Movimentos: Drogas, Juventude e Favela

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Grupo de jovens de diferentes favelas  põe em discussão as políticas de drogas afetam a vida das  periferias do Brasil

Texto feito de forma  coletiva pelos moradores : André Galdino, Aristênio Gomes,  Henrique Gomes, Karina Donaria e  Mayara Donaria

Fala, morador! Ficou sabendo o que aconteceu na Nova Holanda no dia 2 de setembro? O lançamento do “Movimentos: Drogas, Juventude e Favela”, no Centro de Artes da Maré. O Movimentos é um grupo de jovens de diferentes favelas que discute como as políticas de drogas afetam e atrapalham, diariamente, a vida de quem mora nas periferias do Brasil. O Movimentos é uma iniciativa do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania, o CESeC. Há mais de um ano esses jovens se reúnem para trocar informações e ideias sobre esse tema, em oficinas e grupos de estudo, com a presença de vários especialistas no assunto. Por que isso é importante? Por que nós, moradores de favela, temos de estar envolvidos nesse debate, uma vez que somos nós quem mais sofremos com as políticas feitas em nome da “guerra às drogas”, que na verdade é uma guerra aos pobres e pretos. Por isso mesmo, somos os mais capazes de dizer qual o melhor caminho para seguir.

O lançamento teve a presença de pessoas que trabalham com o tema e chegaram na intenção de contribuir. Na mesa, junto aos jovens do Movimentos, estava Djamila Ribeiro, filósofa e feminista negra; o professor de história e coordenador da UNEGRO Douglas Belchior; e Flávia Oliveira, jornalista. O debate rolou durante duas horas, com participação de uma plateia de mais de 300 pessoas, na sua maioria jovens, negros, de periferia, e de mais de 11mil pessoas que acompanharam o debate por meio da internet, pela página do grupo no Facebook. Ao final, um ataque poético dos Poetas Favelados, dando início às apresentações artísticas dos integrantes do Movimentos, que estão formando uma banda para difundir as ideias pela música e conseguir atingir mais gente de outra forma. Enquanto tudo isso acontecia, três projeções revelavam ao público vídeos dos encontros que aconteceram durante o processo de formação do grupo, com depoimentos dos jovens integrantes do Movimentos. Ainda, durante o processo de formação, esses jovens construíram uma cartilha informativa sobre tudo o que aprenderam e ensinaram. A cartilha, que também está disponível no site do grupo, está sendo distribuída ao público, para fazer o debate sobre drogas chegar em lugares onde dificilmente chega, nas favelas e periferias. A informação é nossa principal ’ “arma’’.

Dos 14 jovens que formam o Movimentos, cinco são moradores da Maré. André Galdino, 30 anos, morador do Parque União, foi agente de saúde durante quatro anos, é estudante de Economia e trabalha com a venda de quentinhas. Aristênio Gomes, 26 anos, paraibano e morador do Parque União desde os 8 anos de idade, é estudante de História e atua como Educador de História e Sociologia no Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré (CEASM). Henrique Gomes, 34 anos, morador da Nova Holanda, trabalha com produção musical. Há sete anos, começou a trabalhar com pesquisa nas áreas de Segurança pública e política de drogas. É pesquisador na Redes da Maré e integra a equipe do projeto “Convivências na cena na Flávia Farnese”. Karina Donaria, 22 anos, moradora do Parque União, trabalha na produtora AMaréVê, é fotógrafa e videomaker. E Mayara Donaria, 21 anos, moradora do Parque União, trabalha com comunicação, audiovisual e também faz parte do AMaréVê.

Esses jovens estão no início de um caminho que ainda é difícil trilhar no Brasil: falar sobre drogas. Debater sobre esse tema é complicado, porque existem muitos mitos e tabus, mas é necessário. Muito do que pensamos saber sobre drogas está errado, e muitas das políticas feitas não têm funcionado! Em vários lugares do mundo essa transformação vem sendo feita, e novas políticas têm dado resultados positivos – o que nunca aconteceu em mais de um século de gastos com repressão e confrontos nas favelas e periferias brasileiras. Quer saber mais? Nos procure pela favela e em nossa página. http://www.facebook.com/Movimentos2017/

http://www.movimentos.org.br/publicacoes (cartilha)

 

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