Duas mortes em operações policiais que marcaram a semana na Maré

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A 4ª operação policial na Maré aconteceu hoje com agentes do BOPE e do BAC 

Jose Jeferson, de 27 anos e Jefferson Araújo Costa, de 22 anos, ambos homens negros, foram as duas pessoas mortas em abordagens policiais na Maré nos últimos dias. Na manhã desta sexta-feira, durante a operação que já durava cerca de 3 horas, a família de José Jeferson, ao saber que ele foi preso, pretendia acompanhá-lo, porém foi atravessada pela notícia de que, na realidade, o rapaz foi levado a UPA da Maré, segundo os relatos, já sem vida. 

Assim que a morte de José Jeferson, que aconteceu na favela Nova Maré, era comentada entre moradores, a assessoria da polícia militar ainda não confirmava o caso. A assessoria também informou que todos os agentes que atuavam no território utilizavam câmeras corporais individuais, apesar de ser possível observar o contrário ao circular no território.

O caso de Jefferson Araújo, foi noticiado nacionalmente: o jovem foi morto por um tiro à queima roupa na quinta-feira, véspera do Carnaval, na Av. Brasil, por volta das 11h da manhã, ao acompanhar um grupo de mulheres que se dirigiam ao local para chamar atenção ao fato da operação policial ter sido iniciada em pleno horário escolar, em dia de festas e bailinhos para os estudantes.

Duas dessas mulheres eram a mãe e a irmã de Jefferson, que também precisaram se mobilizar para o pedido de socorro negligenciado pelo agente policial responsável pelo disparo e todos os outros presentes. O caso de Jefferson segue sendo acompanhado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, que contrapõe a afirmação da polícia de que o homicídio de Jefferson seria culposo (quando não há intenção de matar), e não doloso (quando há intenção de matar), como fortemente evidenciam os vídeos gravados no momento do disparo, e que circularam nas redes sociais. 

Perguntas que não calam

Em nota, a Polícia Militar diz que o objetivo da operação é combater práticas criminosas. Como frear a violência com mais violência? Mesmo com o uso de câmeras, truculências em operações policiais continuam acontecendo. Onde está a inteligência nas operações policiais que não preservam os direitos dos cidadãos? O que se espera conseguir em ações policiais que freiam a aprendizagem? Quais oportunidades terão os jovens da Maré? Já foi comprovada em pesquisas, a dificuldade no acesso ao ensino superior.

O saldo das operações policiais que mais choca, sem dúvida, é a morte e o fato dos corpos favelados não terem o direito ao acesso à justiça. Porém os mais de 140 mil moradores da Maré lidam com mais violações e danos. Nas quatro operações policiais que aconteceram em um mês e meio na Maré este ano, são dezenas os relatos de invasões de domicílios, danos ao patrimônio, violências físicas e psicológicas. 

Pelo menos 22 unidades escolares tiveram aulas  impactadas pela operação policial de hoje na Maré. A informação é da Secretaria Municipal de Educação. Já é o 3º dia sem aulas para os estudantes do bairro. Em 2023 foram 28 dias sem aulas na Maré. 

Prejuízos para a saúde

Em plena campanha contra a epidemia da Dengue, a Clínica da Família Jeremias Moraes da Silva suspendeu o funcionamento e a Clínica de Família Diniz Batista dos Santos suspendeu as atividades externas realizadas no território, como as visitas domiciliares, devido à operação policial em curso. A Maré registrou também há uma semana a primeira morte por dengue no Rio.

O eixo Direito à Segurança Pública e Acesso à Justiça da Redes da Maré e o Maré de Notícias seguem acompanhando os casos de José Jeferson e Jefferson Araújo. 

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