Fórum Popular reúne coletivos e organizações da Zona Norte para discutir segurança pública

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Encontro aconteceu no último sábado (22) e temas como produção de dados nas periferias foram debatidos

Por Samara Oliveira

Através da articulação do Fórum Popular de Segurança Pública, diversas organizações da sociedade civil e movimentos sociais de favelas se reuniram para realizar a Audiência Popular de Segurança Pública da Zona Norte.

Com o intuito de discutir segurança pública na região, os grupos estiveram, no último sábado (22/10), no galpão do Espaço Normal, da Redes da Maré, localizado na favela Parque Maré. A atividade começou  com a exibição do documentário “(Des)Controle – O Ministério Público no Centro das Atenções” da Anistia Internacional e seguiu para os debates.

Entre as organizações presentes estavam a Casa Fluminense, Iniciativa Direito à Memória e Justiça Racial (IDMJR), Observatório de Favelas, Instituto de Defesa da Pessoa Negra (IDPN), Mecanismo Estadual de Prevenção e Combate à Tortura do Rio de Janeiro (MEPCT/RJ), entre outros, além dos coletivos Raízes em Movimento, Coletivo Papo Reto e mais.

Durante a audiência, formaram-se quatro grupos de trabalho (GT’s) que discutiram temas como: “Qual a importância de moradores de favela discutirem a produção de dados?”; “A cadeia é um mecanismo de controle do estado?”; “Como as chacinas podem ser interrompidas?”; “Quais estratégias podemos construir para enfrentar a violência de estado?”

Foto: Samara Oliveira | Representantes do eixo Direito à Segurança Pública e Acesso à Justiça da Redes da Maré participam de encontro

Fabiana da Silva, de 41 anos, coordenadora de mobilização da Casa Fluminense, ressaltou os movimentos periféricos para construção de políticas públicas.

“Estamos trazendo a importância de que esses moradores dos seus territórios produzam seus dados para conseguir não somente dialogar em relação a essas produções de dados, mas também criar movimentos de produção de políticas públicas que venham de baixo e não que seja aquela coisa que surge do nada sem ouvir o morador. O morador já tem suas estratégias e tecnologias de produção para melhorar sua qualidade de vida, a ideia é que o estado reconheça essa produção de iniciativas e tecnologias que geram mudanças”, explica. 

Com isso, a coordenadora relembra a trajetória das construções das periferias “Ao longo de anos e formação de favela os moradores já mostraram que são extremamente articulados. Quando se pensou ‘ah, não tem água’…quem fez a água chegar na favela? Foram os moradores. ‘Não tem luz’… quem fez a luz chegar nas favelas? Foram os moradores. Criação de escolas, postos de saúde… foram os moradores, não foi o estado. O estado entrou nesse lugar a partir dessa imposição dos moradores para que houvesse de alguma forma uma movimentação”, afirmou.

Irone Santiago, de 57 anos, integrante do eixo Direito à Segurança Pública e Acesso à Justiça, da Redes da Maré, comenta a necessidade de encontros como esse. 

“Discutir sobre segurança pública no território é uma troca. A gente dá e recebe tanto aqui quanto em outros espaços. Todo mundo que vem aqui traz seu conhecimento, mas também leva o que aprendeu aqui”, reforça Irone, mãe de Vitor Santiago que em 2015 ficou paraplégico após ser atingido de fuzil pelo exército.

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