Lixo acumulado e riscos à saúde: medidas para prevenir infestações domésticas

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De repente você está dormindo com o inimigo. Antes fosse apenas uma ficção como no filme do Agente 007, mas é a realidade das pragas urbanas que podem estar invadindo o seu lar. Após a invasão de uma casa, alguns móveis podem virar um esconderijo para esses insetos, como fogões, camas e sofás. Wilza Lucindo, moradora do Conjunto Pinheiros, já teve uma praga infestando a sua casa: percevejo. “Meu filho e a vizinha também tiveram esse problema. Muitas das amigas da minha filha também reclamaram sobre essa praga. Todos os dias vejo sofás, camas e colchões infestados no lixo”, conta. 

Valdenise Brandão, mais conhecida como Val, graduanda em paisagismo e gari, atuou em diversos espaços na Maré que antes eram locais de descartes indevidos de lixo e se transformaram em canteiros. Ela acredita que o grande vilão da proliferação de pragas para os lares é o descarte indevido do lixo. “Os moradores têm que fazer a sua parte, colocando o lixo bem embalado e fechado. Essa responsabilidade deve ser compartilhada com a companhia de lixo, que precisa realizar a coleta domiciliar adequadamente e organizar a coleta seletiva. Todos compartilhando a sua parte teremos uma cidade mais limpa e sem insetos”, define. 

No Conjunto de Favelas da Maré, alguns territórios como Salsa e Merengue, Morro do Timbau, Nova Maré e Nova Holanda conhecem bem essas infestações devido ao acúmulo de lixo. Apesar da coleta de lixo ser realizada todos os dias, o serviço ainda se mostra insuficiente diante da quantidade de lixo produzida pela população mareense. 

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Moradores da favela Salsa e Merengue relatam que os insetos tomam conta da Rua Projetada G. “É muito lixo no chão, os garis utilizam trator para a retirada. Temos que colocar sal na entrada das lojas e casas para evitar a invasão dos tapurus”, comenta a comerciante Vanessa Silva

De acordo com Marcelo Guimarães, engenheiro ambiental e pesquisador do Núcleo de Gestão Urbana e Saúde da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP) Fiocruz, esses insetos podem causar uma série de doenças e desconfortos. “As moscas varejeiras podem causar berne, que são as larvas que se alojam e crescem se alimentando da pele. Mosquitos como o Aedes Aegypti podem utilizar embalagens usadas que contenham água para servir de criadouro. Podem causar febres hemorrágicas como Dengue, Zika e Chikungunya. Ratos podem se esconder entre o lixo e potencialmente causar doenças como leptospirose e cólera. Escorpiões e cobras podem se esconder em resíduos de construção civil, restos de tijolos, telhas. Esses animais podem ser peçonhentos e causar muita dor, outros sintomas e até morte.”

O que fazer e o que não fazer? 

Ainda de acordo com o especilista, a primeira coisa a ser feita após se livrar do lixo, é limpar o local e lavar o chão. Além disso, evitar alimentos e água em lugares acessíveis para essas pragas está entre as recomendações. 

“Quanto aos insetos, você deve inicialmente eliminar todos os possíveis locais com água parada, onde os mosquitos colocam seus ovos. Por serem muito pequenos, é pouco provável que você os enxergue. Não deixe jarras, garrafas com água sem tampa na sua casa por mais de um dia”, ressalta. 

Sobre o que não fazer, ele alerta sobre um comportamento comum na tentativa de moradores de acabarem com pragas que já se instalaram: a queima de lixo. “Deve ser evitada, pois emite gases que são potencialmente tóxicos e cancerígenos, principalmente para crianças com problemas respiratórios.”

Segundo o pesquisador, é importante também o descarte do lixo próximo a hora que passa a coleta para evitar que os animais revirem as sacolas. “…[os animais] podem se contaminar comendo alimentos estragados e transmitindo doenças para os moradores como teníase, triquinose, cisticercose e outros”.

No entanto, em casos de pragas que já se instalaram e estão fora de controle, Guimarães indica a ajuda do departamento de controle de pragas da prefeitura no canal 1746.

A Companhia de Limpeza Urbana da cidade do Rio de Janeiro (Comlurb) pede para que todos respeitem a limpeza, mantendo quintais limpos, sem folhas, e ressalta que é de grande importância o descarte correto dos resíduos domiciliares. 

Sobre o Salsa e Merengue, a Comlurb informa que realiza a limpeza das caixas diariamente. A empresa completou que as segundas-feiras costumam acumular mais lixo por conta das festas realizadas no fim de semana no local. O órgão informa que ao ocorrer conflitos ou operações policiais não é realizada a coleta de lixo, para evitar que os garis corram algum risco. Contudo, a limpeza é realizada ao término ou no dia seguinte.

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