Nilcéa Freire

Data:

A Redes da Maré lamenta profundamente o falecimento de Nilcéa Freire ocorrido no último sábado, 28/12/19, em sua casa. Ela deixou um legado de luta incansável em defesa da democracia, dos direitos humanos e, especialmente, de defesa dos direitos das mulheres e das minorias.

Nilcéa Freire enfrentou muitas adversidades em nome do combate às desigualdades no Brasil. Durante a ditadura civil-militar (1964-1685) foi ameaçada e teve de se exilar no México entre 1975-1977. De volta ao país, Nilcéa continuou sua luta em prol da redemocratização e da construção de uma sociedade mais justa.

Médica, professora e pesquisadora da UERJ, Nilcéa foi a primeira mulher a se tornar reitora dessa universidade em 2000. Em sua gestão implementou o sistema de cotas que contribuiu para democratizar a UERJ ao dar a oportunidade para alunos negros e pobres de frequentar a universidade. Não é exagero afirmar que se o sistema de cotas conseguiu consolidar-se como uma das políticas públicas mais importantes do Rio de Janeiro e serviu de exemplo para todo o Brasil isso se deve, em grande parte, à coragem e à persistência de Nilcéa.

Ela também foi ministra nos governos Lula entre os anos de 2004 e 2011, sendo responsável pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres. Durante sua gestão foi realizada a I Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, em 2004, e o Plano Nacional de Políticas para as Mulheres. Nilcéa foi fundamental também para a criação da Lei Maria da Penha, do disque 180 e do Pacto de enfrentamento da violência contra a mulher. Todas essas ações consolidaram sistemas de proteção para as mulheres e colocaram o debate sobre a violência e o desrespeito aos direitos das brasileiras, em especial das mulheres pobres e negras, na ordem do dia.

Feminista, intelectual, pioneira e engajada na vida política e social, Nilcéa também atuou junto a instituições da sociedade civil, como a Fundação Ford, e desenvolveu uma série de ações que fortaleceram o campo democrático na luta contra todas as formas de violência e desigualdades.

Nilcéa foi uma mulher que contribuiu de modo singular para o trabalho da Redes da Maré quando nos convidou a ser parte do FOPIR (Fórum Permanente pela Igualdade Racial), uma articulação de instituições que lutam, de forma coletiva, contra o racismo. Por isso e por tudo que foi dito acima, apesar da imensa tristeza, agradecemos imensamente seus ensinamentos e seu inestimável legado.

Nos solidarizamos com os amigos, familiares e com todos e todas que admiravam o ser humano extraordinário e a lutadora incansável por um mundo melhor e mais justo. Nilcéa vive dentro de cada uma e um!

Tecedoras e tecedores da REDES da Maré.

Compartilhar notícia:

Inscreva-se

Mais notícias
Related

Por um Natal solidário na Maré

Instituições realizam as tradicionais campanhas de Natal. Uma das mais conhecidas no território é a da Associação Especiais da Maré, organização que atende 500 famílias cadastradas, contendo pessoas com deficiência (PcD)

A comunicação comunitária como ferramenta de desenvolvimento e mobilização

Das impressões de mimeógrafo aos grupos de WhatsApp a comunicação comunitária funciona como um importante registro das memórias coletivas das favelas

Baía de Guanabara sobrevive pela defesa de ativistas e ambientalistas

Quarenta anos após sua fundação, o Movimento Baía Viva ainda luta contra a privatização da água, na promoção da educação ambiental, no apoio às populações tradicionais, como pescadores e quilombolas.

Idosos procuram se exercitar em busca de saúde e qualidade de vida

A cidade do Rio de Janeiro tem à disposição alguns projetos com intuito de promover exercícios, como o Vida Ativa, Rio Em Forma, Esporte ao Ar Livre, Academia da Terceira Idade (ATI) e Programa Academia Carioca