Escritor que viveu situação de rua usa sua história para ajudar outras pessoas

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Leo Motta tem dois livros publicados e lança músicas para alcançar mais pessoas

Uma vida modificada pelas ruas. Leo Motta, em sua trajetória como pessoa em situação de rua se tornou escritor. “É a história de um homem preto, que morou na rua e conseguiu sair dessa situação”, conta. Depois de escrever livros o artista lançou recentemente um rap ‘Marquises’, um poema adaptado. “Quero alcançar mais pessoas”, reforça.

Leo explica que tudo que faz hoje em dia é para chamar atenção para as pessoas que vivem nas ruas. “Tento passar minha vivência e minha experiência, foram 20 anos como dependente químico.” O escritor conta que começou a usar drogas quando perdeu um filho de 3 meses, em 2003, “a mãe dele não gostou que a gente terminou, não voltou mais e matou meu filho”.

Leia também: Artigo: A rua entra no ciclo da vida

Foi nesse período que Leo passou a morar debaixo das marquises, na região que chama de “cracolândia” perto da passarela 10 da Avenida Brasil”. Naquela época a maior dificuldade era a fome. “Um dia estava em Copacabana e pedi um lanche a uma senhora e ela cuspiu na minha cara”, relembra. Durante 6 meses ficou morando na rua, depois foi resgatado pelo irmão e ficou 7 meses na Associação Solidários Amigos de Betânia, ligada à Igreja Católica e que possui parceria com a Prefeitura.

Das marquises para a Bienal do Livro

Logo em seguida, Leo começou a trabalhar e decidiu ajudar outras pessoas em situação de rua. Criou uma página numa rede social onde conta as histórias delas. “As pessoas veem quem está nas ruas como muitas coisas, mas esquecem que também são humanas.” Então a partir de um conselho de um seguidor resolveu contar sua história. Daí veio o primeiro livro “Há vida depois das marquises”, lançado em 2019, tornando Leo a primeira pessoa em situação de rua a palestrar na Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro.

O livro conta a história de Léo a partir do seu próprio olhar. Por meio desta publicação o escritor conseguiu conhecer seu pai. “Na Bienal do Livro ele fez uma surpresa para mim, no dia foi lá pegou meu número e depois nos encontramos e ele me contou que é meu pai. Hoje somos melhores amigos.” O reencontro com o pai foi importante para Léo que sentia falta da figura paterna. A narrativa tornou-se seu segundo título publicado; ‘Há vida depois das marquises – sonhos

Novos planos

Léo ainda pretende lançar novas músicas, e quer ajudar outras pessoas em situação de rua. Com entusiasmo, conta sobre uma ação que fará no próximo dia 20/06 na Biblioteca Parque Estadual no Centro do Rio. “Vou fazer o lançamento do meu documentário para sessenta pessoas em situação de rua, porque o filme está no You Tube mas eles não tem celular nem internet para assistir, vai ser uma sessão exclusiva com pipoca, guaraná e debate, quero ver o que eles vão dizer.”

Léo hoje em dia mora na Ilha de Paquetá com sua esposa e a filha de 3 anos, ele é pai de 4 filhos e está prestes a ser avô do primeiro neto e conta com orgulho. “Hoje em dia meus filhos não tem mais vergonha de mim.”

Confira o último lançamento de Léo:

Lucas Feitoza
Lucas Feitoza
Jornalista

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