Lutadoras mareenses embarcam para intercâmbio nos EUA

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Jovens, com histórico de ativismo na Maré, participam de programa com a temática Esporte para Mudança Social

Por Hélio Euclides, em 20/09/2022 às 15h10

A busca dos direitos das mulheres, de tomar decisões sobre o futuro da sociedade, com poder de participação social, se posicionando em todos os campos sociais, políticos e econômicos, com total igualdade entre os gêneros. Essa é a definição de empoderamento feminino. Para fortalecer essas conquistas, duas jovens: Raissa Lima, de 26 anos e Rafaela Silveira, de 27 anos, inscreveram-se num intercâmbio nos Estados Unidos, com objetivo de troca de experiências. Ambas embarcaram para o país na última sexta-feira (16).

Tudo começou no final de 2019, quando as duas jovens participaram de um treinamento na Empodera, uma instituição que utiliza o viés educacional do esporte para promover o empoderamento de meninas e jovens mulheres. Após participarem do edital Intercâmbio Movendo o Campo de Jogo para a escolha de 12 pessoas, a Maré foi contemplada com duas vagas. O programa é promovido pela Iniciativa Internacional de Programas Esportivos (ISPI), financiado pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos e facilitado pela instituição Women Win, em parceria com a Empodera e a Girls Rugby, uma instituição internacional que faz um trabalho semelhante voltado para mulheres que jogam Rugby.

O tema do intercâmbio é Esporte para Mudança Social, que tem como objetivo construir valores de inclusão, aumentar a confiança para um mundo mais estável e amenizar discursos de ódio. “Achei muito irado porque iríamos nos aprofundar mais ainda na questão que eu já trabalho com as meninas no esporte, que é a inserção e a continuidade delas no esporte. Achei incrível ter entre as selecionadas duas mulheres da Maré”, ressalta Lima. As jovens vão realizar o intercâmbio na cidade de Denver, capital do estado do Colorado, e Glendale, na Califórnia. Silveira conta que não foi fácil. “Participamos de um processo seletivo com várias etapas, que contou com apresentação de currículo, entrevista e carta de apresentação”, lembra.

Na primeira fase do intercâmbio ocorreu a visita das participantes estadunidenses ao Brasil, em março de 2020. Depois, com a pandemia, o projeto tomou outra proporção. Não foi possível realizar o intercâmbio presencial, sendo possível apenas uma vivencia on-line em 2020. A pandemia só adiou o sonho. “Agora vamos poder conhecer algumas organizações que trabalham com a inserção de meninas no esporte. Será uma semana agitada. Tudo isso para usar no meu retorno, por meio das minhas aulas de judô na Luta pela Paz, inserir o que aprendi no exterior”, conta Lima. A colega Silveira concorda. “Vai ser um aprendizado de técnicas e ferramentas para ajudar no empoderamento através do esporte e educação”, diz.

Lima confessa que sua maior referência é sua mãe. “Quando eu era criança, ela teve que fazer três faxinas para comprar meu primeiro quimono, sem nem saber o que era. Mesmo achando que era um esporte ‘masculinizado’, ela me incentivou e por minha mãe entrei no judô, e por causa da educação e de todo o suporte dela que estou indo nesse intercambio”, comenta. Para a atleta, ela vai representar o território. “Para mim é de uma relevância enorme, eu não sabia o quanto eu sou grande e represento tanto na favela. Agora as meninas vão ter mais uma referência. Eu estou muito feliz”, finaliza.

Para saber mais sobre o programa e os outros participantes do intercâmbio, você pode clicar aqui.

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