Grupos discutem ações para atendimento às mulheres que sofrem violência doméstica
Thaís Cavalcante
Respeitando o distanciamento social, a Rede de Apoio às Mulheres da Maré reuniu virtualmente cerca de 50 mulheres nesta terça-feira (01) para propor o Fluxo de Atendimento às Mulheres em Situação de Violência. As participantes representavam organizações com o único objetivo: garantir que a mulher de favela possa viver sem violência. Fazem parte da rede a ONG Luta pela Paz, Centro de Referência de Mulheres da Maré (CRMM), Centro de Referência para Mulheres Suely Souza de Almeida (CRM), Casa das Mulheres (Redes da Maré), Observatório de Favelas, Caps II – Carlos Augusto da Silva (Magal) e a CAP 3.1.
Mesmo que os casos de violência doméstica tenham crescido durante a pandemia, o tema é antigo e recorrente. As denúncias ao Disque 180 aumentaram em 14% nos quatro primeiros meses do ano, comparado ao mesmo período de 2019. Os dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH) apontam que foram feitas 37,5 mil denúncias apenas no primeiro quadrimestre de 2020.
O encontro levantou os desafios do enfrentamento à violência de gênero, mas também demandas e soluções pensadas por quem compõem a rede. As campanhas e ações isoladas podem garantir uma maior força se articuladas em conjunto. É como percebe Viviane Santos, assistente social da ONG Luta Pela Paz. “A gente chegou à conclusão de que era importante as instituições construírem esse fluxo. Principalmente na tentativa de fortalecer os três serviços de referência que existem na Maré e Fundão, como o Centro de Referência de Mulheres da Maré, Casa das Mulheres e o Centro de Referência para Mulheres Suely Souza de Almeida, da UFRJ”, comenta Viviane.
Denunciar não é a única forma de romper a violência de gênero, mas uma das formas. Buscar apoio, informações e ter a liberdade de opinião também devem ser opção para quem busca assistência. Afinal, a violência de gênero é uma violação de direitos humanos. Segundo Adriana Silva, do CRM, as próprias instituições que lidam com a vivência das moradoras precisam estar preparadas para serem acolhedoras e esclarecer dúvidas, como a existência do atendimento igualitário às mulheres trans, por exemplo.
Atendimento à mulher na Maré
O Conjunto de Favelas da Maré é rico em atendimento especializado às mulheres em situação de violência, se comparado a outras favelas do Rio de Janeiro. Isso pretende se estruturar ainda mais com o Fluxo de Atendimento às Mulheres em Situação de Violência. O mapeamento de coletivos, projetos e lideranças devem facilitam esses atendimentos, além de encaminhar casos e também recebê-los. No centro da discussão está o Atendimento Especializado do Território e, paralelamente, as Redes de Apoio (Saúde) e o Sistema de Assistência Jurídica e Segurança Pública. Uma instituição apoia a outra, caso uma não esteja disponível ou seja suficiente para a necessidade da mulher que busca assistência.
O atendimento especializado no território teve início nos anos 2000, com a criação do Centro de Referência de Mulheres da Maré (CRMM). O centro surgiu por meio de um convênio entre a Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH) e a ONG Cidadania, Estudo, Pesquisa, Informação e Ação (CEPIA) e desde 2004 é um projeto de extensão da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Desde o seu surgimento que o espaço apoia e amplia iniciativas cidadãs. A reunião foi como um processo de construção para melhorar ainda mais o que acontecia presencialmente e com limites territoriais. Outras instituições surgiram no território, como a Casa das Mulheres da Maré, que além de atendimento sociojurídico e psicológico gratuito, realiza cursos de capacitação para as mulheres da Maré.
Gabriela Celestino, enfermeira do CAPSad Miriam Makeba, começou a atuar na Casa das Mulheres recentemente. “A gente tem atendido mulheres que apresentam um sofrimento que, inicialmente aumentou na pandemia, mas não só. Acho muito interessante entender como funciona e ajudar nessa construção e nos encaminhamentos”.
Com essa articulação de atendimentos, a luta continua. A Rede de Apoio às Mulheres da Maré realiza encontros semanais on-line entre as instituições participantes e pretende oferecer uma capacitação sobre violência de gênero. Uma forma de somar forças e encontrar soluções para as mulheres do território.
Busque apoio com as instituições da Rede de Apoio às Mulheres da Maré:
Casa das Mulheres da Maré
Telefone: (21) 3105-5569
Centro de Referência de Mulheres da Maré – Carminha Rosa
Telefone: (21) 3104-9896
Centro de Referência para Mulheres Suely Souza de Almeida
Telefone: (21) 3938-0600
Luta Pela Paz
Telefone: (21) 3104-4115
Observatório de Favelas
Telefone: (21) 3888-3220