Apesar da queda de casos e mortes por AIDS divulgadas em 2020, prevenção contra as ISTs ainda demanda atenção especial
Por Amanda Pinheiro, em 03/08/2021 às 07h. Editada por Tamyres Matos
As infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) ainda podem ser consideradas um tabu social. Apesar das campanhas de prevenção ao longo dos últimos 40 anos, um alerta se acendeu recentemente em relação à situação da parcela mais jovem da população no Brasil. Isso porque, segundo o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, entre 2009 e 2019, houve um aumento de quase 65% das ISTs entre pessoas de 15 a 19 anos e de 74,8% na faixa que vai dos 20 aos 24 anos.
São diversos fatores que englobam esse crescimento, entre eles, a falsa sensação de segurança. Em entrevista ao jornal da USP, a infectologista Fabiana Lopes Custódio, do Centro de Saúde Escola Dr. Joel Domingos Machado, afirmou que alguns pacientes se mostram despreocupados com a possibilidade da contaminação.
“Eu ouço alguns pacientes no consultório dizendo ‘se eu pegar HIV tudo bem, porque tem tratamento e hoje é uma doença como outra qualquer’, só que isso não é bem assim”, explica a médica.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), as ISTs estão entre as causas mais comuns de doenças no mundo e podem ser consideradas um problema de saúde pública. Os jovens são considerados um grupo prioritário nas campanhas de prevenção devido ao alto risco de adquirir uma infecção deste tipo.
A terminologia Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) passou a ser adotada em substituição à expressão Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) porque destaca a possibilidade de uma pessoa ter e transmitir uma infecção, mesmo não apresentando sinais e sintomas.
Informação e acolhimento na Maré: Conexão G
Desde 2006, o Conexão G atua na Maré com ações voltadas para a população LGBTQIA+ favelada. Com foco nos direitos humanos, saúde, educação e sustentabilidade, além de palestras, cursos e acolhimento, a instituição oferece ferramentas por meio da informação sobre como prevenir as infecções sexualmente transmissíveis.
“Nossos projetos na área da saúde sempre pensam numa intervenção comportamental. Então a gente acredita que atingindo o comportamento desses indivíduos é possível ter um bom resultado. Trabalhar com ISTs é importantíssimo para minimizar a incidência dentro dos territórios favelados” explica Gilmara Cunha, diretora executiva do projeto.
Testagem para a doença
O SUS oferece testes para diagnosticar o HIV (vírus causador da Aids) e também para a Sífilis, Hepatite B e C. No Brasil, esta testagem é feita por dois tipos de exames: o laboratorial e o teste rápido. A segunda opção é realizada através de uma gota de sangue ou fluido oral e o resultado sai em até 30 minutos. Já o exame laboratorial pode ser feito durante um check-up, a pedido médico.
Conheça outras infecções
Essas infecções já estão na humanidade há séculos. Na era medieval, por exemplo, a sífilis e a gonorreia eram doenças predominantes da Europa. A sífilis é uma doença bacteriana geralmente transmitida durante o ato sexual, que se desenvolve em estágios. E cada fase possui um sintoma, como feridas sem dor na genitália, no reto ou na boca.
Após essa fase inicial, os sintomas evoluem para irritação na pele. Depois de um período, caso não seja buscado um tratamento, os sintomas desaparecem até a fase final, que pode ocorrer anos após as duas primeiras, causando danos para o cérebro, nervos, olhos ou coração. A sífilis tem cura e seu tratamento é feito com aplicação de antibióticos.
As hepatites B e C são inflamações no fígado transmitidas por um vírus cujo contágio acontece através de contato sexual ou com o sangue infectado. Além disso, podem ser transmitidas por compartilhamento de seringas, agulhas, lâminas de barbear, alicates de unha e outros objetos que furam ou cortam. Os testes para diagnosticar essas doenças devem ser feitos após 60 dias do contato inicial com o vírus para que os anticorpos possam ser identificados no exame.
A infecção por papilomavírus humano (HPV) pode ser diagnosticada com exames preventivos no colo do útero. Essa é uma das doenças mais comuns e, algumas formas dessa infecção, aumentam o risco do desenvolvimento de câncer cervical nas mulheres, além de verrugas na região genital.
O HPV, que normalmente não apresenta sintomas, pode ser prevenido com vacina (meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos), disponibilizada gratuitamente pelo SUS. E seu tratamento, quando desenvolvido, pode ser feito com medicamentos que melhoram o sistema de defesa do organismo ou, no caso das feridas, pode ser usado laser, eletrocauterização ou ácido tricloroacético (ATA).
Postos de atendimento no Rio
Caso tenha contraído o vírus HIV ou qualquer outra infecção sexualmente transmissível, aqui está uma lista de serviços de saúde disponibilizados no Estado do Rio de Janeiro, onde há tratamento para estas doenças. Veja abaixo alguns dos locais:
Centro Municipal de Saúde Américo Velloso – X RA
Endereço: Rua Gérson Ferreira, 100 – Ramos
Telefone(s): 2590-3941 / 3881-7207
Centro Municipal de Saúde Necker Pinto – XX RA
Endereço: Estrada do Rio Jequiá, 482 – Ilha do Governador
Telefone(s): 3396-1502 / 2467-0265
Hospital Universitário Clementino Fraga Filho – UFRJ
Endereço: Rua Prof. Rodolpho Paulo Rocco, 265 – Ilha do Fundão
Telefone(s): 2562-2526 / 2590-6148 / 2590-6149
Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira – UFRJ
Endereço: Rua Bruno Lobo, nº 50, antiga rua 3 – Cidade Universitária – Ilha do Fundão
Telefone(s): 2562-6194 / 2562-6160
Policlínica José Paranhos Fontenelle – XI RA
Endereço: Rua Leopoldina Rego, 700 – Olaria
Telefone(s): 3111-6934