Enchentes na Maré: a culpa não é sua, morador

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Um encontro foi realizado no Centro de Artes da Maré (CAM) com tecedores da Redes da Maré para apresentar a Ação Civil Pública (ACP) de saneamento básico no território

Por Lucas Feitoza

Entra verão e sai verão e na Maré o assunto do momento não é apenas a cor que vai ser tendência ou o modelo de biquini usado na estação. Assim como em outros bairros e cidades do estado as enchentes continuam sendo um dos grandes problemas enfrentados pelos mais de 140 mil moradores. A enchente da última terça-feira (7) deixou as principais vias da cidade alagadas. Aqui na Maré moradores registraram alagamentos nas 16 favelas que formam o bairro.

Para mobilizar os moradores e fortalecer as reivindicações de melhorias e reparos na manhã desta quinta-feira (9) um encontro foi realizado no Centro de Artes da Maré (CAM) com tecedores da Redes da Maré para apresentar a Ação Civil Pública (ACP). Há 11 anos essa iniciativa busca soluções para os problemas de saneamento básico na  Nova Holanda. Ela surgiu a partir de uma denúncia anônima na ouvidoria do Ministério Público em 2012 e desde então uma investigação está sendo realizada. “Foi a iniciativa de uma pessoa que nos trouxe até aqui” afirma a advogada Moniza Rizzini Ansari, que participou do encontro. 

Durante a reunião foram apresentados os desafios e principais problemas enfrentados pela Nova Holanda, como o esgoto escorrendo nas casas, vazamentos que contaminam a água potável e o lixo. Shirley Rosendo, coordenadora do eixo Direitos Urbanos e Socioambientais (DUSA) destacou no debate que o saneamento básico é um direito e que não podemos responsabilizar os moradores pelas enchentes, já que o Estado é o responsável pela manutenção das vias públicas; Shirley explica que pela precarização dos serviços na Maré e o abandono do Estado os moradores acabam tomando iniciativa e para resolver os problemas e pelo desconhecimento causam outros transtornos: “essa ACP mostra que o direito não é só uma conquista mas também precisa da mobilização para a manutenção dele, o desconhecimento faz com que você aja no ilegalismo” afirma.

Lucas Feitoza
Lucas Feitoza
Jornalista

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