Divines: inclusão de pessoas trans através da Moda

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Por Lucas Feitoza

A educação como forma de inclusão é o tema do Quarto Objetivo do Desenvolvimento Sustentável (ODS). A ODS quatro tem como objetivo principal a meta de que até 2030 todas as pessoas independente de gênero, idade e cor, tenham acesso de qualidade e de forma justa à Educação. Olhar para a inclusão por meio do ensino foi o que fez a Escola de Divines,  quando idealizou o curso de moda para pessoas LGBTQIAP+.

A Escola de Divines  é uma iniciativa do professor, ativista e estilista Almir França, nascido no conjunto de favelas da Maré. Almir aprendeu a costurar com a tia, é formado em pedagogia e belas artes. Lecionou história da arte quando percebeu a importância da roupa para a criação da identidade travesti. Se define como “uma colcha de retalhos por juntar as histórias e dividi-las com as manas

O nome da escola foi desenvolvido a partir de um movimento com a organização não governamental (ONG) Grupo Arco-Íris e é uma homenagem as Divinas Divas: Rogeria, Jane De Castro, Camille K, e Eloína dos Leopardos que foi a primeira rainha de bateria da Beija-flor de Nilópolis.

Apoios e atuações da Divines

Almir conta que a ideia é promover a cidadania por meio da Educação Ambiental, gerando renda para as pessoas. O curso de Moda ensina técnicas de reutilização de resíduos para a fabricação das peças que depois são vendidas para manter as aulas. A Escola de Divines trabalha com doações e o estilista faz captações de recursos para manter o projeto. 

A Escola de Divines conta com apoio do Rio Sem LGBTIfobia coordenado pela Superintendência de Políticas Públicas LBGTI+ da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos do Governo do Estado do Rio de Janeiro. O curso é ministrado no Centro Comunitário de Defesa da Cidadania (CCDC) na Baixa do Sapateiro no Conjunto de Favelas da Maré. O superintendente Ernani Pereira acredita que  as principais beneficiadas pelo curso são as pessoas trans, e que através da Escola de Divines, elas além de conseguirem uma forma de renda, também trabalham a sociabilidade e conseguem cuidar da saúde mental por meio da inclusão. 

Além disso, a escola de Divines faz trabalhos itinerantes, levando os cursos para os CCDC. A última turma formada tem previsão de iniciar as aulas em janeiro. Almir França disse que em dezembro terão workshops para as pessoas selecionadas para o curso. A Divines também auxilia produzindo a cenográfica dos trios elétricos da Parada LGBTQIAP+ do Rio de Janeiro e a maior bandeira LGBT+ com 147 metros também é feita pela escola e aberta no evento. 

Para participar das turmas e atividades da escola basta ir ao núcleo do Centro Comunitário de Defesa da Cidadania (Rua Principal S/N° Baixa do Sapateiro – Conjunto de Favelas da Maré, das 9h às 17h). 

Empreendedorismo trans para mudar a realidade

Lohana Carla da Silva, 32 anos, diz que a educação para as pessoas trans e travestis é importante para dar dignidade já que por causa da transfobia  muitas delas saem da escola e não conseguem empregos e vão para as ruas se prostituir. Em cada 10 assassinatos de pessoas trans no mundo, 4 acontecem no Brasil, de acordo com o último relatório da Trans Murder Monitoring (TMM) (Monitoramento de Assassinato Trans),  29% dos assassinatos registrados no Mundo acontecem no Brasil, dados de 2022 .

Lohana relata que embora os direitos sejam garantidos por lei, como nome social, às pessoas  transexuais são desrespeitadas, o que desmotiva na procura por emprego. “A gente não tem direito a um trabalho, fazer um currículo e ser aceito sem passar por transfobia.  Ou você aceita a transfobia ou o que nos resta sempre é a calçada” conclui. Lohana é coordenadora do Instituto Trans Maré, instituição de apoio a pessoas transexuais, travestis e transgênero da Maré.

Lucas Feitoza
Lucas Feitoza
Jornalista

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