Evento de conscientização na Maré: hora de relembrar perigos do Aedes Aegypti

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Ação realizada na quadra do Colégio Estadual Professor João Borges, atrás da Clínica da Família Jeremias Moraes da Silva, representa pontapé inicial para fortalecer prevenção contra as arboviroses urbanas

Por Tamyres Matos, em 17/03/2022 às 16h08. Editado por Edu Carvalho.

A prevenção das doenças provocadas pelo mosquito Aedes Aegypti não pode virar coisa do passado no Rio de Janeiro. Mesmo em um cenário ainda marcado pelas incertezas da pandemia de covid-19, é importante que toda a população, dentro e fora do conjunto de favelas da Maré, se conscientize disso. Ontem (16/3), quadra do Colégio Estadual Professor João Borges, na Nova Holanda, recebeu a ação que representou o pontapé inicial na prevenção e controle das arboviroses urbanas (dengue, chikungunya e zika).

“A gente não quer passar pelo que aconteceu em dezembro, com a explosão de casos de influenza (vírus da gripe). À época, a gente teve uma diminuição dos casos de covid-19, mas a influenza se espalhou rapidamente e causou preocupação. O objetivo desta ação é preservar vidas. A gente só consegue combater as arboviroses com o trabalho coletivo. A Comlurb sozinha não consegue dar conta, a Rioluz não consegue dar conta. A Saúde sozinha não consegue dar conta. É necessária a dedicação da população como um todo”, defende Thiago Wendel, coordenador geral de atenção primária.

Após o evento na quadra, foram realizadas visitas às casas dos mareenses e de outras regiões da cidade para espalhar as orientações de cuidado e prevenção. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, ocorreram 1.486 visitas para eliminar possíveis focos do mosquito e remover materiais que pudessem se converter em criadouros do inseto. A iniciativa na quadra atrás do Jeremias teve diversas vertentes: vacinação contra a covid-19, atividades do Programa Academia Carioca, isenção para tirar documentos… mas o foco declarado era relembrar a urgência da prevenção contra a disseminação das doenças provocadas pelo Aedes Aegypti. Ao todo, 300 profissionais participaram das atividades.

“Eu tomo os cuidados, evito a água parada, mas é importante lembrar que não podemos ficar sem assistência quando temos problemas com água e esgoto, por exemplo. Essa semana eu passei por um esgoto entupido e tinha uma criança tomando banho lá! Eu tive que alertar a mãe, pois a criança não sabia os riscos. A gente fica alegre quando têm essas ações, é importante porque são as autoridades que precisam tomar as providências. Cada um tem que fazer sua parte, mas essas pessoas (agentes públicos) precisam comparecer”, afirma Zuleide Ferreira de Araújo, de 69 anos, moradora da Nova Holanda.

Thiago Wendel, coordenador geral de atenção primária, ao centro de parte da equipe presente ao evento realizado na Nova Holanda | Foto: Gabi Lino

A iniciativa do evento de prevenção às arboviroses urbanas foi da Secretaria Municipal de Saúde, da Subprefeitura da Zona Norte, da Redes da Maré, do projeto Luta pela Paz e de  lideranças locais.

Contexto atual das arboviroses

A palavra-chave da iniciativa é prevenção. O cenário atual é de controle, mas estamos prestes a entrar em um período do ano que exige atenção extra. “Em abril, a tendência é que comecem a aparecer casos destas doenças. Por conta do aumento das chuvas, especialmente nos locais que têm acúmulo de lixo, muitos destes pontos viram criadouros dos mosquitos.

Segundo a Secretaria de Estado de Saúde do Rio, “é fundamental reforçar que para as arboviroses urbanas causadas pelos agentes infecciosos transmitidos pelo Aedes aegypti ainda não há vacina e, se não forem tratadas oportunamente, podem levar o paciente ao óbito ou deixar sequelas”.

De acordo com o último Boletim Epidemiológico Arboviroses, publicado em janeiro deste ano pela Secretaria, em 2021 foram notificados 2.879 casos prováveis (casos notificados exceto os descartados) de dengue no estado, correspondendo a uma baixa incidência acumulada de 16,5 casos por 100 mil habitantes. De chikungunya foram notificados 552 casos prováveis, correspondendo a uma baixa incidência acumulada de 3,2 casos por 100 mil habitantes. Já em relação à zika, notificaram-se 58 casos prováveis, correspondendo a uma baixa incidência acumulada de 0,3 casos por 100 mil habitantes.

Cara a cara com o mosquito da dengue

Alguns minutos após o início do evento na quadra da escola, uma aparição chamou a atenção dos presentes. Ele mesmo: o próprio Aedes Aegypti marcou presença. Quer dizer, quase isso. Tratava-se da agente de endemias, especialista em arte-educação, Fátima Pereira, funcionária da Clínica da Família Adib Jatene. Fantasiada de mosquito da dengue, Fátima chegou disposta a fortalecer a conscientização sem sair do personagem.

“Estou querendo picar geral aqui, velocidade 7 do ‘créu’. Porque a galera deixa água parada. O pessoal está tão preocupado com covid que está esquecendo da dengue, da zica, da chikungunya e da febre amarela, mas a gente está na área e queremos fazer estragos. Tem uma musiquinha que vou cantar pra vocês: ‘com tanta água parada no meio desse povo, a dengue botou mais um ovo’”, alerta Fátima, que finalizou seu discurso com uma paródia da vinheta de Carnaval da TV Globo.

O “mosquito da dengue” presente ao evento cumpriu sua missão: chamar a atenção de todos os presentes e reforçar a importância da prevenção | Foto: Gabi Lino

Combate e cuidados

Verifique se a caixa d’água está bem tampada;

Deixe as lixeiras bem tampadas;

Coloque areia nos pratos de plantas;

Recolha e acondicione o lixo do quintal;

Limpar as calhas;

Cubra piscinas;

Tampe os ralos e baixe as tampas dos vasos sanitários;

Limpe a bandeja externa da geladeira;

Limpe e guarde as vasilhas dos bichos de estimação;

Limpe a bandeja coletora de água do ar-condicionado;

Cubra bem a cisterna;

Cubra bem todos os reservatórios de água.

Cuidados com a família

Use repelente;

Quando o calor deixar, cubra a maior parte do corpo com roupas claras;

Coloque telas em janelas e portas;

O mosquito tem hábitos diurnos, sobretudo ao amanhecer e ao entardecer. Por isso, é importante reforçar a atenção nesse período. Mas atenção: o mosquito é oportunista e pode picar à noite também.

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