Apesar dos órgãos envolvidos dizerem que a maioria das casas estão desocupadas, moradores perderam imóveis
Nesta terça-feira (13) a população mareense já contabiliza a 23ª operação policial. Se o ano acabasse agora, poderíamos contar cerca de duas a três operações por mês. Equipes do Comando de Operações Especiais (COE) da Polícia Militar atuam com o Ministério Público e a Polícia Civil no Parque União e na Nova Holanda, desde as primeiras horas desta manhã.
A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Obras Públicas (SEOP) que participa da ação, informou em nota que está realizando a demolição de um condomínio com mais de 40 construções irregulares. Apesar de detalhar duas casas luxuosas, não informou sobre as outras 38 moradias.
Questionados como estavam as demais construções, se tinham moradores nas casas e se o órgão fez algum trabalho em conjunto com a Secretaria de Assistência Social para auxiliar os moradores, a SEOP diz que havia uma equipe da Secretaria de Assistência Social na operação para atendimento das famílias. No entanto, a Secretaria Municipal de Assistência Social disse, em nota ao Maré de Notícias, que não foi acionada para a mobilização.
Ainda sobre as construções irregulares a SEOP diz que “todas as construções foram notificadas na vistoria que aconteceu no início de julho, e que 90% das construções estavam desabitadas”.
Nas redes sociais circula um vídeo de uma das moradoras que perdeu sua casa. Em um comentário ela relata: “Triste, passei anos da minha vida me abdicando, trabalhando para construir minha casa, para eles virem e derrubarem assim? Nessas filmagens só o que vejo são moradores que trabalharam e ralaram por anos para terem algo.”
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Dia útil perdido
Escolas sem aulas, clínicas da família com atendimentos interrompidos, pela 23ª vez. Novecentos alunos da Maré, que estudam na rede estadual de ensino ficaram sem aula nas escolas do bairro. Em nota, a Secretaria Estadual de Educação informou que os dias letivos serão repostos para amenizar os prejuízos pedagógicos dos alunos devidos as operações.
Na rede municipal novamente 22 escolas ficaram sem aulas. De acordo com informações apuradas pelo Eixo Direito a Segurança Pública e Acesso a Justiça da Redes da Maré, um total de 8 mil alunos ficaram sem aulas nesta terça-feira (13).
A Secretaria Municipal de Educação informoui em nota que para minimizar os impactos da violência os estudantes podem contar com a plataforma RioEduca, um material online com videoaulas e material extra com conteúdos e exercícios para todos os segmentos.
Clínicas da Família sem atendimento
O volume de policiais e carros blindados no território assustaram os moradores que têm vivido as consequências diárias dessas ações. Os resultados têm girado em torno de danos ao patrimônio, invasões domiciliares e uma população sem acesso integral à saúde, educação e direito de ir e vir.
A Clínica da Família (CF) Jeremias Moraes da Silva acionou o protocolo de acesso mais seguro e, para segurança de profissionais e usuários, suspendeu o funcionamento na manhã desta terça-feira (13).
Já a CF Diniz Batista dos Santos manteve o atendimento à população. Entretanto suspendeu as atividades externas realizadas no território, como as visitas domiciliares.
Como o MP recebe denúncias de operações que conduz?
O Ministério Público (MP) realiza um plantão especial em dias de operação para receber denúncias, entretanto a nota da Polícia Militar enfatiza a participação do MP na operação desta terça-feira (13).
O Ministério Público informa através de nota no site oficial, encaminhada para o Maré de Notícias, que o Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (GAECO/FT-OIS) atuou de forma conjunta com a SEOP. Questionamos como o MP pode receber denúncias de operações que está envolvido, a assessoria de comunicação do orgão informa apenas o número do plantão especial realizado: (21) 2215-7003 ou também pelo e-mail [email protected].
O Maré de Notícias segue acompanhando os desdobramentos da operação e recebe informações pelas redes sociais e WhatsApp (21) 97271-9410. O Maré de Direitos, projeto do eixo Direito à Segurança Pública e Acesso à Justiça, da Redes da Maré, acolhe situações de violações de direitos no WhatsApp (21) 99924-6462 e também nos equipamentos da organização.