seu manuseio em momentos impróprios pode tornar-se um perigo. No trânsito cada vez mais lento, é comum encontrar motoristas dando uma espiada no telefone ou respondendo mensagens e até postando fotos no Facebook enquanto estão dirigindo. A pé, os mais “conectados” chegam a atravessar ruas e andar pelas calçadas teclando. Especialistas dizem que tirar os olhos da estrada por apenas dois segundos e meio já é o suficiente para aumentar em 400% o risco de provocar um acidente.

Segundo o Seguro DPVAT (Seguro de Danos Pessoais por Veículos Automotores de Via Terrestre), há no Brasil mais de 1,3 milhão de acidentes relacionados ao uso do Smartphone, por ano. Só em São Paulo, por dia, são autuados 320 motoristas por esse motivo.    Em maio de 2016, a multa para quem for pego falando ou manuseando o Smartphone passou para R$293,47 (duzentos e noventa e três reais e quarenta e sete centavos), uma infração considerada gravíssima. O DPVAT recomenda não atender o celular ao atravessar a rua. Nesse caso, é melhor esperar, cruzar a rua e procurar um local mais tranquilo.

Estratégia para promover seu negócio

Com a popularidade do Smartphone e seus variados aplicativos, as possibilidades de compra e venda de serviços e produtos também se tornaram muito maiores. Como boa parte do público acessa as redes sociais, as empresas perceberam a importância de se aproximar do consumidor pela Internet. Hoje, nove em cada 10 empresas brasileiras utilizam as redes sociais como estratégia para promover a imagem do negócio. As redes sociais mais usadas pelas empresas são o Facebook, o Instagram, o Linkedin e o Twitter.

Carlos Eduardo Francisco, de 40 anos, sócio de uma hamburgueria artesanal na Zona Norte do Rio, paga uma profissional de comunicação para administrar o perfil da lanchonete nas redes sociais. “A cada promoção lançada no Facebook eu vejo o retorno, vem mais gente à loja e os pedidos por telefone também aumentam”, afirma o empresário, que também vende por um aplicativo exclusivo para compra de comida. “É o meu maior movimento durante a semana”, comenta.

O uso indiscriminado na infância pode ser um problema

O comportamento das crianças com os pais também pode ser influenciado pela forma como os adultos lidam com a tecnologia. Ao interromper momentos “analógicos” de lazer com os filhos, os pais transmitem a mensagem que os seus negócios são mais importantes que a interação com os pequenos e a resposta para chamar a atenção dos pais pode vir em forma de pirraça, hiperatividade e outros distúrbios. A pediatra Andreia Cardoso Fernandes diz que já recebeu crianças em seu consultório se queixando de pais que não abandonavam o celular para dar atenção a elas. “Virou um mal necessário, mas tem de tentar usar de uma forma benéfica, e eu acho que isso não está acontecendo”, diz a médica.

Por outro lado, a exposição precoce e excessiva à Internet e aos jogos de celular também é prejudicial, mas como fazer para que os pequenos não imitem a maioria dos adultos? A pediatra diz que, antes dos dois anos de idade, não é recomendável dar nem tablet e nem celular para a criança, pois causa agitação psicomotora e diminui a capacidade de concentração. Depois disso, vale o controle do tempo de uso.

Maré de Notícias #78

0

Clique aqui para visualizar ou fazer download do arquivo em pdf.