Criança e jovem são mortos na Cidade de Deus e no Morro do Santo Amaro durante ação policial

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Em ambos casos, familiares e testemunhas acusam PMs pelas mortes e afirmam que os policiais atiraram sem qualquer abordagem prévia.

Neste domingo (6), uma criança e um jovem foram mortos durante ações policias. Thiago Menezes Flausino, de apenas 13 anos, morreu após ser baleado na Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio e Guilherme Lucas Martins Matias, de 26 anos, foi morto a tiros depois de sair de um baile funk no Morro do Santo Amaro, na Zona Sul do Rio. Em ambos casos, familiares e testemunhas acusam PMs pelas mortes e afirmam que os policiais atiraram sem qualquer abordagem prévia.

Com Thiago, já são 47 adolescentes e crianças baleados em 2023, segundo o Instituto Fogo Cruzado. Destes, 21 morreram. Os dados do Fogo Cruzado só contemplam menores de idade, por isso o Guilherme Lucas vitimado no Morro do Santo Amaro não é contabilizado.

“Thiaguinho estava passeando de moto com os amigos e já foi abordado a tiro, não teve blitz ou aquelas abordagens policiais que eles fazem, foi tiro.”

Hamilton Menezes, tio de Thiago.

Em nota, a Polícia Militar afirma que “realizavam policiamento na esquina da Estrada Marechal Miguel Salazar com Rua Geremias quando dois homens em uma motocicleta atiraram contra a guarnição”, versão esta, contestada pela família de Thiago.

“Ele era uma criança, só tinha 13 anos e um futuro pela frente. Não oferecia nenhum perigo para ninguém. Queria ser jogador de futebol e falava que ia me ajudar em casa. Não tenho nem mais lágrima pra chorar.”, afirma Priscila, mãe de Thiago.

O outro caso

No caso dos jovens saindo do baile do Morro de Santo Amaro, tudo aconteceu quando o grupo de amigos voltava da comemoração de 26 anos de Guilherme Lucas. “Eu fiz uma bandalha [manobra] na contramão, mas eles saíram atirando muito na gente e eu acelerei”, relembra Guilherme Coutinho, que estava na condução do veículo. Ele e outros três amigos deram entrada no Hospital Municipal Souza Aguiar.

O que diz a Polícia Militar

A equipe do Maré de Notícias procurou a Polícia Militar questionando se os policiais envolvidos nos casos serão afastados durantes as investigações, mas não obteve resposta. Em nota, PMRJ se limitou em dizer que “instaurou um procedimento apuratório, através de sua Corregedoria Geral, para averiguar as circunstâncias” e que no caso do Guilherme Lucas “as câmeras corporais utilizadas pelos policiais já foram recolhidas e os envolvidos na ocorrência prestaram depoimento na 5ªDP”. Ao questionarmos quais são as políticas de proteção colocadas em práticas pela Polícia Militar e qual é o posicionamento sobre os dados referente a menores baleados, também não obtivemos resposta.

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