Moradores denunciam falta de água na Maré e no Rio

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O problema preocupa a população do território com mais casos de covid-19 entre as favelas do Rio

Por Thaís Cavalcante, em 18/11/2020, às 16h30
Editado por Andressa Cabral Botelho e atualizado em 03/12/2020 às 12h35

Falta água dentro da casa do mareense, assunto falado por moradores das várias favelas da Maré, na segunda semana de novembro. Segundo moradores, está faltando água em algumas favelas da Maré; em outras, o fluxo é fraco ou a água vem temporariamente.

Rafael Ferraz, morador da Baixa do Sapateiro e baixista da Banda Agona, já está em alerta desde que viu relatos da falta de água e percebeu, ao abrir a torneira, que a água está com fluxo fraco. “Já não estou lavando roupa na máquina para ver se consigo economizar. Feriado está chegando e quero ter água aqui. Comentei com meus vizinhos aqui da rua”. Uma realidade alarmante para o Conjunto de Favelas da Maré, que é o território popular com mais casos confirmados de covid-19 na cidade do Rio de Janeiro. Neste momento (03/12), são 1.970 pessoas infectadas e 163 mortes pela doença, segundo levantamento do Painel Unificador COVID-19 Nas Favelas. 

Ana Freire, moradora do Salsa e Merengue, pós-graduanda em Gestão em Saúde, sente a água mais fraca desde domingo. Ela conta que  há  moradores que sofrem mais por conviverem com esgoto a céu aberto. “Aqui temos o privilégio de ter caixa d’água e água da rua, mas esses dias ela não chegava nem no chuveiro, só à noite começou a ficar mais forte”. Ana completa, ainda: “A gente sabe que lavar as mãos e os alimentos são ações preventivas que a Organização Mundial da Saúde orientou contra a covid-19, mas muitas pessoas não têm esse privilégio”. 

Os coletivos de favelas Maré Vive, Maré 0800, Palafita 174, Papo Reto e Coletivo Marginal criaram um formulário online para que os mareenses preencham e informem em quais localidades está faltando água nos territórios . Após o mapeamento, pretendem entrar em contato com os órgãos públicos do Rio de Janeiro e fazer uma denúncia coletiva. Para preencher, clique aqui.

A falta de água tem impactado outras localidades da cidade do Rio. No Morro da Baiana, no Complexo do Alemão, moradores estão há quase um mês sem água. Com a pressão da sociedade, a Companhia Estadual de Água e Esgoto (CEDAE) criou a página “Economize água” em seu site para atualizar, diariamente, quais serão os bairros mais afetados pela falta de água.

Em comunicado da Cedae, a falta de água acontece devido ao reparo emergencial em um dos motores que bombeiam água na Elevatória Lameirão, que abastece os municípios do Rio e Nilópolis. O abastecimento de água foi reduzido em 25%. A normalização estava prevista para 17 de novembro, mas não aconteceu. Para minimizar o problema, foi criado um Plano Emergencial de Operação. A concessionária fez uma nossa promessa de que o serviço deve ser restabelecido entre os dias 15 e 20 de dezembro de 2020. 

Uma pandemia sem água

Vale lembrar que em setembro, durante a manutenção anual na Estação de Tratamento de Água (ETA) Guandu, foi identificado um vazamento no conjunto de equipamentos responsáveis pelo bombeamento de água na mesma Elevatória. Na época, a manutenção anual que duraria cerca de 12h, se tornou um reparo de dias, fazendo com que moradores da região de Campo Grande, Zona Oeste da cidade, ficassem mais de 72h sem abastecimento de água.

Para aqueles moradores que possuem cisterna ou caixa d’água, a orientação da Cedae é que usem a água armazenada e economizem água. Um pedido que não alcança a população que tem a torneira seca e já está buscando alternativas com amigos e parentes para realizar os serviços básicos do dia a dia, como tomar banho e se alimentar.

O desafio de garantir o direito à água é travado pelos moradores de favelas e áreas mais vulneráveis desde o início da pandemia global de covid-19. Em março deste ano, o Complexo do Alemão, Morro do Borel – Tijuca, Morro da Babilônia – Copacabana, Conjunto de Favelas da Maré e outras 140 localidades da cidade carioca ficaram com a torneira seca.

Como medida para minimizar o impacto do problema, as ouvidorias da Defensoria Pública e do Ministério Público criaram um formulário para mapear as localidades que estão sem água. 

Está sem água? Preencha o formulário da Defensoria Pública: http://survey123.arcgis.com/share/1c52f06ec5784460a30ebe14a0c3a574

Informe a falta d’água para a Cedae ou solicite carro-pipa, ligue: 0800-282-1195

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