Mulheres costurando saúde

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O projeto “Tecendo Máscaras e Cuidados” vem gerando renda para mais de 50 costureiras durante a pandemia da Covid-19

Flávia Veloso

Dezenas de costureiras estão espalhadas pelo Conjunto de Favelas da Maré na missão de confeccionar máscaras de pano reutilizáveis, para proteger os moradores do novo coronavírus. A iniciativa faz parte da campanha “Maré Diz NÃO ao Coronavírus”, que já entregou milhares de cestas básicas, kits de higiene e limpeza, quentinhas para pessoas em situação de rua e máscaras. A meta é ambiciosa, mas não impossível: 200 mil máscaras para adultos e 35 mil para crianças, confeccionadas e distribuídas até o fim da campanha. A equipe do “Tecendo Máscaras e Cuidados” conta com 50 costureiras e cada uma produz 400 unidades por semana. 

A ideia começou como um teste, que de cara deu certo, como explica a assistente de coordenação da Casa das Mulheres e produtora do projeto, Mylleni Fortunato: “A Casa das Mulheres divulgou no WhatsApp e as pessoas foram indicando costureiras. Fizemos uma semana de teste com 30 costureiras no fim de abril, mas vimos a necessidade de ampliar o trabalho e conseguimos incluir mais 20. Hoje estamos trabalhando com profissionais de Marcílio Dias, Nova Holanda, Parque União, Rubens Vaz, Salsa & Merengue, Vila dos Pinheiros e Vila do João.”

Costureiras do projeto Tecendo Máscaras e Cuidados junto a Mylleni Fortunato (direita)

Uma família de costureiras

Antes de chegar nas mãos dessas 50 mulheres, o processo se inicia em uma casa, na Rua Teixeira Ribeiro, onde quatro mulheres da mesma família cortam tecidos e elásticos já no formato para a produção de 20 mil máscaras semanais. Eliane, suas filhas Bianca e Camila e sua irmã Edna foram chamadas para fazer parte do projeto, e trabalham a todo vapor de segunda a sexta.

Edna, que foi a primeira da família a ser contatada pela Casa das Mulheres, trabalhava como costureira para uma empresa de Nova Iguaçu. Com o início da pandemia, não só ela, mas todas as mulheres da família tiveram suas rendas impactadas negativamente. Ela se vê incerta sobre o futuro, pois as empresas para as quais prestava serviço faliram ou não estão contratando, mas diz que a geração de renda que o “Tecendo Máscaras e Cuidados” trouxe durante a pandemia tem sido um alívio.

Costura como terapia

As amigas Luiza e Martinha, encontraram na produção das máscaras uma distração durante a pandemia

Na rua em frente ao ponto de corte, moram duas costureiras que fazem parte do projeto: Luiza, que é mãe de Edna e Eliane, e a amiga Martinha. Além da ajuda financeira, o serviço de costura tem servido de terapia para as duas amigas, como fala Luiza: “Com a pandemia, a gente fica presa, sem poder sair, com os nervos à flor da pele. Agora, nós estamos nos entretendo dentro de casa.”

Até o marido de Luiza tem colocado a mão na massa para ajudar na confecção. Em um vídeo gravado pela esposa, Cícero marca as dobras do tecido, deixando no formato certo para a costura.

Já especialistas em máscaras de proteção, a família de costureiras viraram também fiscais de como usar e lavar o objeto. “Ei, a máscara é para cobrir nariz e boca, não o queixo!”, alertou a costureira Edna a um amigo que passava na rua usando a máscara no local errado do rosto.

Nas três semanas de “Tecendo Máscaras e Cuidados”, o projeto já conseguiu entregar 25.500 máscaras de proteção aos moradores da Maré, e é importante para a saúde de todos os moradores que cada um as use corretamente.

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