Candidatos ao Governo do Rio apresentam estratégias para reconstrução do estado

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Casa Fluminense promove encontros entre os dois candidatos do campo progressista mais bem posicionados nas pesquisas eleitorais e organizações sociais

Por Samara Oliveira, em 02/09/2022 às 10h19

Com o objetivo de estimular a conversa entre as demandas da sociedade civil e as candidaturas ao Governo do Estado do Rio, a Casa Fluminense, junto ao Instituto Marielle Franco e à Ação Cidadania, promoveu uma série de encontros denominada “Agendas para o Rio: compromisso para candidaturas em 2022”. Rodrigo Neves (PDT) e Marcelo Freixo (PSB) foram os convidados e participaram nos dias 24 e 31 de agosto, respectivamente.

“Os dois candidatos são muito preparados e são os dois do campo democrático progressista que estão mais bem posicionados nas pesquisas eleitorais e também que possuem valores de redução da desigualdade, de ampliação da participação social, mais alinhados com as ideias desse conjunto de organização da sociedade civil. Acredito que ambos têm capacidade de construir um governo alinhado às propostas da sociedade civil, a Agenda Rio 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)”, afirmou Henrique Silveira, coordenador executivo da Casa Fluminense. 

A definição dos participantes ocorreu a partir de uma lista de compromissos, elencada pelos organizadores, a qual o novo governador deve seguir, que são: 1) Defesa intransigente da democracia, respeito ao resultado das eleições e superação da violência política; 2) Prioridade na redução das desigualdades em suas múltiplas dimensões, promovendo justiça econômica, racial, de gênero, ambiental e climática na elaboração das políticas públicas e do orçamento público do Estado; 3) Coordenação metropolitana do governo do Estado junto às prefeituras, promovendo um amplo programa de infraestrutura urbana verde, geração de empregos e renda e criação de oportunidades econômicas e sociais para a população.

No evento, Neves e Freixo responderam perguntas sobre combate à fome, transferência de renda, geração de emprego, segurança pública, racismo e desigualdade desenvolvidas por representantes da sociedade civil.

Rodrigo Neves foi o primeiro candidato ao participar do encontro: ‘Esse é nosso plano emergencial, uma estratégia de reconstrução do Rio’ | Foto: Divulgação

“Precisamos de um plano emergencial para a criação de frentes de trabalho, com esse programa vamos gerar 150 mil postos de trabalho”, disse o ex-prefeito de Niterói em sua participação. Por sua vez, o ex-deputado estadual afirmou que “essas são as eleições das nossas vidas, precisamos combater o fascismo instaurado no Rio. Nossa prioridade será a criação do plano estadual de combate ao racismo e o programa comida no prato, tem orçamento para isso é só acabar com a corrupção do governo atual”. 

Henrique ressaltou as ações futuras da Casa Fluminense em conjunto com outras instituições e sociedade civil para continuar atuando no possível novo governo com base na redução de desigualdades e outros enfrentamentos mundiais criados pela Organização das Nações Unidas (ONU). 

“Após as eleições, a gente tem dois caminhos claros. O primeiro é a Casa Fluminense,  junto com os parceiros da sociedade civil buscar canais de interlocução com o próximo governo buscando garantia e inclusão dessas propostas que foram apresentadas no novo plano do governo eleito. Garantir que essas propostas estejam no planejamento, nas prioridades, na composição das secretarias que vão ser instaladas. Do outro lado, a gente entende que precisamos continuar um trabalho de fortalecimento da sociedade civil metropolitana e isso significa que a gente vai continuar nosso trabalho de formação de lideranças sociais, de apoio a coletivos, de elaboração de propostas locais. Acreditamos que um governo só vai conseguir avançar na pauta de redução de desigualdade com participação social”, afirmou.

Hoje, o Rio de Janeiro, apesar de ser a segunda economia do país, possui gravíssimos problemas, com destaque para 2,7 milhões de pessoas em situação de fome, 14% de desempregados, déficit habitacional de mais de 500 mil moradias, e a realização de chacinas como política de segurança pública, entre outros.

Marcelo Freixo foi o convidado do encerramento das conversas: ‘Essas são as eleições das nossas vidas, precisamos combater o facismo instaurado no Rio’ | Foto: Divulgação

Confira abaixo algumas das propostas dos candidatos alinhadas com as pautas da Agenda Rio 2030

Rodrigo Neves

Aumentar a efetividade e cobertura das políticas de transferência de renda

“Vamos criar um programa de renda básica estadual no valor de 500 reais. Meu compromisso principal é que para que a partir de janeiro de 2023, nenhum fluminense passe mais fome.”

Investir em infraestrutura urbana verde e geração de empregos na construção civil 

“O Rio de Janeiro foi o estado que mais perdeu emprego e renda nos últimos cinco anos.  Nossa proposta é priorizar um plano emergencial com a criação de frentes de trabalho, logo no primeiro ano de governo. Nós estruturamos um plano para gerar 150 mil  postos de trabalho com obras para recuperar escolas, hospitais e estruturas de saneamento que hoje estão abandonados.” 

Estabelecer políticas de complexos produtivos

“Temos uma ideia de plano de desenvolvimento de médio e longo prazo para aquilo que ainda é a potência do rio, os complexos industriais de óleo e gás, de defesa, serviços de saúde e a indústria da economia criativa.”

Criar programa de redução de mortes violentas e revisar o Plano Estadual de Redução de Letalidade 

“A segurança pública é o campo de maior desafio nessa reconstrução do estado do Rio, não vai ser fácil devolver minimamente a tranquilidade ao cidadão do Rio. Nosso plano passa necessariamente por um investimento em inteligência, qualificação das polícias e uma forte agenda de prevenção com foco na juventude das comunidades. Precisamos de uma Secretaria Estadual de Segurança com centros integrados com as guardas municipais e as prefeituras, o estado não pode ser ausente.”

Estruturar política de habitação de interesse social

“Habitação não é um problema individual das famílias, é uma política de estado. Vamos construir 100 mil casas populares e contratar 150 mil trabalhadores para a construção civil dessa política, que vamos fazer em parceria com as cidades começando onde tem a maior crise, que é a região metropolitana. Sei que tem recurso pra fazer isso assim, como tem para fazer a renda básica, falta volta politica.”

Marcelo Freixo

Reduzir as tarifas do transporte público

“No nosso programa a gente está defendendo que o bilhete único sirva para três transportes e não dois, como acontece hoje.  A bilhetagem com subsídio, vai sair de R$8,50 para R$ 7 reais, isso no primeiro ano de governo. O transporte público pode ser mais barato e ser melhor, com planejamento.”

Fortalecer a economia da cultura

“Qualquer ditador precisa escolher a cultura como adversário do seu modelo autoritário, a cultura é decisiva para o campo democrático. Existe hoje um orçamento para a cultura que é menos de 0,5%, isso não pode continuar nos próximos 4 anos. E mais, esse orçamento tem que ser transversal porque a cultura é transversal, precisamos ter uma economia da cultura com editais mais democráticos e auxílios para a elaboração de editais, formação e apoio jurídico. O modelo de desenvolvimento do Rio de Janeiro tem que ter na cultura um instrumento de gerador de emprego e renda.”

Fortalecer a Câmara Metropolitana para planejar e coordenar políticas públicas

“O Rio precisa de uma autoridade metropolitana para resolver o problema da mobilidade, existe o Rio Metrópole que poderia ser esse órgão mas não é efetivamente. O governador não deu poder político para aquele conselho, que é só consultivo hoje. Isso foi uma decisão política. Ali tem que ser um lugar de ouvir especialistas, universidades e a sociedade civil para se tomar as decisões adequadas para o planejamento metropolitano.”

Criar programa de redução de mortes violentas e revisar o Plano Estadual de Redução de Letalidade 

“O que a gente tem que garantir, independente da autonomia administrativa e financeira que as polícias precisam, é que haja uma superintendência sob todas elas que determinam qual é a nossa política pública de segurança com meta. Esses objetivos são redução de homicídios e letalidade, controle da polícia, formação adequada e convênio com as universidades. Precisamos recriar as ouvidorias independente de polícia, com ampla participação da sociedade civil, e ter conselhos de segurança nos bairros.”

Promover políticas de habitação, como aluguel social e utilização de imóveis públicos vazios

“Precisamos debater a questão da moradia no centro do Rio de Janeiro, temos uma quantidade enorme de prédios públicos abandonados quanto prédios estaduais quanto federais. A gente precisa ter junto a prefeitura da capital do Rio um grande investimento para que o centro possa ser um espaço de moradia, o que é decisivo para democratizar o estado. Isso não é um programa só para a cidade do Rio, quando se cria esse tipo de projeto de habitação você está resolvendo em parte a vida de quem mora na Baixada também.”

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