O Museu Virtual conta a história da Maré, de bairros da cidade e pretende pesquisar outras favelas
O Museu Virtual Rio Memória lançou nesta terça-feira (3) a galeria Rio de Marés que reúne uma curadoria de textos e imagens da história do Conjunto de Favelas da Maré. O evento de lançamento aconteceu no Galpão Ritma onde representantes da iniciativa e pesquisadores falaram sobre a produção.
A Redes da Maré participou com apoio nas pesquisas para elaboração da galeria. A diretora da ONG, Eliana Silva abriu a inauguração falando sobre a importância do registro e de mostrar a história e identidade dos mareenses e como se sente parte da história. “A gente sabe da importância da gente tá registrando e mostrando como as pessoas chegaram aqui e suas identidades. Como uma pessoa que cresceu aqui na Nova Holanda pra mim é muito importante fazer parte dessa reconstrução e da busca dessas memórias” afirma.
A coordenadora do eixo Arte Cultura Memórias e Identidades da Redes, Pamela Carvalho pontua que a organização trabalha baseando suas iniciativas em torno dos direitos e destaca a importância da memória para a construção dos direitos à cidade. “Para a gente é muito importante ter uma galeria que coloque a Maré no centro do debate sobre Memória”
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A história contada de dentro
A idealizadora do Rio Memórias, Lívia de Sá Baião, de 58 anos, conta que a iniciativa busca mostrar “a história que não é contada” […] O Rio Memórias se propõe a registrar, divulgar e valorizar as histórias das cidades”.
Lívia explica também que a história da Maré não foi contada dividindo o bairro por favelas mas sim por sessões. Destacou os depoimentos dos moradores onde são contadas as próprias histórias e sua relação com a formação do bairro. “A gente acha que é assim que se conta a história de uma cidade, não é uma pessoa de fora contando” Sá Baião conta ainda que a tendência é incluir mais informações ao longo do tempo, já que a pesquisa não parou.
Construção do futuro através do passado
A pesquisa para a construção da galeria foi feita por Dani Figueiredo, de 28 anos, Tainara Amorim, de 27, ambas estudantes de história da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e Aristenio Gomes, de 32 anos, mestrando em História das Favelas na Universidade do Rio de Janeiro (UERJ). Os três moradores da Maré compartilham o questionamento da ausência da história das favelas.
Durante a conversa sobre o lançamento da galeria os pesquisadores comentaram que as principais informações são de entrevistas e acervos de moradores das 16 favelas, além de consulta a documentos públicos. Entre as dificuldades os pesquisadores destacam encontrar dados públicos uma vez que muitos não se cruzam com as informações passadas pelos moradores.
Aristenio, pontua ainda o apagamento da historia da população empobrecida e a importância do Rios de Marés já que “muitos só conhecem até a história dos seus avós”. Falando também sobre sua trajetória com a história da Maré o mestrando afirma que “lidar com a história coletiva da Maré foi a solução para a minha falta de identidade”.
O jornalista Hélio Euclides, de 48 anos, que faz parte do Maré de Notícias desde a primeira edição do jornal e é cria da Nova Maré, foi um dos entrevistados para a pesquisa. Para ele pensar na história é importante para a construção de narrativas. “Quando a gente vai lá atrás a gente consegue construir o presente e o futuro” pontua.