Casa das Mulheres da Maré celebra 8 anos de luta

Data:

Espaço segue tornando mulheres faveladas em protagonistas da própria história

“As mulheres são as máquinas que transformam o mundo”. A frase é de Lúcia Xavier, coordenadora geral de Criola, convidada para a mesa ‘O que é Justiça Reprodutiva?’ .

A citação da ativista de direitos humanos ilustra como foi o sábado (9) em que a Casa das Mulheres da Maré (CdMM), da Redes da Maré, celebrou oito anos de existência e resistência. Além da conversa com Lúcia Xavier, que foi mediada pela estudante e mareense Anna Cecília, o evento ofereceu um dia repleto de atividades como oficina, palestras, espaço kids e até mesmo distribuição de kits com ecobag, adesivos e panfletos.

Nós somos controladas porque ficamos férteis três vezes ao mês, enquanto o homem é fértil 24h por dia, todos os dias no mês

Lúcia Xavier

Um dos principais acontecimentos do dia foi o lançamento da Pesquisa ‘Saúde Sexual e Reprodutiva:o que dizem as mulheres da Maré’ desenvolvida pela CdMM, equipamento da Redes da Maré. O estudo, inédito, apresentou dados sobre a saúde sexual e reprodutiva no conjunto de favelas da Maré e de Marcílio Dias.

Aniversário também é lugar de promover pautas urgentes

No dia 9 de novembro, o encontro “Criar Futuros: Maré, Território de Cuidados” teve início por volta das 10h. A campanha é uma realização do projeto Onda Verde, da Casa das Mulheres da Maré, que busca fomentar e viabilizar o debate sobre direitos sexuais e reprodutivos das mulheres, sobretudo das moradoras de favela, que têm suas vidas atravessadas por questões de raça e classe.

Vitória Régia da Silva, da Gênero e Número também foi uma das convidadas do evento. A jornalista expôs o atual cenário nacional e internacional em que está o debate sobre justiça reprodutiva e o direito ao aborto seguro.

À tarde, foi a hora da praça do Parque União ser preenchida pelo verde. Como explica Andreza Dionísio, articuladora da Casa das Mulheres da Maré, “a Onda Verde é um marco na luta pela descriminalização do aborto na América Latina e da América Central”, diz.

Como não poderia ser diferente, a importância da participação social não foi esquecida. A iniciativa Cepia e a campanha Nem Presa Nem Morta promoveram uma oficina interativa na qual todas as pessoas presentes no evento poderiam tirar dúvidas relacionadas à IST’s (infecções sexualmente transmissíveis), aborto legal, sexualidade e outros tabus.

No fim da noite, a arte tomou conta da praça do Parque União. A artista Mariluz realizou uma oficina de rebolado, na qual mostrou as etapas ritualísticas de conexão entre dança, espírito e corpo, e a cantora e atriz Leci Brandão realizou o seu tão aguardado show, logo depois do encerramento da 3º edição do Festival Comida de Favela.

Compartilhar notícia:

Inscreva-se

Mais notícias
Related

Dezembro Vermelho: HIV não tem rosto

Um dia, Vitor Ramos, influenciador digital estava entre as milhares de pessoas que viviam com HIV, mas ainda não sabia disso. Por conta do diagnóstico tardio, ele sofreu sequelas, no entanto, com tratamento adequada tornou-se indetectável

A favela é um espaço de potência negra

As favelas do Rio de Janeiro - hoje espaços de resistência -, historicamente se formaram como reflexo de um processo de exclusão social e racial, que remonta ao período pós-abolição da escravidão no Brasil.