O cuidado permanente para quem tem Diabetes

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O Rio de Janeiro é campeão brasileiro de pessoas que sofrem com a doença

Jorge Melo

Você tem sede constante, mas a boca continua seca? Vontade frequente de urinar? Se cansa rapidamente? Sente fraqueza? Seu apetite aumentou?  Então está na hora de fazer exames de sangue.  Você pode estar com diabetes tipo 2, a mais comum entre os brasileiros, responsável por 90% dos casos da doença.  No entanto, mesmo sem esses sintomas, é bom fazer exames de sangue regularmente e monitorar a glicose, principalmente se você já passou dos 45 anos.

O exame mais adequado é o de glicemia, que deve ser feito em jejum.

A necessidade dos exames aumenta se você registrar colesterol alto, estiver acima do peso, com a gordura se concentrando em torno da barriga, ou tiver pressão alta. Segundo Cláudia Ramos, médica da família e coordenadora das Linhas de Cuidado das Doenças Crônicas Não Transmissíveis, da Prefeitura do Rio de Janeiro. “A diabetes, em muitos casos, não apresenta sintomas e por isso muita gente nem sabe que tem a doença”. Existe no mundo, segundo dados da Federação Internacional de Diabetes, 425 milhões de pessoas com a doença. E muitas delas não sabem disso.  No Brasil, cerca de 50% de pessoas com diabetes não sabe que tem a doença. As grávidas também devem ficar atentas. O Brasil é o quarto país com as maiores taxas de Diabetes Gestacional (DMG), ou seja, diabetes durante a gravidez. Os fatores de risco são: mais de 35 anos de idade; sobrepeso ou obesidade; histórico familiar de diabetes, entre outros. No entanto, se a gestante faz o pré-natal, a diabetes pode ser detectada rapidamente e o tratamento é iniciado.

Dona Luzia Baldino mede a glicose diariamente, cuida da alimentação e faz uso de medicamentos | Fotos: Elisângela Leite

O tratamento da diabetes 2 não é complicado, mas precisa ser levado a sério

Dona Luzia Balbino tem 76 anos e há dez descobriu que era diabética, num check-up realizado no Hospital Universitário Clementino Fraga, da UFRJ-Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde muitos moradores da Maré buscam atendimento médico. Dona Luzia tinha pressão alta, que é um dos indicativos da diabetes, mas não o único.

Ela seguiu as orientações médicas e levou a sério o tratamento. Hoje está com as taxas estabilizadas e com a doença sob controle. Ela toma regularmente insulina e a medicação prescrita pelo médico; mantém uma dieta com legumes, folhas, carnes magras e pouco carboidrato e seleciona as frutas que consome, algumas não são tão boas para quem tem diabetes, “uma vez ou outra eu saio da dieta, que ninguém é de ferro, mas não pode ser muito, porque essa doença não é fácil, não se pode brincar com ela”, diz dona Luzia.

A diabetes é uma doença crônica. Não tem cura. É popularmente conhecida como açúcar no sangue e precisa ser controlada com remédios, dieta e atividades físicas. É silenciosa e se não for cuidada adequadamente pode ser mortal ou causar sérios danos, como insuficiência renal, cegueira ou impotência sexual.

De acordo com a Organização das Nações Unidas, 70% das amputações realizadas no Brasil são decorrentes da diabetes. São 55 mil casos por ano. Um número que parece pequeno em relação à população brasileira, de 207 milhões de habitantes, mas não é.

Segundo Cláudia Ramos, “a identificação da doença e acompanhamento podem ser feitos nos Centros Municipais de Saúde ou Clínicas da Família”.  Na Maré existem sete Centros Municipais de Saúde: Américo Veloso, na Praia de Ramos; Hélio Smidt, no Parque Rubens Vaz; Parque União; Nova Holanda, que funciona no CIEP Elis Regina, Samora Machel, no Parque da Maré, João Cândido, em Marcílio Dias e Vila do João. E as Clínicas da Família, Augusto Boal, no Morro do Timbau; e Adib Jatene, na Vila dos Pinheiros.

Luzia Balbino, por exemplo, faz o acompanhamento da diabetes na Clínica da Família Adib Jatene, onde é regularmente examinada e recebe as requisições para os exames necessários: “o atendimento lá é excelente, não posso reclamar de nada; o médico que me atende é muito bom, atencioso e humano; sabe ouvir, não vê a gente só como paciente, dá atenção e isso é muito importante” – elogia dona Luzia.

Um título que preocupa

O Rio de Janeiro é a cidade com o maior número de diabéticos do País, com 10,4 casos por 100 mil habitantes, segundo pesquisa do Ministério da Saúde. A pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas Por Inquérito Telefônico é realizada desde 2006, em 26 capitais brasileiras. A mesma pesquisa revelou que a diabetes atinge mais as mulheres que os homens: 9,9% das mulheres brasileiras são diabéticas. Os homens são 7,8%.

No Brasil, mais de 14 milhões de pessoas sofrem com a doença, segundo levantamento da Sociedade Brasileira de Diabetes. Esse número preocupa as autoridades. A pesquisa do Ministério da Saúde revelou que o número de pessoas com diabetes aumentou 61,8% em 10 anos, de 2006 a 2016.

E uma das razões é a má alimentação, aliada ao sedentarismo. Gorduras, refrigerantes, bebidas alcóolicas e massas em excesso, assim como alimentos processados são os vilões, “A obesidade é um fator de alto risco”, afirma Claudia Ramos.

Na Maré, existem dois núcleos do Programa Academia Carioca que atuam no CMS Vila do João e na CF Augusto Boal, com cerca de 600 alunos inscritos. As atividades físicas, orientadas por professores especializados, são realizadas como suporte ao tratamento médico dos pacientes, em especial aqueles com quadros de doenças crônicas, como hipertensão e idosos. Segundo Cláudia Ramos, “nesses núcleos, quem tem diabetes tem mais um elemento do tratamento que é a atividade física direcionada”.

Herança genética

A diabetes tipo 1 é diferente, em geral é diagnosticada na infância. É de origem genética, ou seja, herdada do pai ou da mãe. Entre 5% e 10% das pessoas possuem o tipo 1 de diabetes. O diabetes tipo 1 é a segunda doença crônica mais frequente na infância. No entanto, apenas 50% dos casos são diagnosticados antes dos 15 anos.

O tratamento para a diabetes tipo 1 é feito com o uso diário de Insulina, comprimidos ou injeções.  Além disso, é importante fazer uma alimentação isenta de açúcar e com baixo teor de carboidratos, como pão, bolo, arroz, macarrão, biscoitos e algumas frutas, assim como praticar exercícios físicos leves (caminhada, corrida ou natação), pelo menos 30 minutos, de 3 a 4 vezes por semana.

O tratamento para diabetes tipo 1 ajuda a evitar o surgimento de complicações como dificuldades na cicatrização, problemas de visão, má circulação sanguínea ou insuficiência renal.

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