Casos de Tuberculose aumentaram em todo o Brasil e populações vulneráveis são as mais afetadas

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O conteúdo desta matéria é elaborado pela Comunicação Institucional do Hospital Israelita Albert Einstein com o objetivo de levar boa informação de saúde de qualidade para a população da Maré.

No Brasil, a tuberculose esteve sob controle até 2017, mas nos últimos anos, os índices voltaram a aumentar. Segundo o Ministério da Saúde, o número de mortes de infectados passou de 2.720 mil em 2022 para 80 mil em 2023. O Estado do Rio de Janeiro teve a terceira maior incidência de casos da doença em 2023, com ​​18.210 registros, e a segunda maior taxa de mortalidade do país no mesmo ano. 

Contágio

As bactérias que causam a tuberculose (Mycobacterium tuberculosis, também conhecido como Bacilo de Koch) são espalhadas quando uma pessoa infectada tem tosse ou espirra. Isso porque partículas contaminadas podem ser liberadas no ar.  Daí, ao serem inaladas por outra pessoa, ocorre a infecção.

Membros da família ou colegas de trabalho da pessoa infectada têm maior risco de transmissão da doença. “O contato persistente com pessoa bacilífera aumenta o risco de transmissão. Uma pessoa infectada pode contaminar outras dez”, afirma o médico infectologista Helio Bacha, do Hospital Israelita Albert Einstein.

Prevenção e diagnóstico

Por ser uma doença altamente infecciosa, a tuberculose representa um grande desafio para os profissionais de saúde. Para combater a proliferação, o primeiro passo é manter a vacinação em dia de todos os recém-nascidos com a BCG intradérmica, recomendada nas primeiras 12 horas de vida após o nascimento do bebê, ainda na maternidade, para prevenir a infecção na infância. Não há vacina para adultos.

Para detectar a doença, é preciso fazer um exame chamado baciloscopia, além da cultura de escarro nos pacientes sintomáticos respiratórios, com tosse há mais de três semanas. “São exames gratuitos disponíveis no SUS (Sistema Único de Saúde) no Brasil inteiro”, explica o infectologista Helio Bacha. 

O médico alerta ainda que: “nem todo mundo que tem o bacilo desenvolve a doença. Dentre as pessoas infectadas, apenas 6% a 8% das pessoas irão evoluir para a doença. Ou seja, 92% das pessoas infectadas não farão doença ativa. No Brasil, um terço da população está infectada pelo bacilo da tuberculose”.

A melhor forma de prevenção é notificar os casos, fazer busca ativa de pacientes com suspeita da doença, além do diagnóstico e tratamento precoces. A boa notícia é que a tuberculose tem cura, já que o tratamento costuma ser altamente eficaz.

“Trabalhamos agora para controlar a tuberculose até 2030 como meta de saúde pública no Brasil e no mundo”, afirma o especialista.

Tratamento

Os pacientes com sintomas manifestos precisam de um tratamento que pode durar até oito meses e deve ser seguido rigorosamente, para garantir que a bactéria não se espalhe. Ele é feito em casa, com medicamentos orais distribuídos gratuitamente pelo SUS. 

O processo é dividido em duas fases principais. Na inicial, são prescritos medicamentos para eliminar as bactérias ativas. Essa etapa dura aproximadamente 2 meses. O período seguinte é de manutenção para prevenir uma nova infecção. Esta fase dura de 4 a 6 meses. O período exige que o paciente tenha monitoramento médico, boa alimentação e evite o consumo de álcool e outras drogas.

O cumprimento rigoroso do tratamento é essencial para a cura, o que representa um desafio para as populações vulneráveis, que muitas vezes apresentam resistência devido ao preconceito ou dificuldade para seguir as orientações médicas. Mas, é muito importante seguir o tratamento à risca.

População mais atingidas

A incidência de tuberculose é maior entre pessoas em situação de vulnerabilidade social e econômica, em todo o mundo. No Brasil, isso inclui os moradores de favelas e periferias, população carcerária, pessoas em situação de rua, indígenas e quilombolas, pessoas que usam drogas, pessoas LGBTQIA+, idosas, com deficiência, trabalhadores informais, migrantes, entre outros. Ou seja, uma parcela grande da população.

Essas pessoas, que já sofrem preconceito pela própria condição, também precisam enfrentar o preconceito da doença e muitas vezes a dificuldade de ter acesso aos serviços de saúde, até mesmo os gratuitos.

O preconceito é frequentemente causado pela falta de conhecimento, e o combate à ele começa pela informação e empatia. A doença não é culpa da pessoa, mas sim uma condição médica que pode afetar qualquer um.

“Em poucos dias após o início do tratamento, o paciente já deixa de ser bacilífero, ou seja, não pode mais transmitir a doença às outras pessoas”, garante  o infectologista Helio Bacha.

Onde procurar ajuda?

O Conjunto de Favelas da Maré conta com seis clínicas da família que acolhe pacientes de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, seja para diagnosticar casos quanto para a pessoa iniciar o tratamento 

Acesse o Mapa da Saúde na Maré no QR code abaixo e tenha mais informações sobre as unidades.

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