Epidemia de gripe lota postos de saúde na Maré e por todo o Rio

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Boletim InfoGripe da Fiocruz mostra que esse tipo de ocorrência é inesperada porque o aumento na taxa de contaminação do vírus Influenza costuma acontecer entre os meses de abril e julho

Por Bianca Ottoni, Flavio Herculano, Jorge Melo e Sthefani Maia

No fim de dezembro, a cidade do Rio de Janeiro contabilizou mais de 23 mil casos da gripe do vírus Influenza H3N2,  situação tratada como epidemia. Os pesquisadores acreditam que o relaxamento no distanciamento social, que previne infecções respiratórias, e a baixa taxa de vacinação contra a gripe são os principais responsáveis. A campanha de vacinação da gripe de 2021, até setembro, vacinou  78% do público-alvo. O ideal é que esse número ultrapasse os 90%.

O Boletim InfoGripe da Fiocruz, divulgado na segunda semana de dezembro, mostra que esse tipo de ocorrência é inesperada porque as epidemias de gripe costumam acontecer nos meses de abril, maio, junho e julho, ou seja, na passagem do outono para o inverno. Tudo indica que o vírus da atual gripe foi “importado” do Hemisfério Norte, região que está entrando agora na temporada de frio. Possivelmente alguém se infectou lá e reintroduziu o vírus por aqui. 

Para evitar a gripe, os cuidados são os mesmos da covid-19: higienização das mãos, máscaras, evitar aglomeração e ficar em repouso e isolamento em caso de identificar os sintomas, como febre, tosse, espirros e dor no corpo.

A epidemia na Maré

A situação nos postos de saúde da Maré reproduz o que vem acontecendo em toda a cidade. “Estamos atendendo em quantitativo muito maior de gripe do que covid. No início da epidemia (da gripe) abríamos o posto e já havia cerca de 18 a 20 pacientes para cada equipe, sendo que somos 8 equipes.” conta a enfermeira Sara Mançano, que trabalha na clínica da família Jeremias Moraes da Silva.

Um dos problemas que tem agravado a situação é a falta de doses da vacina da gripe. Segundo Sara Mançano, em dezembro, após a falta de vacina, a procura pela anti-influenza cresceu. Na segunda semana de dezembro, os funcionários da Clínica da Família Jeremias Moraes da Silva chegaram a vacinar em média 400 pessoas. 

Sara Mançano acredita que, com a pandemia do coronavírus, houve um relaxamento da população com outras doenças e a gripe, por se tratar de uma doença com menos letalidade, foi deixada de lado. 
“Esse tumulto poderia ter sido evitado”, afirma uma agente de saúde da Jeremias, que preferiu não se identificar. “Quando a campanha começou em abril, nós fomos até as pessoas. Fomos para a rua, montamos tendas para as pessoas se vacinarem, chamávamos elas e eram pouquíssimas pessoas que vinham.” 

Em outubro, a Secretaria Municipal da Saúde realizou o Dia D da Campanha de Multivacinação, onde clínicas da família, UPA`s  e centros municipais de saúde ficaram abertos no sábado (16/10) para vacinar todos que estavam com a vacinação atrasada.

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