Para você, um presente saudável, para a criança, vida
Hélio Euclides
A doação de sangue não é única forma de salvar vidas. A doação de leite materno, ou leite humano, preserva a saúde de bebês que necessitam desse alimento, por terem nascido prematuros ou por alguma dificuldade da mãe em amamentar.
Para ser uma doadora de leite materno, é exigido que a candidata esteja em boa saúde, não use medicamentos, álcool ou drogas, e não seja fumante. Elas fazem os exames e preenchem fichas. A primeira doação é feita no posto de coleta, onde é dado treinamento de higienização adequada das mãos e dos mamilos, para evitar contaminação. “Em casa, é pedido que a mãe use touca e máscara e coloque o leite num copo de vidro esterilizado. Depois é necessário colocar na geladeira, mas não pode ficar abaixo de 10 graus. Após a entrega aqui no posto, encaminhamos para o Hospital Herculano Pinheiro”, revela Eudenia Pereira, técnica de enfermagem, do Centro Municipal de Saúde (CMS) Samora Machel, na Nova Holanda.
Qualquer pessoa pode colaborar, levando até a unidade os potes de vidro, com tampa de plástico, tipo de café. “As embalagens são lavadas e retirados os rótulos e passam por dois testes na incubadora, por um período de três horas. O vidro é esterilizado na autoclave”, detalha Maria Cristina, agente comunitária. Com a mãe doadora, o vidro pode passar sete dias e, no freezer, no máximo 15. Quando chega ao hospital, o leite passa por um teste e é pasteurizado para ser utilizado pelos bebês internados nas unidades neonatais.
O Centro Municipal de Saúde Samora Machel tem, no momento, seis doadoras de leite materno. “Muitas vezes, a futura doadora é convidada já na hora do teste do pezinho na criança. Conscientizamos, incentivamos e mostramos que não precisa ter receio de acabar o leite, pois quando se doa, logo se produz mais”, explica Vanessa Felix, agente comunitária. Cada pote salva 10 vidas. “O primeiro mês é fundamental para o bebê. Quem doa, ajuda também a si própria, pois o leite não empedra”, ensina Marineide Santos.
Operação leite materno, eu apoio!
A consulta pré-natal também serve para mostrar que o leite materno é o alimento apropriado para o recém-nascido. “Quando a criança nasce, o primeiro passo é dar o peito, é benéfico até para a mãe, pois diminui o sangramento, e o colo uterino volta ao normal”, lembra Maria Cristina.
As profissionais ressaltam que é importante o uso exclusivo do leite materno durante os seis primeiros meses da criança. “Na madrugada, a mamada deve ser de três em três horas, sem esquecer de colocá-lo para arrotar. Um obstáculo que deve ser superado é o mito do leite fraco. No início da mamada o leite é rico em água, para matar a sede do bebê, depois vem a gordura. Por isso, é importante completar a mamada no mesmo peito até ele esvaziar, o que acontece em cerca de 30 minutos”, conclui Vanessa.
Amamentar, um gesto de amor
A professora Dayana Sabany alimenta exclusivamente seu filho de seis meses com leite materno. “É um desafio para as mulheres, pois até no núcleo familiar as pessoas ficam dando palpite que já é o momento da papinha”, reclama.
Apesar de a recomendação dos seis meses de amamentação, o retorno ao trabalho é aos quatro meses. “Seria mais fácil se estendessem o retorno, pois é um sacrifício e entendo que nem todas conseguem. Voltei ao trabalho, mas deixo o leite em casa, é um investimento para o bebê, vale a pena”. Afirma Dayana, que acredita que esses primeiros meses são de aproximação. “É muito cruel voltar a trabalhar e nos privar do ato da amamentação. Um momento de ligação entre mãe e filho, de uma construção de amor”.