Todo professor tem de ir aonde o povo está

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Pré-vestibular vai à rua convocar todos para lutar pela educação pública

Hélio Euclides

Recentemente o Ministério da Educação (MEC) divulgou uma nota sobre corte de 30% nas verbas de todas as universidades federais e institutos, atingindo R$ 2,5 bilhões. O Ministro da Educação, Abraham Weintraub, alegou que os cortes seriam para priorizar creches. Como forma de mobilização, na noite de 6 de junho, educadores do Pré-Vestibular Redes da Maré organizaram a Primeira Aula Pública pela Semana de Ação Mundial na Campanha Nacional pelo Direito à Educação. O evento ocorreu na porta do prédio central da Redes da Maré e reuniu mais de 60 alunos.

A proposta dos professores é que a aula seja a primeira de muitas sobre temas relacionados à educação na Maré. “Essa é a primeira aula pública em defesa da educação, que passa momentos difíceis na conjuntura do país. Há um corte de verba que vai piorar a qualidade do ensino das universidades e na formação de todos. Essa aula deseja perguntar aos presentes: Que educação que queremos?”, questiona o professor Ernani Alcides, coordenador pedagógico do Curso Pré-Vestibular Redes da Maré.

O evento também explicou os motivos de paralisações. “Não podemos aceitar coisas como a PEC 6, que fala da reforma da previdência. Precisamos discutir o cotidiano, mostrar por que o professor precisa fazer paralisação. Necessitamos de uma escola que pense e faça pensar, algo que está sendo ameaçado. Esse apoio a educação é um compromisso do professor e da instituição”, comenta. Ele avalia como boa a aula e que poderão ocorrer outras em locais diferentes da Maré.

Para Andreia Martins, diretora da Redes da Maré, o momento é de discutir o contexto educacional de cortes de verbas que atingem a universidade pública. “Não sabemos como será o futuro da universidade pública, mas precisamos lutar por esse espaço de extensão e pesquisa. O que estão querendo é o sucateamento da universidade. Essa aula vai envolver o aluno do pré-vestibular na discursão, de que é necessário lutar e paralisar atividades em prol do ensino público”, afirma.

Professores lembraram que o aluno muitas vezes quer a matéria, mas também é preciso parar para avaliar a educação. “Quem tem medo de formiga não mexe em formigueiro. É isso que queremos, mobilizar sobre o tema que é de interesse de todos”, expõe Thiago Labre, professor de literatura e português do Pré-Vestibular Redes da Maré. Para Vanessa Gomes, professora de biologia do Pré-Vestibular da Redes da Maré e estudante da UFRJ, o objetivo da aula foi alcançado. “Essa aula pública tem a importância de não nos deixar pensar como reprodutores de discursos, mas ampliar nossa realidade e buscar um diálogo sobre a escola pública”, acrescenta.

Luana Silveira, coordenadora executiva do Pré-Vestibular Redes da Maré, entende que é preciso envolver a juventude na política do país. “Esse evento simboliza uma resistência dos jovens da Maré, que desejam a inserção na universidade pública. Nessa aula, estamos refletindo e pensando no futuro. O tema é uma preocupação e um olhar crítico”, esclarece. A aluna do curso, Camila Lima, acredita que o evento foi valioso para a Maré. “É muito importante potencializar, articular a informação de que a educação é para todos. Falar isso na rua é muito importante, pois chama todos para a luta”, conclui.Ao final, os educadores convocaram todos para Greve Geral do dia 14 de junho, em defesa da educação pública e de qualidade, contra os cortes de verbas, pela aposentadoria e por mais empregos. Também chamou alunos e moradores a estarem presentes em manifestação no Centro da cidade. O evento foi encerrado com uma frase do professor Ernani: “Todos saíram fortalecidos daqui”    


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