Jovem é executado em operação do COE na Maré

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Um jovem foi morto e um policial, ferido;  população está amedrontada e sem poder seguir sua rotina

Jéssica Pires

Na última terça-feira (2), o Comando de Operações Especiais da PM (COE) realizou a quarta operação nos últimos 30 dias na Maré. A ação durou mais de 12 horas, deixou um jovem morto e muitos impactos negativos para o território. A ação começou na Vila dos Pinheiros e Vila do João por volta das 6h da manhã, avançando para a região do Morro do Timbau e Baixa do Sapateiro ainda no período da manhã.

Policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), Batalhão de Polícia de Choque (BPChq), Grupamento Aeromóvel (GAM) e Batalhão de Ações com Cães (BAC) circularam nas cinco favelas durante todo o dia e início da noite com o apoio de blindados. O Maré de Direitos (projeto da Redes de Maré que oferece atendimento sóciojurídico gratuito) recebeu muitos relatos de casas invadidas e carros arrombados sem mandado judicial. Segundo relatos de moradores, as unidades de saúde e as escolas da região permaneceram fechadas. Quando questionadas sobre o funcionamento, as assessorias municipais de educação e de saúde não responderam.

Durante os confrontos um policial foi ferido e o jovem Antônio Vitor Silva Bandeira, (21 anos) morto. De acordo com informações da Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar, Antônio Vitor foi ferido durante um confronto no Morro do Timbau, socorrido e levado ao Hospital Federal de Bonsucesso (HFB). A assessoria de comunicação do HFB informou que o jovem já estava morto quando deu entrada no hospital por volta de meio dia. Segundo relatos de moradores, o jovem foi executado na região do confronto mesmo após se render.

A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informou também que durante a ação foi localizado um laboratório com tonéis, prensas, produtos químicos próprios para manipulação de drogas; seis armas (entre revólveres, pistolas e uma réplica de fuzil); um cofre e drogas (um saco contendo produto químico em pó, dois sacos de maconha, três sacos de pó branco, seis tonéis de loló, três bolas de cocaína e quatro sacos de maconha) e um rádio-comunicador. A motivação da operação não foi informada.

É importante lembrar que no último dia 19 de junho uma decisão da juíza Regina Lucia Chuquer de Almeida Costa Castro, da 6ª Vara de Fazenda Pública da Capital, suspendeu determinações da Ação Civil Pública (ACP) que protegiam moradores da Maré durante as operações policiais.  Uma semana antes da decisão, ocorreram quatro dias seguidos de operações truculentas na Maré.

O Eixo de Segurança Pública e Acesso à Justiça da Redes da Maré segue registrando as denúncias das violações de direitos fundamentais com a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro.

Você morador, pode escrever uma carta à Justiça manifestando sua insatisfação com a decisão de suspender a ACP da Maré.

Clique aqui e confira o modelo!

Use o modelo acima e deixe sua carta na sede da Redes da Maré (Rua Sargento Silva Nunes, 1012 – Nova Holanda; e no CIEP Ministro Gustavo Capanema – Vila dos Pinheiros); no Observatório de Favelas (Rua Teixeira Ribeiro, 535 – Nova Holanda) ou na Luta pela Paz (Rua Teixeira Ribeiro, 900 – Nova Holanda).


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