O Ecoclima, Núcleo de Economia Circular e Clima, construiu um telhado verde na casa de duas moradoras da favela Rubens Vaz. O protótipo consiste em uma cobertura com plantas que ajudam a refrescar, filtrar o ar e reduzir a poluição.
O EcoClima é uma iniciativa do Eixo de Direitos Urbanos e Socioambientais (Dusa) da Redes da Maré, em parceria com a Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental e apoio do Departamento de Engenharia Ambiental da Universidade Federal do Rio de Janeiro (EA-UFRJ).
Um dos pilares do projeto é a implementação de soluções sustentáveis para os problemas socioambientais do conjunto de favelas da Maré. Os protótipos foram escolhidos de acordo com a necessidade das quatro favelas abrangidas pelo projeto: Nova Holanda, Parque União, Rubens Vaz e Parque Maré. Para isso, os agentes climáticos realizaram a “Ecoclima – Diagnóstico sobre tecnologias ambientais, futuro e mudanças climáticas na Maré”. Por meio das entrevistas foi possível identificar as necessidades dos territórios.
Mitigação do calor excessivo
Na Rubens Vaz uma das principais reclamações foi o desconforto térmico causado pelas ilhas de calor. Por esta razão, o local foi escolhido para receber o primeiro telhado verde do projeto. Para as irmãs Sayonara e Soraya Claudino, que receberam o telhado, a expectativa é que a construção ajude a mitigar os efeitos das ilhas de calor.
“Eu espero que a gente possa ter em primeiro lugar um ambiente mais fresco. Menos quente porque aquela telha esquenta muito. Também teremos a oportunidade de cultivar plantas que vai nos servir como tempero e uma nova forma de alimentação”, diz Sayonara.
Foram plantadas espécies comestíveis adaptáveis aos clima local, como cebolinha, coentro selvagem e boldinho.
Construção sustentável
O protótipo possui várias camadas: impermeabilização, drenagem, solo e vegetação. Cada uma delas tem uma função específica que contribui para o funcionamento da tecnologia. Para a construção também foram reaproveitados materiais que seriam descartados, como tampinhas de garrafa pet. Elas foram usadas como substituto sustentável para brita, formando uma camada drenante leve e eficiente. As tampinhas foram distribuídas com espaçamento adequado para garantir a drenagem da água da chuva.
A construção foi acompanhada pelo professor Marcos Barreto de Mendonça, do Departamento de Construção Civil da UFRJ.
“ Nós estudamos como desenvolver isso no contexto particular das favelas. Por conta da gente poder trabalhar com os telhados existentes que muitas vezes são telhados que não foram projetados para suportar cargas elevadas. No caso aqui a gente teve que adaptar para as condições do telhado existente”, explica o especialista em Geotecnia.
A equipe formada por agentes e mobilizadores do projeto seguirá monitorando o protótipo. O EcoClima acredita que o telhado verde pode inspirar outros moradores da Maré a adotarem o modelo. Assim, multiplicar mais soluções sustentáveis no território.