Gastronomia, música e emoção marcam a abertura do Comida de Favela na Maré

Data:

Até 09 de novembro, toda a população da Maré e do Rio de Janeiro pode visitar os 16 estabelecimentos participantes e votar no seu prato favorito 

Na última quinta-feira (10), a Casa das Mulheres da Maré promoveu o evento de abertura do Festival Comida de Favela 2024. A ocasião contou com a apresentação de cada participante sobre a construção do seu prato, culinária ao vivo com a Chef Kátia Barbosa, criadora do famoso bolinho de feijoada e, finalizou com o show gratuito do grupo Samba Que Elas Querem.

Mariana Aleixo, coordenadora da Casa das Mulheres da Maré, reforça a importância do festival: “A gente está, com o Comida de Favela, fortalecendo esse ecossistema empreendedor na favela, que é completamente diferente de ser empreendedor de outras partes do Rio de Janeiro, como por exemplo, não ter um fornecedor que venha até o nosso estabelecimento por conta de uma operação policial. Queremos fortalecer esse ecossistema para criar uma experiência empreendedora mais segura e saudável para a Maré do futuro”, diz.

Aleixo também comenta o objetivo gastronômico: “A gente queria estimular o prato, a cultura mareense que já existe. Tornar o prato que a gente acha que é simples em um prato representante do comida de favela”, conta.

O propósito na gastronomia de favela

Katia Barbosa, chef e cria do Complexo do Alemão marcou presença preparando ao vivo o famoso Bolinho de Feijoada que ficou conhecido em todo o Brasil: “Esse Bolinho de Feijoada fala muito da comida carioca, que se organiza a partir da cultura do fazer, da ancestralidade”, conta Katia. 

A chef relembra o momento em que despertou seu propósito na gastronomia: “Quando eu comecei a minha luta pela comida brasileira, e tive a sorte de ser o boom da alta gastronomia no Brasil, eu vi chegando aqui várias influências estrangeiras como a comida italiana, comida francesa, comida espanhola e a garotada das universidades querendo fazer todas essas comidas técnicas”, conta. 

Ela complementa e fala da importância de encontrar sua própria direção no ramo: “Eu não fiz faculdade de gastronomia, só estudei até a 8ª série e nesse momento que eu vi todas essas influências chegando, eu pensei em preservar a comida e a cultura brasileira. Meu conselho é: cheguem com verdade, com história, com aquilo que você acredita, se apropria dessa verdade, estude o máximo que você puder para que ninguém tenha dúvida do que você tá falando e fazendo!” 

Impacto além do prêmio

“A Casa das Mulheres e a Redes tá dando uma oportunidade para cada um crescer, que possamos sair daqui vitoriosos, não porque alguém ganhou do outro, mas por mostrar o nosso trabalho, as coisas gostosas que a favela tem. Não temos voz pra falar, então vão nos ver pelo nosso trabalho”, diz Cristiane, proprietária da Doce Sabor, criadora da Coxinha Diferenciada.

Fernanda Telles levou o público às lágrimas ao falar de sua trajetória e da potência de sua participação:

A empreendedora também lembra uma realidade comum na favela ao falar da Torta Salgada de Sardinha Artesanal que criou: “Nunca tive uma festa de aniversário e meu sonho sempre foi ter uma torta salgada, esse prato significa muito pra mim”, diz.

Ao final, o público pôde degustar todos os quitutes dos 16 participantes ao som do grupo feminino Samba Que Elas Querem.

Participe e vote

Visite os estabelecimentos, experimente os pratos e vote no seu favorito.
A Redes da Maré também oferece roteiros guiados com monitores (moradores) e durante o trajeto, apresenta a identidade e cultura do território, a pé ou em caravanas.
Chame a galera e faça a reserva em 21 97159-7725.

Você também pode ir de forma independente. Basta escolher o estabelecimento, ir de mototáxi ou a pé e degustar os pratos.

A votação está aberta até dia 09 de novembro para escolher o melhor prato da Maré. Participe!

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