Marcílio Dias tem mais um dia de operação policial e possibilidade de ocupação gera incerteza para moradores

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Essa é a sexta operação policial na região este ano e são diversas as violações de direitos mapeadas

Por Jéssica Pires, em 18/07/2022 às 18h40

A favela Marcílio Dias, que tem mais de seis mil habitantes, amanheceu mais uma vez com uma operação policial nesta segunda-feira. Desde antes das 8h da manhã, moradores relatam a presença de muitos veículos e agentes da Polícia Militar na região. Com o passar do dia, relatos de abusos de poder, invasões de domicílios e danos ao patrimônio de moradores foram compartilhados com o Maré de Notícias. 

O Centro Municipal de Saúde João Cândido não funcionou durante todo o dia devido a ação. A associação de moradores local, onde acontecem acolhimentos em casos de violações e violências em dias de operação policial, também permaneceu fechada nesta segunda. 

A Assessoria de Imprensa da polícia informou  que a operação foi comandada por equipes do 16º BPM (Olaria) e entre os objetivos estavam a remoção de barricadas, a apreensão de armas de fogo e cumprimentos de mandados de prisões. O aumento de roubos de veículos e cargas seria o motivo da ação. A operação segue em curso até o momento e não há previsão de término, segundo moradores, que no momento do fechamento deste texto informaram sobre a chegada de mais homens descaracterizados no território e há suspeita que sejam policiais à paisana. 

O Maré de Notícias questionou a assessoria sobre a ausência de ambulância para socorro de possíveis vítimas da ação, mas não obteve respostas. Ainda que a Polícia Militar tenha aderido o uso das câmeras de monitoramento, na ação de hoje, em Marcílio Dias, os agentes não usavam uniformes com o equipamento acoplado.

Ocupação sem informação 

Recebemos relatos de moradores de que esta se trata de uma ação de ocupação de longa duração, de acordo com a narrativa dos próprios agentes que executam a ação. Questionamos a assessoria de imprensa da PMERJ sobre essa informação que circula no território e não obtivemos retorno oficial. Apesar da presença massiva de agentes da polícia, não há movimentação ou estrutura no território que revele condições para a permanência continuada das forças armadas do Estado. O Maré de Notícias segue acompanhando essa operação e os desdobramentos para a região. 

Recorrência de ações 

Só este ano Marcílio Dias já foi alvo de 6 operações policiais, que resultaram consequentemente em dias sem atendimento médico por parte da população, acesso à educação para crianças e jovens, além da sensação de medo e insegurança por parte dessa população. 

Durante esse período, a equipe do Eixo Direito à Segurança Pública e Acesso à Justiça da Redes da Maré que monitora os impactos das operações policiais no Conjunto de Favelas da Maré, acolheu 7 famílias de Marcílio Dias que relataram diversas situações de violações de direitos, como danos ao patrimônio, invasões à domicílio, invasões à privacidade, violência física e verbal além de ter registrado a morte de uma pessoa e ainda outra ter sido ferida durante essas ações policiais. 

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