‘Ialodês’ dos nossos tempos homenageadas em festival

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Uma das discussões mais relevantes levantadas durante o evento foi sobre o não cumprimento da lei que determina o ensino das culturas afro e indigena nas escolas

Por Daniele Figueiredo* e Lucas Feitoza*, em 05/10/2022 às 10h38

Ialodê é um termo da língua Iorubá utilizado pelas mulheres que detém a posição de representar outras nos mais variados assuntos. A expressão, resgatada pela diretora executiva da Anistia Internacional no Brasil, Jurema Werneck, emergiu no Festival Ecoar realizado no dia 24 de setembro no Museu de Arte do Rio (MAR). Ali, dezenas de pessoas participaram do debate sobre os 30 anos de fundação de Criola, organização não governamental (ONG) que luta pela defesa e promoção dos direitos das mulheres negras.

Entre as participantes do debate estavam a assistente social Adriana Santos, Beth Campos e Patrícia Evangelista, líderes comunitárias e representantes de Manguinhos. Mônica Sacramento, integrante da Criola, fez a intermediação.

O resgate do termo, faz referência às diversas maneiras de organização ancestral que tiveram relevância nas ações de resistência à escravização. Mais tarde foi sendo apropriado para a reafirmação da incidência das mulheres negras na política e nos diferentes espaços públicos.

Ausência do ensino afro

Mesa de debate fez parte do evento Ecoar! | Foto: Lucas Feitoza

Um dos problemas apontados no debate foi a não adoção da lei 11.645/2008, que garante o ensino das culturas afro e indigena nas escolas. Adriana Santos, admitiu que ainda não há uma aplicação efetiva da lei na educação básica, mas que todos devem buscar meios para que seja cumprida.

Mônica falou que homenagear o trabalho de Criola e debater as formas de mobilização realizadas pelas Ialodês dos nossos tempos são ações importantes para despertar o interesse das novas gerações. Adriana, emocionada por ser reconhecida como uma Ialodê, disse que o termo traz a responsabilidade de deixar um legado para as novas gerações: “está na hora de passar o bastão, são mais de quinze anos lutando pelos direitos da mulher negra” concluiu.

*Comunicadores da primeira turma do Laboratório de Jornalismo Maré de Notícias

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