Durante o Outubro Rosa, o município intensifica os cuidados e orientações já realizadas durante todo o ano
Edição #165 – Jornal Impresso do Maré de Notícias
O décimo mês do ano é marcado pela campanha de conscientização para prevenção do câncer de mama. No Brasil, este é o câncer que mais leva mulheres a óbito. Em 2022 foram registradas mais de 19 mil mortes, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
A faixa etária considerada de risco para a doença está entre os 50 e 69 anos, mas especialistas têm apontado o “rejuvenescimento” deste tipo de câncer. Mulheres entre 30 a 49 anos já somam 30,5% das pacientes. Por isso, a prevenção continua sendo fundamental.
Primeiros sintomas
Os primeiros sintomas podem ser percebidos ainda na fase inicial e normalmente são notados pela própria pessoa. Portanto, o diagnóstico precoce favorece os resultados no tratamento e reduz consideravelmente o risco de mortalidade.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMC) do Rio, durante o Outubro Rosa, o município intensifica os cuidados e orientações já realizadas durante todo o ano. Ao todo, são 239 unidades de Atenção Primária à Saúde (APS) preparadas para receber mulheres cis, homens trans e pessoas não binarias designadas mulher ao nascer, na faixa etária indicada para cada exame investigativo: entre 25 e 64 anos, para o exame preventivo do colo uterino e, entre 50 e 69 anos, para a mamografia.
A SMC alerta ainda que, somente durante o primeiro semestre de 2024, quase 89 mil pessoas foram atendidas para rastreio de rotina do câncer de mama. É importante lembrar que, apesar de raro, o câncer de mama também pode ocorrer em homens, representando cerca de 1% dos casos.
Prevenção é atenção
“Toda mulher precisa estar atenta”. É o que alerta Fabiana Cutrim, enfermeira da Clínica da Família Jeremias Moraes da Silva, na Nova Holanda, sobre a importância da prevenção ao câncer de mama. A profissional ressalta que, não há uma única causa que gere o desenvolvimento da doença, mas que o histórico familiar é um forte influenciador na hora de avaliar os pacientes.
Além do fator genético, outros hábitos podem favorecer a multiplicação das células cancerígenas, como o envelhecimento natural, a vida reprodutiva da mulher, o consumo de bebidas alcoólicas e cigarros, o sedentarismo e o sobrepeso.
Fabiana trabalha na unidade de saúde há quatro anos e acompanhou diversos pacientes. Ela acredita que a informação é a chave para um prognóstico favorável. “Fazemos palestras para orientar essas mulheres a se auto examinarem. Pra ver se tem presença de caroços nas mamas ou axilas, ou alguma outra anomalia na região. Se houver alterações, começamos os exames e em caso de confirmação da doença encaminhamos para um mastologista e oncologista”.
Acolhimento que cura
Diagnosticada com o câncer de mama em 2019, Luciana da Conceição, de 50 anos, chegou ao estágio mais avançado da doença e precisou fazer a cirurgia de remoção da mama. Há dois anos ela está curada, mas continua fazendo exames e uso de medicações prescritas pelo médico. Ela conta que desde muito nova percebeu a presença de nódulos nos seios e periodicamente ia ao médico para fazer a mamografia. Apesar dos cuidados, o tumor evoluiu silenciosamente.
Luciana, que também é agente comunitária de saúde da Clínica da Família Jeremias Moraes da Silva, revela que grande parte da sua cura está atrelada ao acolhimento recebido dos trabalhadores da saúde, da família e amigos. “Fui muito bem acompanhada pela doutora Rosana, toda a ‘equipe Jeremias’ me apoiou. Alguns chegaram a me acompanhar no processo de quimioterapia e o que eu precisasse, eles estavam lá comigo”, relembra.
Luciana foi recebida com festa na clínica, quando recebeu a notícia de que o tratamento havia chegado ao fim. Agora, a agente comunitária se tornou um símbolo de superação para outras pacientes que passam pela unidade, e faz questão de oferecer o mesmo acolhimento que recebeu. Ela ressalta que muita força veio da espiritualidade e da fé e que, estar bem psicologicamente, contribuiu para um bom processo de melhora.
A Maré é rosa
A Coordenadoria Geral de Atenção Primária da Área de Planejamento 3.1 (CAP 3.1), responsável pelas unidades de saúde da Maré, afirmou em nota que todas as mulheres, independentemente da idade, devem conhecer o próprio corpo e identificar o que é normal ou não, visto que a maior parte das descobertas dos cânceres de mama são feitas pelas próprias pacientes.
E conclui: “em 2023, unimos esforços para melhorar o rastreamento destes cânceres. Como parâmetro de análise da evolução positiva do rastreio, verificamos a ampliação em 17% do número de mamografias realizadas. Caso perceba alguma alteração na mama, procure sua unidade de saúde para ser avaliada”.
O Conjunto de Favelas da Maré conta com seis clínicas da família que acolhem pacientes durante todo o horário de funcionamento: de segunda-feira a sexta-feira, das 8h às 17h, nas necessidades de saúde, com consultas disponibilizadas o ano todo, reforçadas durante o mês da campanha Outubro Rosa.