Mareenses participam de documentário da Globoplay sobre as ballrooms cariocas

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‘Segura essa pose’ estreou no catálogo do streaming no Dia do Orgulho LGBTQIAPN+ 

A série documental ‘Segura essa pose’ original da GloboPlay, que conta a história da cena ballroom carioca, tem a participação de legendárias personalidades mareenses no elenco.

Dividido em sete episódios, a série se propõe a ser um mergulho na história das famílias ballrooms. Eventos com grande presença de jovens LGBTQIAPN+ pretas e periféricas que se reúnem em celebrações que envolvem talento, batalhas artísticas e afeto. Algumas cenas da série foram gravadas no Conjunto de Favelas da Maré contando como é a cena ballroom no território. Kill Bill e Lua Brainer participaram do elenco contando como é ser “007” que são pessoas que não tem uma casa de ballroom, e como elas se acolhem enquanto famílias.

A legendária* 007 Kill Bill, de 24 anos, moradora do Morro do Timbau, explica que a comunidade ballroom foi criada por trans e travestis pretas e considera que é importante para elas terem essa visibilidade. “Poder mostrar que Vogue não é só uma dança e sim uma cultura. Tem toda essa questão do afeto, dessa família por trás. Chegando a esse lugar muitas vezes a gente não imaginava que pudéssemos estar ali nos vendo na televisão. E foi possível e isso é muito gratificante, encoraja a cada dia sonhar. Que a gente pode e sim consegue e vamos chegar a qualquer lugar.” 

A legendária 007 Lua Brainer, de 28 anos, moradora da Vila dos Pinheiros, explica que as cenas foram gravadas em um período sensível para as houses (casas),  em 2022 ainda no período da pandemia com os encontros presenciais ainda em retomada cautelosa. Lua ressalta também a importância do documentário e conta que só se deu conta da dimensão depois de algum tempo que as gravações estavam acontecendo.  “A gente começou a ver que já tinha a importância de dar a visibilidade, a importância de nos mostrar também para a cena global, de a gente sair na Globo. Só que a gente também não estava caindo numa realidade, porque a gente estava cicatrizando muita coisa da gente também”, relembra. 

A artista conta que o documentário vai aproximar mais as pessoas de referências locais “a gente fala, ó, segura minha pose também, que é uma história, mais ligada com a gente, tá mais ligada com o nosso público, com o nosso território, com as nossas favelas”. 

Expansão das houses

As artistas comentam que o público vai poder acompanhar cenas de muito afeto e também ver como a cena ballroom está ligada em diversas partes do país.

Outra mareense que também participou das gravações é a drag queen Preta Queen B Ru, filha da ‘House of Mamba Negra’ que é presente em pelo menos cinco estados: Distrito Federal, Goiás, Rio de Janeiro, São Paulo e Tocantins. Preta comenta a alegria de poder participar exercendo o papel de comentarista de ball (Chante Commentator). “ Poder contar a história da minha família, Mamba Negra foi muito gratificante. […] Mostrando a potência que a comunidade representa, que a comunidade hoje faz acontecer essa cultura, que eu acredito que enquanto pessoas negras, faveladas, vai chegar muito mais para as pessoas iguais a mim” finaliza. 

Nota: Legendária é um termo dado para pessoas que tem muitos troféus e um legado na cena Ballroom.

Lucas Feitoza
Lucas Feitoza
Jornalista

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