Museu da Vida completa duas décadas com desejo de conquistar a Maré
Maré de Notícias #105 – outubro de 2019
Hélio Euclides
“Quem vive de passado é museu”. Este ditado popular remete ao pensamento de que museu é algo antigo, empoeirado, com cheiro de naftalina. Pensamento totalmente errado. E quando se fala do Museu da Vida, aí é que o perfeito casamento entre o passado e o presente, que não tem nada de chato, acontece. Muito pelo contrário. Descobre-se um circuito com 11 espaços, no qual o visitante aprende se divertindo. Criado em 1999, o Museu da Vida comemorou 20 anos no último mês de maio. Apesar da proximidade, muitos moradores da Maré não acessam este “templo do conhecimento”.
O Museu da Vida tem como diferencial os espaços descentralizados. Muitos não sabem, mas todos os 11 espaços são gratuitos. “É muito importante lembrar que esse campus é um parque público. Nosso desejo é que os vizinhos – Maré e Manguinhos – ocupem o espaço, com visitas que levem a piqueniques, pois temos um grande território verde, um oásis”, comenta Alexandre Batista, chefe do Museu da Vida. Ele ressalta a necessidade de que os moradores dessas localidades sintam que têm direito ao uso do espaço. Além do campus, há ações territoriais, uma forma de o Museu estar de mãos dadas com os espaços periféricos. Essa dinâmica começou em 2017, com uma atividade externa, no Centro de Artes da Maré. A partir daí, o Museu começou a levar suas atividades para as escolas, instituições e unidades de saúde vizinhas.
Um Museu para aprender e brincar
Quem chega ao Museu já é recepcionado por um trenzinho, que leva o visitante a outros espaços. Os pequenos também ficam impressionados com o Parque da Ciência, quando têm a chance de escalar e escorregar em uma célula gigante. Outra grande atração é o Castelo Mourisco, um símbolo da ciência e arquitetura no Brasil. E, em breve, será inaugurada uma exposição de elementos de Arqueologia, com peças encontradas em escavações feitas por causa de obras no local. “Certa vez, uma criança de 6 anos de idade falou para a mãe que a visita ao Museu tinha sido o melhor dia da sua vida. Se nada funcionasse, isso já valeria o esforço. Sou servidor público e levo tudo a sério. Por isso, tenho de servir aos frequentadores”, revela Alexandre.
Em 2001, foram 61 mil frequentadores. Recorde que foi batido em 2018, quando o Museu recebeu 65 mil visitantes. Desses, 70% visitaram pela primeira vez um teatro ou um museu. Somado com o trabalho externo, foi atingido o número de quase 300 mil pessoas, por meio do caminhão Ciência Móvel, que visita as cidades do interior do Brasil e de exposições de acervo da Fiocruz, fora do campus. A expectativa é de um público de 60 mil visitantes ao ano. Para atender todos, são cerca de 150 pessoas envolvidas, que fazem parte do departamento da Casa de Oswaldo Cruz, unidade técnico-científica da Fiocruz.
A cada ano vai crescendo o número de visitantes da Maré e de Manguinhos, mas ainda é muito tímido. “Nunca fui, mas me contaram que é muito legal e interessante. Tenho curiosidade com o aprendizado sobre as vacinas e doenças. Qualquer dia, pretendo levar a minha filha, pois é muito perto”, conta Elizabete Antônia, moradora do Parque Maré.
Analice Cabral, de apenas 7 anos, moradora da Vila do Pinheiro, visitou o Museu nas férias do meio do ano. O que mais chamou a atenção da menina foi o Parque da Ciência, onde as crianças podem fazer experiências a céu aberto. “Gostei muito do Museu, em especial dos experimentos com voz e ouvido, que tem no Parque”, resume a garota.
Uma aula no Museu
Por meio do Expresso da Ciência, um ônibus da Fiocruz, é possível levar os alunos ao Museu. Dessa forma, o professor Allysson Veloso saiu de Volta Redonda com 28 alunos para visitar o espaço. “Este universo é o local apropriado de ensino e investigação da Ciência. Meus alunos de ensino público aprendem, aqui, a ter um olhar do mundo com curiosidade, de querer resolver os problemas”, comenta o professor. Ele acredita que é importante mostrar que a Ciência está no cotidiano do cidadão, que não é algo distante.
Para visitar o Museu da Vida com o Expresso da Ciência, é necessário fazer parte da “Rede Cultural Território em Transe”, pelo e-mail: [email protected]. Uma grande oportunidade para quem ainda não conhece o Museu serão os eventos do mês de outubro, todos voltados para as crianças (veja mais informações na página Dicas Culturais).
A arte no Museu da Vida
Vale a pena conferir duas peças em cartaz este mês:
Peça: “Cidadela”
É encenada na Tenda da Ciência. Cidadela quer dizer cidade pequena, mas também pode significar fortaleza. A peça faz refletir sobre os papéis sociais que têm sido impostos ao gênero feminino e a importância das mulheres em todas as esferas, na família, na educação, na ciência, na política, na arte – e onde mais elas quiserem! A temporada vai até 25 de outubro, às sextas-feiras, em dois horários: 10h30 e 13h30. Faixa etária: a partir de 12 anos. Gratuito!
Peça: “O problemão da Banda Infinita”
A trama começa quando cinco amigos estão prestes a se apresentar num show, mas partes da corneta “max-mega-super-ultra-sonora” somem. Para recuperá-las, eles fazem uso da Matemática nossa de cada dia e embarcam, literalmente, numa nave, desbravando mundos e esbarrando com personagens curiosos. A temporada vai até 28 de novembro. De terça a quinta, às 10h30 e 13h30, por ordem de chegada. Nos sábados, dias 12 de outubro e 9 de novembro, haverá distribuição de senhas a partir das 10h, no Centro de Recepção. Informações: (21) 2590-6747.